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segunda-feira, 30 de maio de 2016

P-266 (NOTAS DE LEITURA) HISTÓRIA DE PORTUGAL EM SEXTILHAS Por: Manuel Maia ex. Fur. Milº da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4610 - Guiné - Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine 1972/74


(…) Caduca a união, já tão cansada,
À ala liberal vai dar entrada
Visando esta, regime amolecer.
E Julho, vinte e sete de setenta
Verá morrer estadista que ostenta,
Maior longevidade no poder…

Nesse ano, surgirá Veiga Simão
Chamado a dirigir a educação
Na ‘esperança d’acalmar os estudantes.
Setenta e quatro, Abril, verá chegar
Revolta com um cunho militar
e… nada ficaria como dantes…
Nota do Editor:
Esta obra pode ser adquirida directamente ao autor enviando E-mail para:  oliveiramaiajun50@gmail.com ou pelo TM: 937 574 140
O custo: 15€ mais portes do correio

Sousa de Castro (SdC)
Maio 2016


quarta-feira, 25 de maio de 2016

P265 - Ex. SOL. CARLOS CARRILHO ALBERTO, DA CCAV 3463 DO BCAV3869, GUINÉ - PICHE 25SET71/22DEC73, RECEBE A MEDALHA COMEMORATIVA DAS CAMPANHAS DA GUINÉ COM 43 ANOS DE ATRASO

1972
2016


1. Ex. Sol. Carlos Carrilho Alberto, mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 3 (RC3 Estremoz), embarcou para a Guiné no dia 25 de Setembro de 1971 para cumprir a sua comissão, ao serviço do Estado Português em Piche, zona Leste da Guiné, regressou no 22 de Dezembro de 1973. Foi em rendição individual tendo ficado adido à CCAV 3463 do BCAV 3864.
2. Esperou 43 anos para que lhe entregassem a medalha Comemorativa das Campanhas e Comissões de Serviços Especiais.
A cerimónia ocorreu na Escola de Serviços na Póvoa de Varzim. no dia 24 de Maio de 2016.

Diz com orgulho; Hoje na Escola de Serviços, na Póvoa de Varzim, recebi a medalha comemorativa das campanhas de Guiné onde fui recebido com muito carinho pelos oficiais, sargentos e praças.

Grato a todos!



Notas do Editor:

Vd. Postes:

https://cart3494guine.blogspot.pt/2013/06/p182-finalmente-recebi-hoje-25jul2013.html

https://cart3494guine.blogspot.pt/search?q=medalha

https://cart3494guine.blogspot.pt/2013/12/p194-x-medalha-comemorativa-das.html


P264 - A CANQUELIFÁ DA CCAÇ 3545 [1972-1974] E OS ACONTECIMENTOS DE JANEIRO DE 1974 - A MORTE DO RANGER PINTO SOARES [FUR OP ESP] - Por: Jorge Araújo


Camarada Sousa de Castro

Os meus melhores cumprimentos.

A pretexto da publicação do P16098 da Tabanca Grande, versando o tema relacionado com a actividade de guerrilha do PAIGC na região de Canquelifá no início de 1974, tomei a iniciativa de nele participar com mais algumas informações. Como tive de recorrer a citações extraídas de documentos oficiais, que na época eram confidenciais, algumas delas já publicadas no nosso Blogue, aqui tens, para o alinhamento possível, esse meu texto.

