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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

P-96 - (Convívios) XXII Convívio do BCAÇ 2884


XXII Convívio do BCAÇ 2884
Em 28 de Maio de 2011 no Peso da Régua




Sol. At. José Rodrigues Firmin
José Rodrigues Firmino ex. Sol. Atirador da CCAÇ 2585 do BCAÇ 2884 - Guiné, Jolmete 1969/71, informa que, o XXII almoço convívio do BCAÇ 2884 (MAIS ALTO) composto pelas CCS, CCAÇ 2584, CCAÇ 2585 e CCAÇ 2586, terá lugar no dia 28 de Maio de 2011 na cidade de; PESO DA RÉGUA (Património Mundial da Humanidade)


- 10,00 horas: Concentração de todos participantes, familiares e amigos no adro da Igreja de Nossa Senhora do Socorro
- 10,30 horas: Missa em honra de todos ex. combatentes falecidos, no final da missa seguiremos em caravana para o restaurante "TORRÃO" onde será servido um requintado almoço
José R. Firmino
Para qualquer informação ou marcação contactar: 

José Rodrigues Firmino  josefirminoslb@gmail.com

Pinto da Costa da CCAÇ 2584, telem. 919227959

Link: Restaurante TORRÃO

Torrão - 5100-836 Valdigem
Peso da Régua

Tl.: 254 313 850 e 254 322 823

E-mail: restaurante_torrao@sapo.pt


Restaurante Torrão ao fim da Ponte, edifício amarelo

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

P95 - Debate sobre a guerra colonial na Guiné, programa dirigido pela jornalista Diana Andringa, com ex. Alf. Mil. A. Marques Lopes (CART 1690 - 1967/69) actualmente Cor. na reforma, entre outros na RTP2

Em 2003 eu e o Cor. A. Marques Lopes  trocamos uma série de mensagens referentes à Guiné nomeadamente sobre as várias operações em que o coronel, na altura 1967/69 alferes, da CART 1690, participou. Também tem participado e dado o seu contributo na temática da guerra colonial, em vários programas televisivos, nomeadamente num debate que passou na RTP 2, "Artigo 37"  juntamente com Luís Cabral, ex. combatente do PAIGC e também ex. presidente da Guiné Bissau, entre outros, moderado pela Jornalista Diana Andringa, que também é autora desse mesmo programa.

Debate sobre a Guerra Colonial, FEV 2001 (Diana Andringa) RTP2

SC

Fotos: Cor. A. Marques Lopes, direitos reservados

Amigo Marques Lopes (Banjara) cumprimentos.
Depois de ter lido os relatórios das várias OP que me mandou, chego à conclusão que o amigo participou num programa do canal 2 da RTP "artigo 37" apresentado pela jornalista Diana Andringa, juntamente com Luís Cabral entre outros. Vi-me obrigado a visionar de novo esse programa para confirmação. No que diz respeito aos relatórios, que me mandou, são documentos para mim muito valiosos, costumo guardar tudo que se relacione com a guerra colonial da Guiné que, para além das situações que passamos nunca esqueceremos essa fase da nossa vida, acho até que devem ser divulgadas, não é saudosismo da minha parte, mas sim um marco da nossa História em que os governos deveriam através das escolas dar a conhecer essa dura realidade. Por mim pode continuar a mandar DOC
António Castro   





Caro António Castro,

é verdade que participei nesse programa da Diana Andringa, creio que em Fevereiro de 2001 (se bem que o programa só foi transmitido mais tarde, já depois de eu passar à Reforma Extraordinária, em 8 de Março de 2001).

Eu podia não ter dito nada, mas fiz questão de dizer ao General Comandante da Região Militar do Norte que ia participar nesse programa. Foi giro: meteu telefonemas para o Estado-Maior do Exército, autorizações... até que, às 23h00 do dia anterior a eu ter partido para Lisboa para gravar o programa me telefonou o adjunto do General a dizer que sim, senhor, podia participar... Mas eu fiz mesmo questão de dizer à Diana Andringa que estava devidamente autorizado para estar ali... 

Vou-te mandar mais alguns relatórios a ti, mas não os vou pôr já no site do grupo, porque acho que começa a ser demais...


