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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

P198 - (XV) OS MENINOS DO XIME DO TEMPO DA CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai - (Jorge Araújo)



Caríssimo Camarada Sousa de Castro
Os meus melhores cumprimentos.
Porque fiquei muito sensibilizado com o que li acerca dos “meninos do Xime do tempo da CART 3494” [P167], publicado em 03 de Janeiro do ano passado, no qual se relatam alguns aspectos da história de vida do nosso amigo José Carlos Mussá Biai, que era ainda criança no período em que estivemos no Xime, tomei a iniciativa de acrescentar algo mais ao já conhecido e/ou divulgado anteriormente.
Nesse sentido, e na procura de o ajudar na reconstituição/reconstrução das suas memórias de infância vividas connosco na sua terra natal – o Xime –, local onde permanecemos mais de um ano e em que, com toda a certeza, nos cruzamos muitas vezes, ora nos espaços da Escola, do Aquartelamento e da sua Tabanca, eis o meu pequeno contributo para esse efeito.
Nesta oportunidade, julgo ser também importante relevar o valor positivo das influências exercidas pelo nosso camarada Carvalhido da Ponte que, para além de tratar [bem] das nossas enxaquecas… e outras maleitas, contribuiu, ainda, para a formação global das crianças do Xime.
Obrigado!
Um abraço,
Jorge Araújo.
23.Jan/2014. 


GUINÉ
Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)
OS MENINOS DO XIME DO TEMPO DA CART 3494
- O caso de José Carlos Mussá Biai -
1. INTRODUÇÃO
Muito provavelmente o nome de José Carlos Mussá Biai é já familiar a um grupo significativo de camaradas grã-tabanqueiros, em particular aqueles que mais se interessam por acompanhar de perto a publicação de textos e imagens [postes] referentes a factos e missões que marcaram aqueles dois anos das nossas vidas no CTIGuiné. Por outro lado, estes contributos individuais que vão chegando ao blogue constituem uma forma original da cultura, pois permitem continuar o aprofundamento do universo fenomenológico dos vários contextos e da sua historiografia.
Porque não me é possível fazer parte desse grupo mais assíduo, naturalmente por outros afazeres sociais e compromissos profissionais, penitencio-me por só agora ter tido conhecimento da existência do cidadão e amigo José Carlos Mussá Biai, bem como de parte do seu processo/projecto de vida que me sensibilizou, sentimento corroborado por outros tertulianos, exemplos: P10907 e P10919, do blogue «Luís Graça & Camaradas da Guiné», pelo que tomei a iniciativa de escrever estas singelas linhas a seu respeito… e, igualmente, a ele dirigidas.
E o modo como chegámos à sua pessoa é simples de relatar.
Neste blogue, espaço de partilha dos camaradas da CART 3494, ao longo da coluna da direita, por ordem alfabética, encontramos indicadas todas as etiquetas referentes aos diversos temas e/ou os nomes dos seus autores. Tentando localizar a minha na letra “J” [Jorge Araújo], eis que os meus olhos se fixaram, duas linhas abaixo, no nome de José Carlos Mussá Biai, por ter sido a primeira vez que o líamos.
Cliquei no seu nome por curiosidade e logo o título «No Xime também havia crianças felizes» suscitou a minha melhor atenção. Em primeiro lugar, o Xime, por ter sido o primeiro destino do contingente metropolitano da CART 3494, e onde durante treze meses [1972/73] vivi/vivemos situações dramáticas e experiências únicas nos sítios conhecidos por “Ponta Varela”, “Poindon”, e “Ponta Coli” ou, ainda no “Rio Geba“, tendo o Macaréu como a sua maior armadilha. Em segundo, porque foi no Xime que reforcei a consciência de que o «EU» só é importante se lhe adicionarmos o «OUTRO». Em terceiro, a que criança ou crianças se estavam a referir no texto?
Essa primeira referência - [P167, de 03Jan2013]- remetia-nos para outras inseridas no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Então saltitei entre ambos no sentido de ficar actualizado quanto aos conteúdos narrados, com o início a verificar-se há oito anos, mais concretamente em 9 Maio de 2005 [P5591-LG].
Assim, o José Carlos Biai, ainda criança no tempo da minha/nossa presença na terra que o viu nascer – o XIME – tinha, então, nove e eu vinte e um anos.
De tudo o que li retive as cinco ideias abaixo:
1.    – As companhias que marcaram a sua infância foram a CART 2715 e a CART 3494.
2.    – Uma pessoa ficou na sua memória para sempre por ter sido o seu professor na única escola que lá havia: a PEM (Posto Escolar Militar) n.º 8, por o [os] ter ajudado a serem crianças felizes. Essa pessoa chama-se José Luís Carvalhido da Ponte [ex-Furriel Enfermeiro, da CART 3494], natural de Viana do Castelo.
3.    – Por ter ficado emocionado com as primeiras fotos que viu da sua terra e das suas gentes. Os locais onde brincou e onde deu alguns mergulhos. As pessoas que o viram nascer, que cuidaram de si e com quem partilhou refeições, angústias e alegrias, em particular os seus irmãos mais velhos.
4.    – Depois de um percurso académico na Guiné-Bissau, primeiro como aluno e depois como docente em Bissau, rumou a Lisboa, onde concluiu a sua formação superior em Engenharia Florestal.
            5. - Vive e trabalha em Portugal.
Em função destes cinco pontos principais, e porque certamente não existem muitos testemunhos fotográficos dessa época, uma forma de satisfazer o desejo de quem fez parte, também, do meu/nosso quotidiano, foi possível recuperar alguns registos do meu arquivo de memórias do Xime, gravadas há mais de quarenta anos, e fazer uma viagem de retorno às origens, nomeadamente à sua escola primária, a adultos e a crianças do seu tempo, na expectativa de poder identificar algum parente, e quem sabe, se o próprio José Carlos.
2. POSTO ESCOLAR MILITAR N.º 8 - XIME
As fotos que seguidamente se apresentam dizem respeito a uma cerimónia oficial levada a cabo pelo PEM n.º 8, sob a supervisão do camarada Carvalhido da Ponte, e onde também participámos. Não estando certo do motivo da sua realização, creio tratar-se da Sessão Solene Comemorativa do 10 de Junho de 1972.
Foto 1 – Escola Primária do Xime - 1972 – Da direita para a esquerda, representantes da Comunidade Local e os ex-Furriéis: Prof. Carvalhido da Ponte [o 1.º Esq.], Sousa Pinto [falecido em 01Abr2012] e José Pacheco [o 1.º Dtª.].
2 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.
Foto 3 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.