Obrigado.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

Mai’2016
  1. INTRODUÇÃO
Na sequência do que li na última publicação relacionada com o PERINTREP 12/74 [P16098-LG], aqui trazido pelo camarada Nuno Rubim, Cor Art Ref, onde são relatados (alguns) factos e feitos da actividade operacional do PAIGC, com destaque para as suas acções bélicas sobre Canquelifá e territórios circunvolventes, no período de 17 a 24MAR1974, tomei a iniciativa de juntar outros subsídios para o aprofundamento da historiografia da guerra, no geral, e da CCAÇ 3545/BCAÇ 3883 (1972/1974), no particular.
Uma vez que não conheci aquela região, e o local mais próximo onde estive foi em Nova Lamego [duas horas!], não poderei acrescentar nada de importante quanto à logística e/ou à evolução da problemática militar naquele contexto, ainda que compreenda as dificuldades por que passaram os camaradas que viveram, conviveram e sobreviveram, durante os últimos quatro meses da sua comissão, naquele inferno de terra queimada, conforme se infere da observação das imagens já divulgadas no blogue, como é o exemplo seleccionado.


Notas do Editor:

Vd. Poste de 21 de Janeiro de 2012: https://cart3494guine.blogspot.pt/2012/01/p-139-situacao-militar-no-teatro-de.html

terça-feira, 24 de maio de 2016

P263 - NAJA EMBOSCADA NO XIME EM CAMA DE FURRIEL DA CART 3494… TEVE UM FIM TRISTE E DRAMÁTICO (Jorge Alves Araújo)


1. Mensagem do nosso principal contribuidor do blogue, camarada d'armas, Jorge Alves Araújo com data de 23MAI2016

Caríssimo Camarada Sousa de Castro

Os meus melhores cumprimentos.

Eis mais uma narrativa histórica para o nosso Blogue e para recordar no XXXIEncontro/Convívio da nossa CART 3494, a ter lugar no próximo dia 11 de Junho, em Arcozelo.

Não será certamente o único episódio que estará em cima da mesa, uma vez que são muitos e diferentes aqueles que constam no nosso currículo gravado ao longo de mais de dois anos no CTIGuiné.

Não se esqueçam de procurar fotos com história, para mais tarde recordarmos.

Até lá… com um forte abraço de amizade. 

Jorge Araújo.

MAI’2016.


terça-feira, 17 de maio de 2016

P 262 - (CONVÍVIOS) A CART 3494 ESTÁ MOBILIZADA PARA SE APRESENTAR NO DIA 11JUN2016 NO PARQUE DE SANTA MARIA DE ADELAIDE EM ARCOZELO - VILA NOVA DE GAIA. ACÇÃO: XXXI ENCONTRO ANUAL; CONCENTRAÇÃO 10,30 HORAS

XXXI CONVÍVIO ANUAL DA CART 3494 NO DIA 11 DE JUNHO DE 2016 EM ARCOZELO - VILA NOVA DE GAIA


Os organizadores desde já agradecem a vossa presença em mais um grande convívio de ex. Combatentes, amigos, camaradas d'armas e seus familiares. Contamos com todos vocês em mais um ano passado das nossas vidas e ao mesmo tempo comemorar o quadragésimo segundo aniversário do nosso regresso para junto das nossas famílias.
Assim sendo, achamos que a tua presença é muito importante para todos nós. Mobiliza-te para este grande dia, partilha as tuas recordações, revive não só os maus, mas sobretudo os bons momentos passados na Guiné, no Xime e em Mansambo, ao serviço do Estado Português.

A Comissão:

António Júlio Peixoto e Manuel Guedes Ferreira

Agradecemos confirmação até ao dia 05 de Junho de 2016 impreterivelmente.

Contactos:

Manuel Guedes Ferreira: Tel. 913 048 622 ou 227 320 157

António Júlio Peixoto: Tel. 917 525 770 ou 227 621 578



Peixoto e Ferreira - Mansambo 1973
Organização de: Peixoto e Ferreira (Actual)

Programa


10,30 horas: Concentração no Largo, Parque de Santa Maria de Adelaide, em Arcozelo - Vila Nova de Gaia
Santa Maria de Adelaide, Arcozelo - Vila Nova de Gaia
Endereço Concentração:
Santa Maria de Adelaide
Avenida da Igreja
4405 Arcozelo - Vila Nova de Gaia
Coordenadas:
41º3'39.67" N
8º34'55.93"W