Mata muito densa
Helicóptero 1
Sobre estas operações, Inquietar I e Inquietar II (naquela zona o código das operações começava sempre por I ou por J, era uma regra estabelecida) tenho algumas observações a fazer, pois que participei nelas: a Inquietar I, apesar do relatório, foi um fracasso, pois não conseguiu o objectivo, que era a destruição da base de Samba Culo. A história do ferido referido a 11JUN67 é a seguinte: tratou-se de um soldado da CCAÇ 1689, do capitão Maia, que levou um tiro no bolso onde tinha uma granada de fumos, provocando o rebentamento desta. Tentando apagar o fogo que se ateou nas calças do camuflado com as mãos, ficou com estas totalmente queimadas. Com a única coisa que tinha - manteiga das rações - tentei minorar-lhe o sofrimento. Gritava pela mãezinha e dizia: o meu alferes é tão bom!... Enfim, só visto. A retirada está exemplificada na fotografia que te envio (Retirada): é pessoal do meu grupo de combate, que teve de se apoiar uns aos outros, tal era o cansaço, e porque o PAIGC vinha atrás de nós...
Casa de mato
A retirada
Na Inquietar II, feita já depois de 24 de Junho (altura em que fiquei sozinho na bolanha), conseguiu-se o objectivo: a base de Samba Culo foi mesmo destruída. Vês fotografias das casas de mato e das evacuações por heli, mas, é claro não deu para tirar fotografias no ataque a essa base... Mas há coisas que não vêm relatadas: diz o relator que "Junto a base de patrulhas pelas 14H20, um grupo IN que seguia em coluna por  um, detectou as NT abrindo fogo e tendo ferido um Soldado, pondo-se em fuga  pela reacção das NT. Pelas 14H45 saiu um grupo de combate em patrulhamento  ao longo do R. CANJAMBARI e regressou sem contacto". Não foi assim. O que sucedeu foi o seguinte: o IN encostou-nos ao rio Camjambari, não podendo nós cambá-lo, porque era muito fundo, nem 
Helicóptero 2

podendo dali sair porque estávamos cercados. O capitão Maia disse-me: ó Lopes, a minha companhia já está aqui instalada, por isso, você, que tem um grupo autónomo, vá ver se consegue furar o cerco. E lá fui, não só uma mas duas vezes, sem sucesso. Na segunda vez, fiquei sob fogo cruzado, do PAIGC e da companhia do capitão Maia, tendo um soldado meu levado um tiro nas costas, do lado dos nossos. Quando o capitão Maia me disse, pela terceira vez, para tentar furar o cerco, disse-lhe que não ia. Que chamasse os T6, o que ele acabou por fazer, e foi assim que dali saímos. Mas o que mais me impressionou nesta operação foi o seguinte: Samba Culo tinha, de facto uma escola; quando lá chegámos, vi escrito no quadro preto, em perfeito português: "Um vaso de flores". Tinha desenhado, a giz, por baixo, um vaso de flores. E o que nunca mais esquecerei na minha vida: quando atacámos a base, a professora, uma jovem dos seus 18 anos, pegou na kalashnikov, apesar de eu lhe dizer "firma lá!". Tive de disparar a minha G3. E mais (coisas terríveis desta guerra!): o 
Bigodes, o Paulino, de que já falei, quis saltar para cima dela, apesar de ela estar com a barriga aberta com uma rajada. Tive que lhe bater. Mas ele até era um puto porreiro. O que sucede é que, de uma maneira, ou de outra, todos actuávamos como animais. Esta é uma situação que nunca me sai do meu pensamento... e da minha consciência. Percebes, com certeza. Tinham muitos livros em português, que era o que estavam a ensinar aos miúdos. Trouxemos também (imagina!) uns paramentos completos de um padre católico! Aliás, o Luís Cabral confirmou-me, depois, que havia lá um padre católico.
Mais lembranças, meu amigo. Lembranças que se nos pegaram para toda a vida.
Até à próxima.Um abraço.

A. Marques Lopes

Ver aqui o relatório das: Op INQUIETAR I E INQUIETAR II 




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

P94 - OP INQUIETAR I E INQUIETAR II (Alf.Mil. A. Marques Lopes) CART 1690


Alf. A. Marques Lopes
MSG recebida, do António Marques Lopes, ex. Alf. Mil./At Inf. CART 1690 - Guiné 1967/69 - Cantacunda, Banjara, Geba e Barrô, hoje Cor. Daf. na reforma.
SC

De: A. Marques Lopes [cantacunda@netcabo.pt]
Enviado: terça-feira, 30 de Outubro de 2007 16:42
Para: A. Marques Lopes
Assunto: Samba Culo
Cor. Daf. A Marques Lopes (Ref.)


Fotos: Cor. A Marques Lopes, direitos reservados


Por: A. Marques Lopes



4. OP. "Inquietar I"

                           9 a 15JUN67

SITUAÇÃO PARTICULAR

Há notícias de que o IN tem um acampamento em CANJAMBARI além de outros espalhados pela mata do 0I0. O IN tem-se revelado durante operações
realizadas e implantado engenhos explosivos nos itinerários.
Ex. Alferes Marques Lopes - O meu grupo de combate

MISSÃO

Executar uma acção em força sobre o acampamento IN de CANJAMBARI em coordenação com as forças do Agrupamento 1976.

