Um agradecimento muito especial não só ao editor do blogue: "
Luís Graça & Camaradas da Guiné", mas também a todos aqueles que de algum modo quiseram partilhar comigo, com suas mensagens no dia do meu aniversário, o que me deixou muito sensibilizado.
Bem hajam
Sousa de Castro
Transcrição do blogue:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/ com a devida vénia.
1. Minhoto, 59 anos, casado com a Maria Conceição
Fernandes Dias, pai de três filhos (só a mais nova, de 24, é que ainda
está em casa), residente em Vila Frio, Viana do Castelo, reformado, 47
anos de vida activa...
Começou aos 11 (onze!!!) , mal acabada a 4ª classe, a trabalhar como
ajudante de marceneiro, fez a tropa, casou durante a tropa, foi 1º Cabo
radiotelegrafista na CART 3494 BART 3873 (Guiné, Zona Leste, Sector L1
> Xime e Mansambo, 1972/74) , ingressou nos Estaleiros Navais de
Viana do Castelo, e por lá ficou 33 anos... É Sagitário, bom rapaz,
altruísta, amigo do seu amigo... Gosta de fazer amigos e está em força
nas redes sociais...
É
o Sousa de Castro, António Manuel Sousa de Castro, o nosso tertuliano
nº 2 (julgo que exequo com o Humberto Reis)...Acabei de lhe telefonar
(963 673 628), a dar-lhe os parabéns. Ainda não é SEXA mas anda a
treinar...
Está de boa saúde e está a gozar a sua reforma. Disse-me que para o ano
quer ir de novo ao nosso Encontro Anual. Transmiti-lhe os cumprimentos
da malta toda do blogue. Ficou feliz pela surpresa... Ao fim destes anos
todos, ainda tem dificuldade em tratar-me por tu... Lembrei-lhe que ele
foi o causador deste macaréu todo, que se chama agora blogue Luís Graça
& Camaradas da Guiné...
2. Mas vejamos como se apresenta na blogosfera:
(i) Nasceu em Caminha em 15/12/1950;
(ii) Reside em Vila Fria, concelho de Viana do Castelo.
(iii) Participou na guerra colonial na Guiné, pertenceu à CART 3494
(Companhia de Artilharia) do BART 3873 (Batalhão de Artilharia)na zona
leste, no Xime e Mansambo. Embarcou em 27/01/1972 nos TAM (transporte
aéreo militar) com o posto de 1º. cabo radiotelegrafista, regressou por
ter terminado a comissão de serviço em 03/04/1974 nos TAM.
(iv) Trabalhou nos
Estaleiros Navais de Viana do Castelo, SA. onde exerceu funções de Técnico Fabril no sector das Docas.
E-mail:
sousadecastro@gmail.com
Segue 11 blogues (incluindo o nosso,
Luís Graça & Camaradas da Guiné) e mantém o seu próprio blogue:
CART 3494 - Guiné
O último poste é de 5 de Dezembro de 2009 >
P45 - Apresentação da 3ª edição do livro “A retirada de Guilege” do Coronel Coutinho e Lima
... Ficámos a saber que o Coutinho e Lima é natural de... Vila Fria,
Viana do Castelo. (Ei-lo aqui, na foto à direita, com o Sousa de Castro)
(..) No dia 05/12/2009, na Junta de Freguesia de Vila Fria, concelho
de Viana do Castelo, que patrocinou a apresentação da terceira edição
do livro 'A Retirada de Guilege', do Coronel, Coutinho e Lima (...)
O presidente de Junta, para além de agradecer a presença de várias
pessoas, enalteceu o facto, como sendo muito importante, de um
Vilafriense ter escolhido a sua terra Natal para apresentação do seu
livro. O Coronel começou por dissecar e explicar a razão (com o
auxilio de mapas), que o levou a tomar a decisão estratégica de retirar
de Guilege, foi ovacionado pelos presentes, tendo respondido a várias
questões e dúvidas, levantadas por alguns assistentes.
Curiosamente estiveram alguns ex-combatentes que passaram por
Guilege e Gadamael Porto, nomeadamente um homem que veio
propositadamente de Lamego dar um abraço ao seu comandante e que afirmou
que aquela (retirada) foi a melhor opção que podia ter tomado. Segundo
ele, a situação na altura era insustentável. Se assim não fosse,
poderiam perder-se muitas vidas humanas.
No final foi oferecido um verde de honra, aí vários ex-combatentes reviveram os tempos idos da Guiné. Sousa de Castro. (...)
4. O Sousa de Castro foi o primeiro a aparecer, por
email, em 19 de Abril de 2005... Por mão dele vieram outros camaradas
nomeadamente nortenhos...Como eu costumo lembrar, depois do Sousa de
Castro, "vieram mais cinco"... O David Guimarães, o A. Marques Lopes, o
Humberto Reis, etc. foram alguns dos primeiros, a seguir ao Sousa de
Castro, a atabancar, no nosso blogue... Se a antiguidade fosse um posto,
entre nós, eles os quatro já hoje seriam generais de muitas estrelas...
São velhinhos, são senadopres da nossa Tabanca Grande (ou
tertúlia, como dizíamos na época).