Mapas para quem vai do Norte e do Sul (carregar na foto para ampliar)


 
 12,00 Horas: Saída em caravana auto para o Restaurante CASA DOS CIPRESTES em Arcozelo
Endereço Restaurante:
Restaurante Casa dos Ciprestes
Rua das Grades Verdes, Nº. 420
4410-412 ARCOZELO VNG
Coordenadas:
41º4'1.00" N
8º37'21.41" W

              
Menu
Pão
Paté
Salgadinhos
Bola de Carne
Azeitonas
 Queijo
 Chouriço
 Creme de legumes
 Bacalhau lascado com broa
 Rancho à Tropa
 Doces
 Fruta
 Bolo de confraternização
 Café
Digestivos
 Vinhos - Bebidas
 Vinho da casa: maduro ou verde; tinto ou branco
 Água
 Refrigerantes
 Champanhe

 PREÇO
 Adultos: 22,50€ P/pessoa
 Crianças dos 5 aos 10 anos: 10,00€

Obs.: Restaurante equipado com zona verde, sala para crianças e parque automóvel



terça-feira, 10 de maio de 2016

P261 - AS TRANSMISSÕES NA GUERRA COLONIAL DA GUINÉ (Autoria da Comissão da História das Transmissões) Publicado na "Revista Militar" Nº 2513/2514 - Junho/Julho de 2011

As Transmissões Militares na Guiné


(...) Quando em 1962 o capitão Garcia dos Santos chegou a Bissau para comandar um Destacamento do STM, não havia no Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG)
nenhum oficial de transmissões. O responsável dos assuntos de transmissões no QG era o capitão Castelo da Silva, de Artilharia, que chefiava a CHERET (Chefia do Reconhecimento das Transmissões).

O capitão Garcia dos Santos passou a chefiar o STM e o capitão Marques Esgalhado, em 1963, veio superintender as transmissões de campanha. A Delegação e o Destacamento do STM eram constituídos por 70 homens, sendo um capitão, seis sargentos e 63 praças. Foram estes os pioneiros das transmissões na Guiné, quando a guerra estalou em 1963.

(...) No que se refere ao fornecimento de equipamentos rádio para redes fixas a cargo dos sectores, batalhões e companhias, foram distribuídos equipamentos excelentes, como o MARCONI H-4000 (de tipo civil) e os RACAL TR-15 e RT-422. (...)
- Emissor-Receptor de HF Racal TR-15.
Não tiveram, porém, tarefa fácil, porque as características do território, pequeno e quase plano, aconselhavam o uso de meios de VHF, que eram mais escassos e em pior estado que os de HF.
O capitão Garcia dos Santos tinha como missão, não só montar as redes de acordo com o plano fixado no trabalho do major Costa Paiva, mas também fazer a ligação a Lisboa e montar redes de feixes e a rede telefónica automática dentro de Bissau.

No âmbito desta vasta missão, e antes de partir para a Guiné, deslocou-se a Cabo Verde acompanhado de dois sargentos, um radiotelegrafista e outro radiomontador (Lopes e Amador) para montarem a ligação com Lisboa através de um emissor-receptor E/R RCA de quatro canais com amplificador de um Kw, com mastros CTH de antena montada em X.

A instalação foi feita no aquartelamento de uma bateria de Artilharia na Ilha do Sal. Logo que regressou a Lisboa seguiu por via aérea a juntar-se ao seu Destacamento, que já partira por via marítima.