Foto 4 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM

Foto 5 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em [creio] 10 de Junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.


Foto 6 – Tabanca do Xime - 1972 – Grupo de crianças.

Foto 7 – Xime - 1972 – Duas crianças cujo nome não recordo e que amiúde apareciam na Messe de Sargentos, pedindo comida, e que aproveitavam para tomar banho de chuveiro [com água do poço], como foi o caso desta foto [entrada… à esquerda].
Foto 8 – Xime - 1972 – Morança pertença da Fátima [lavadeira]. Ao fundo, de pé, está a sua filha [creio que se chamava Sage].

Foto 9 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?].

Foto 10 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?].

Foto 11 – Xime - 1972 – Dois residentes na Tabanca: o Spínola e a Abi.
 

Entretanto, nesta oportunidade, penso ser justo homenagear o camarada Carvalhido da Ponte, enviando-lhe os meus Parabéns pelo seu trabalho bem-sucedido na difícil tarefa [arte] pedagógica, fazendo-os acompanhar com a publicação de mais uma foto que ele não conhece.
Foto 12 – 1973 – Na foto, cujo local não consigo identificar, estão o Luís Domingues [Fur.Trms], o Carvalhido da Ponte [Fur.Enfº] e eu próprio. Foi tirada por ocasião de uma coluna de reabastecimento ao Xitole e Saltinho, iniciada em Bambadinca e reforçada, a partir de Mansambo, com 2 GC da CART 3494, em Maio/Junho. Esta coluna foi a minha primeira e única experiência do género, uma vez que em Julho transitámos para o Destacamento da Ponte do Rio Udunduma. 
Igualmente, o nosso amigo José Carlos Mussá Biai merece os meus aplausos pelos diversos sucessos contabilizados ao longo da sua vida, lutando, resistindo e superando-se permanentemente, sinal de que a semente era boa e, daí, ter dado muitos e bons frutos. Para ele vão mais duas imagens do Xime com leituras opostas.
Foto 13 – Xime Dez/1972 – Foto da principal entrada na Tabanca, fronteira com o aquartelamento, a escassos cinquenta metros da Escola.
Foto 14 – Xime - 2013 - Foto do edifício em ruínas [P173, de 12Abr2013] onde funcionou o PEM n.º 8, tirada no sentido inverso da foto anterior. A diferença temporal entre as duas fotos [13 e 14] corresponde a + de quatro décadas.

Termino, fazendo votos para que tenham gostado de ver mais algumas imagens históricas do Xime, particularmente o nosso amigo José Carlos Mussá Biai.
Pelo exposto, creio que estamos em óptimas condições para voltarmos a conviver mais de perto. Uma possibilidade será através da participação no Encontro/Convívio anual da CART 3494, este ano em XXIX edição, o qual está já agendado para o próximo dia 07 de Junho, no Hotel Mar e Sol, sito em São Pedro de Moel.
Seria, para nós, um momento de grande emoção.
Outra possibilidade mais pessoal, pois estou disponível para o efeito, seria através de um eventual encontro entre nós, Basta acertar a data e o local.
Um abraço,
Jorge Araújo.