Do Sousa de Castro recebi um primeiro mail, em 19d e Abril de 2005, que rezava assim [vd. poste de 20 de Abril de 2005 >
Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça):
"Foi gratificante para mim encontrar algumas estórias sobre a guerra
colonial, mais concretamente sobre a Guiné. Curiosamente eu também
estive na Guiné em Jameiro de 1972 a Abril de 1974, no Xime [e depois em
Mansambo]. O meu Batalhão estava em Bambadinca, BART 3873 (CCS), com a
CART 3494 no Xime, a CART 3493 em Mansambo e a CART 3492 no Xitole.
"No
meu tempo o Xime continuava muito complicado. Como descreve no seu
blogue, nas estórias de um tuga [vd. 25 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - I: Excertos do diário de um tuga
(Luís Graça)], continuamos com esta terra na cabeça, nunca mais nos sai
e eu continuo buscando algo sobre aquele tempo passado relacionado com a
guerra. Tenho reenviado a sua estória para colegas que estiveram na
Guiné e é uma forma de dizermos que estamos vivos. Bem haja.
Cumprimentos, Sousa de Castro".
Do nosso aniversariante, em jeito de homenagem, quero deixar aqui uma
história, que seria também um segredo... se não tivesse sido já contada
na I Série do Blogue [bd. poste de 22 de Abril de 2005 >
Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão
(Luís Graça / Sousa de Castro ). Aproveito também lhe dizer que já
arranjei um capelão para a nossa Tabanca Grande... De qualquer modo,
obrigado pelos seus bons ofícios... António: E que tenhas um dia feliz
junto da tua família e amigos! (LG).
(...) Memórias da Guiné. Xime (1972-1974), por Sousa de Castro
"Xime. CART 3494. 10 de Agosto de 1972.
"A companhia nesse dia recebeu instruções para fazer um patrulhamento
através do rio Geba em lanchas e depois entrar no mato e seguir para
Mato Cão. Tínhamos lembrado ao Major de Operações que a hora que ele,
major, determinara para sair, não seria ideal, já que dentro de pouco
tempo passaria o Macaréu(1).
"Mesmo assim ele entendeu que haveria tempo de sair antes de passar o
Macaréu. Os pelotões envolvidos nesse patrulhamento não tiveram outra
alternativa senão obedecer. Os soldados, pela experiência adquirida,
sabiam que uma desgraça iria acontecer. Dá-se então aquilo que todos
esperavam, e que não se podia evitar: são apanhados pelo Macaréu.
A embarcação virou e então cada qual tentou desenrascar-se como pôde do
perigo de morrer afogado. Muitos não sabiam nadar. Depois com todo peso
de armamento que transportavam, para além da farda que envergavam,
viram-se e desejaram-se para se safarem, mas nem todos o conseguiram.
Assim desapareceram três camaradas, Sol. Abraão Moreira Rosa da Póvoa de Varzim,
casado, com uma filha, Sol. Manuel Salgado Antunes, solteiro da Freguesia de S. Silvestre - Coimbra e o Sol. José Maria da Silva e Sousa, solteiro de S. Tiago de Bougado - Santo Tirso.
De imediato procedeu-se a buscas no sentido de os encontrar, apareceu no dia seguinte só o corpo do malogrado José Maria da Silva e Sousa sendo os outros dois sido dados como desaparecidos. O féretro seguiu para Bambadinca onde foi sepultado. (Foto da sepultura ao lado)
"Normalmente a companhia fazia diariamente segurança à estrada que
ligava o Xime a Bambadinca. Era necessário ir buscar o pelotão que fazia
essa mesma segurança. Eu era radiotelegrafista, não podia sair do
quartel, mas vendo o estado muito abatido devido ao cansaço em que os
transmissões de infantaria se encontravam, peguei no transmissor AVP-1 e
na G-3, ofereci-me como voluntário e fui juntamente com o pelotão
buscar o pessoal que fazia a segurança à dita estrada.
"Era de noite, então dá-se aquilo que eu
não previa. Uma vez no local para agrupar o pessoal que fazia segurança
da estrada, vi-me envolvido numa situação para mim única. Começa um
forte tiroteio. Supondo ter sentido algo a mexer, eu, ao saltar da
viatura, sem querer fiz um disparo, com pessoal na linha da frente.
Fiquei preocupadíssimo, poderia ter atingido algum camarada meu, o que
não aconteceu felizmente.
"Ao vir para o quartel, antes de entrar, o Furriel Carda, que era de
Ponte de Sor (era quem comandava o pelotão que foi buscar a segurança no
qual eu estava integrado) mandou parar as viaturas e disse: 'Alguém que
está na minha viatura disparou um tiro. Quero saber quem foi. Ninguém
quer dizer? É fácil. Cheira-se a arma de cada um e descobre-se já'.
"Como havia um
alferes periquito, e a maior parte da malta pensando ter sido ele quem
deu o tiro, acharam por bem que o melhor seria esquecer e ir embora para
o quartel. Será que esse alferes também fez algum disparo? Ainda hoje
estou na dúvida.
"Domingo 27 de Setembro 1998. Sousa de Castro". (...)
Vd poste completo :
Aqui