No início da guerra, o Destacamento do STM teve de arcar com as missões que deveriam caber a outros órgãos. Mas, em 1967 já existia um Pelotão de Reabastecimento e Manutenção destinado às transmissões de campanha que, com os elementos de apoio logístico para o pessoal, veio a transformar-se em companhia.
Chave de transmissão código morse

Foi ainda criada outra companhia, a Companhia de Transmissões Independente, subordinada ao QG, que se destinou a dar apoio às operações em pessoal e material, incluindo o envio de viaturas de transmissões para os CAOP (Comando de Agrupamento operacional), COP (Comando Operacional) e COT (Comando Operacional Táctico). Esta Companhia de Transmissões tinha, além de um Serviço de Som, também missões de
Escuta sobre as quais reportava directamente ao Palácio do Governador, com conhecimento ao Comando-Chefe. Mais tarde, em 1971, foi constituído o Agrupamento de Transmissões (Agr Tm) que englobou esta Companhia, o Pelotão de Reabastecimento e Manutenção e o Comando das Transmissões. A este agrupamento foram atribuídas instalações próprias, com grandes pavilhões ao estilo colonial.



 Emissor/Receptor de HF AN/GRC-9



Emprego Táctico e Apoio Logístico das Transmissões na Guiné


As ligações fixas do CTIG passaram para a responsabilidade do Destacamento do STM e, como as localidades onde se situavam as unidades principais e os comandos operacionais tinham já estações do STM, as redes para os servir e encaminhar o seu tráfego eram exclusivamente encargo do STM.


Com o destacamento das viaturas de Transmissões para os comandos operacionais, a Companhia de Transmissões passou a ter intervenção em permanência.
- Ligações rádio na Guiné.

Na Guiné havia uma salutar e útil ligação do pessoal de Tm às operações em curso, assim como interesse pelas condições de instalação e funcionamento das Transmissões das unidades de quadrícula. Esta ligação era importante, quer a estabelecida pelo pessoal de manutenção quer pelo oficial de operações de Transmissões do CmdTm, pois assim se melhoravam práticas e se antecipavam necessidades.

As ligações terra-ar e terra-mar eram asseguradas por um variado leque de materiais e equipamentos, nem sempre tão eficazes como seria desejável.

Também o apoio logístico operacional de material de transmissões era relativamente deficiente, isto apesar de haver, primeiro um pelotão, e depois uma Companhia de Manutenção e Reabastecimento, sempre muito bem guarnecidos de técnicos, e de haver em cada Batalhão um radiomontador com os seus ajudantes de mecânicos. Esta Companhia tinha um Destacamento Avançado em Bafatá que apoiava toda a zona Norte e Nordeste.

A razão fundamental para que assim acontecesse tinha a ver com a existência de uma grande multiplicidade de tipos de equipamentos e de procedências, agravada, depois, com o facto de não haver mercado local devidamente abastecido em peças e sobressalentes. Isto fazia depender a prontidão das reparações dos pedidos que eram feitos para Portugal, onde os tempos de requisição eram muito elevados. É de considerar também a prática da requisição injustificada ou excessiva, para auto-armazenamento.

Actividades importantes desempenhadas pelas Transmissões na Guiné foram também as de apoio de som, que acompanhava sempre as deslocações do general Spínola, e as de Escuta e Guerra Electrónica, conduzidas em 1971/73 pelo capitão José Tavares Coutinho.

Havia também um Centro que funcionava 24 horas por dia com escuta permanente às rádios do Senegal e Guiné-Conakry, com traduções permanentes, escutas às redes do PAIGC também com tradução sempre que necessário e radiolocalização em helicóptero.
Foi o único teatro de operações até hoje onde este tipo de acção foi feita pelas
Transmissões, com resultados reais. Eram enviados relatórios bi-diários ao ComandoChefe, com relatos dos noticiários e outros considerados relevantes. Foi dali que foram recebidas as primeiras notícias sobre a operação “Mar Verde”, directamente de Conakry, em 1970.



A Fase Dura da Guerra na Guiné, 1972-74


A guerra na Guiné foi a mais dura dos três teatros de operações. As batalhas hoje conhecidas pelos “Três G”: Guileje, Gadamael e Guidaje, foram exemplos disso.
Neste período, o comandante do Agrupamento de Transmissões (Agr Tm) era o tenentecoronel Mateus da Silva. O Agr Tm tinha uma Companhia TSF, comandada pelo capitão José Tavares Coutinho, depois rendido pelo capitão Daniel Ferreira, e uma Companhia de
Reabastecimento e Manutenção de Material de Tm (CRMMTm), comandada pelo capitão Rogério Nair dos Santos. Dava também apoio logístico à Delegação do STM, chefiada pelo capitão António Pinho de Almeida, sendo seu adjunto o tenente Félix, que dependia tecnicamente da Chefia do STM em Lisboa. Esta dualidade de dependências criou frequentemente situações de atrito quando tinha que se exercer acção disciplinar. Os pergaminhos do STM levavam sempre este a perspectivar tecnicamente as infracções disciplinares, chamando a si a respectiva competência.

O tenente Armando Praça, durante o estágio de seis meses em 1973, foi destacado para a região do Cantanhês, no Sul, onde o PAIGC exercia o seu maior esforço. Regista-se que a sua acção foi de grande coragem, pois chegou a repor instalações danificadas pelo fogo, ainda antes de acabar a flagelação, o que lhe valeu um louvor do Comando Militar de Bissau.

Emissor-Receptor Racal TR-28, origem Sul-Africana.

Em 1973, substituíram-se os últimos rádios AN/GRC-9 pelos RACAL TR-28, nas redes HF. No entanto, as comunicações tácticas no teatro de operações eram, sobretudo, de VHF, dada a pequenez do território e as curtas distâncias que separavam as Unidades. Em instalações fixas eram usados rádios AN/PRC-10, já muito velhos, e os IRET PRC-239 com antenas RC-292 (com plano de terra) em mastros CTH de cerca de nove metros.

Ligavam-se com estes meios os rádios portáteis AVP-1 e IRET PRC-236. As comunicações de VHF só eram perturbadas pelas árvores de grande porte e pelas matas, já que o território é quase plano (máxima elevação de cerca de 300 metros na região sul) e, naturalmente, pela linha de vista.

Nas Instruções de Aperfeiçoamento Operacional (IAO), a que eram submetidas as unidades antes de irem para o seu destino, normalmente realizadas no Campo Militar do Cumeré (a cerca de 50 km de Bissau), eram dadas indicações práticas de uso dos meios e também soluções expeditas como a de se aproveitarem as construções das formigas baga-baga (com alguns metros de altura) para melhorar as comunicações com a base. O E/R AVP-1 não era operado por especialistas de transmissões e era necessário explicar que, em caso de ligação com os meios aéreos (terra-ar), não se devia apontar a antena ao aéreo mas sim colocá-la a 90 graus, tão frequente era este erro de uso.
Emissor-receptor em VHF AVP-1

A pergunta mais frequente dos quadros que já tinham estado em Angola ou Moçambique era porque é que os Racal, que tão bem respondiam nestes territórios, não tinham grande aplicação na Guiné. Efectivamente, a Guiné, pela sua pequenez não se ajustava à filosofia de propagação em HF. A onda de solo amortecia rapidamente devido à floresta, que sempre se colocava em qualquer direcção e, vencida a zona de silêncio, estava-se já perante distâncias superiores a 100 km só ultrapassáveis com onda reflectida na ionosfera, apenas usada nas comunicações entre escalões superiores a Companhias, ou seja CAOP’s ou COP’s ou destes com o Comando-Chefe em Bissau, ou seja, em ligações de carácter estratégico e não táctico que era o terreno da guerra.

Naquela zona do globo o forte ruído atmosférico provocava um acentuado “fading” (atenuação) na propagação ionosférica e, por último, mas não o menos importante, a fronteira estava logo ali, eventualmente com as respectivas escutas de comunicações deste tipo. Sabia-se já, aliás, que o PAIGC possuía rádios russos de HF (P-104M), semelhantes aos AN/GRC-9. Há um exemplar destes no Museu das Transmissões, capturado em 1968.
Um dos problemas que se colocava aos operadores de transmissões era a ocupação de uma mão para o uso do AVP-1 que, não só impedia o manejo de uma arma, mas também dificultava a reacção individual a qualquer acção de fogo. A CRMMTm fabricou vários
micro-altifalantes que aligeiravam o problema. A sua resolução só viria a ser ultrapassada
com a introdução no campo de batalha de um rádio civil de origem sueca, os equipamentos da família STORNO que, em versões de portátil, móvel e base, constituíram a revolução das comunicações tácticas em 1973.

Estes equipamentos permitiram maior liberdade de movimentos e garantiam melhores comunicações. Até as comunicações permanentes os usaram para a transmissão de mensagens codificadas que os operadores liam em alfabeto fonético a uma velocidade que tornava impossível a sua inteligibilidade a um não especialista. Tinham, porém uma dificuldade de operação: o emissor era posto no ar através da própria voz (sistema de “voc” - voice operated control), sendo preciso manter sempre um tom de voz contínuo para evitar que a conversação se interrompesse. Era, no fundo, uma questão de algum treino e atenção. Estes rádios possuíam ainda um sistema de chamada bitonal que facilitava o contacto e melhorava a segurança.

- Emissor-Receptor de VHF AN/PRC-10.

Durante o período da maré-cheia o território ficava alagado em cerca de um terço, conferindo características especiais às comunicações via VHF (E/R AN/VRC-10, AN/PRC-10, AVP-1 e, mais tarde, STORNO) que se tornavam mais fáceis podendo atingir-se distâncias consideráveis.

Por via HF (AN/GRC-9 e RACAL TR-28), as comunicações foram sempre mais difíceis, primeiro pela pequenez do território que não aconselhava esta via e, depois, porque a Guiné era considerada uma zona mundial de alto ruído atmosférico.

Apesar de o apoio de transmissões ser eficaz e o material avariado ser substituído sempre que possível, ou reparado com celeridade, muitas vezes os rádios não funcionavam porque as antenas estavam em péssimas condições, o que mais vantagem trazia para o uso dos STORNO, já que neste caso as antenas eram curtas em helicóide encapsulada.

As comunicações mais críticas no TO (Teatro de Operações) eram, sem dúvida, as de pedido de apoio aéreo (APAR). A rede de APAR de VHF funcionava nas frequências exclusivas de 49,0 e 51,0 MHz. Em combate, as ligações faziam-se entre os AVP-1 e os ARC-44 do aéreo. Esta ligação era dificultada pela não total compatibilidade dos rádios do Exército e da Força Aérea, mas sempre se fazia satisfatoriamente, o que era vital, pois em situações de combate, nomeadamente de emboscadas, o apoio aéreo era prestado em poucos minutos (10 a 20), dadas as curtas distâncias em jogo. Tal “status” garantia às forças em operações que as situações de confronto fossem relativamente curtas, pois os guerrilheiros do PAIGC sabiam que rapidamente ficavam sob fogo aéreo dos aviões T-6 e Fiat G-91 e retiravam, dispersando antecipadamente. Outro apoio vital era o das evacuações por helicópteros (Allouette III) directamente do mato para o Hospital Militar de Bissau (HM-247). Os pedidos de apoio aéreo feitos para a Base Aérea Militar eram em HF, com os AN/GRC-9 e os RACAL TR-28.

SdC, operando Emissor/Receptor de HF AN/GRC-9 - Xime 1972

SdC operando TR-28 Racal

- Transcrição (com a devida vénia) da REVISTA MILITAR Nº 2513/2514 de Junho/Julho de 2011  artigo no que refere sobre as TRMS relacionada com Guerra Colonial na Guiné


Fotos: Revista Militar e Sousa de Castro, direitos reservados

Vd. Post. Emissores/Receptores da CART 3494

SdC, Maio 2016