FORÇA EXECUTANTE

 -DEST. "A"

-CCAç. 1685 - Cap. Raiano
- 01GR. COMB. CART. l690 - Alf. Lopes
-01 PEL.MIL./C.MIL 3

 -DEST. "B"

-C.CAÇ. 1689   - Cap. Maia
-01 Sec. (+) C.MIL.3

-DEST."C "

-C.CAÇ. 1501 - (1 GR. COMB.)
-C.CAÇ. 1499 - (1 GR. COMB.)
-02 Secções C.MIL. 2
-01 Secção C.MIL.4

 DESENROLAR DA ACCÃO

  09JUN67

Os destacamentos A e B deslocaram-se em meios auto de FÁ para BANJARA
Devido à falta das viaturas militares para os transportar houve necessidade de recorrer a requisição de viaturas civis, utilizadas apenas no troço FÁ - SARE BANDA. A concentração das forças em BANJARA foi morosa, pois teve que se fazer por escalões. Iniciada pelas 07H00 terminou pelas l6H00.

10JUN67

 Pelas 02H00 os destacamentos A e B iniciaram junto o movimento para CASA NOVA que atingiram pelas 06H00. Pelas 06H50 as NT abriram fogo sobre 2 elementos desarmados tendo abatido um e ferido outro num braço, quando tentavam a fuga. Interrogado este revelou a existência de uma tabanca nas proximidades, localizado depois em BANJARA 2A4. Pelas 13H50 atacaram este objectivo que o IN abandonou precipitadamente. 

As NT destruíram 10 casas de mato, depois de terem passado revista e capturado uma longa, roupas e utensílios domésticos. Pelas 12H30 as NT atingiram GENDO, utilizando o prisioneiro como guia, onde pararam para comer. Em exploração das declarações prestadas pelo guia os CMDTS. DEST. A e B que estavam juntos decidiram seguir a corta mato para SAMBA CULO, durante a noite, se até iniciarem a progressão não fossem detectadas. Pelas 13H00 ouviram um tiro isolado do lado NW, que lhes pareceu de reconhecimento, pelas 14H40 um GR. IN estimado em 15 a 20 elementos flagelou durante cerca de 20 minutos com armas aut. PM, LGF, e Mort. 60, a posição onde as NT se encontravam, mas sem consequências.

Cacuto Seidi e Cor. Marques Lopes
O Comandante do Dest. B dicidiu então, como medida de decepção desviar-se para BANJARA 5A5 e daqui progrediu durante a noite em direcção a SAMBACULO.
Pelas 17H30 as NT já se encontravam em andamento quando ouviram o rebentamento de duas granadas de mort. 60 no local onde estacionaram.
Cerca das 18H00 as NT avistaram 2 elementos dos que seguiam em direcção
Às NT. Ao detectá-los internaram-se no mato. Momentos depois ouviu-se o lançamento de 1 granada de Mort., tendo as NT avançado imediatamente sobre a posição onde se supunha estar instalada a arma.
Assaltado o acampamento foram capturadas 2 longas, destruídos numerosos artigos e utensílios domésticos, roupas, alimentos, catanas, bicicletas e destruídas 50 casas de mato, acampamento de CAMBAJÜ situado em BANJARA, 3CL.
O CMDT. DEST. B dicidiu então atravessar a bolanha do R. GAMBAJU, para passar a noite em BANJARA 3EL e progredir depois sobre SAMBA CULO.

11JUN67

Pelas 05H00, debaixo de chuva torrencial as NT progrediram ao longo do R. CAMBAJU, seguindo o Dest. B à frente. Pelas 08H00 o Dest. B capturou um elemento IN, que explorado levou as NT a destruir outro acampamento. Cerca das12H00 o PCV entrou em contacto com o Dest. B, que lhe solicitou que sobrevoasse o Dest. C que necessitava da sua presença e voltasse depois. Em vão o PCV tentou contactar de novo com o Dest. A e B. No resto da manhã e durante a tarde de 11JUN, pelo que não foi possível reabastecê-los como estava previsto, apesar de todos os esforços de ligação do PCV, dos T-6 e HELI. Finalmente pelas 17H50 conseguiu o PCV contactar com o Dest B, que pedia a evacuação de 1 ferido, evacuado momentos depois por um HELI. no seu regresso a Bissau, depois de feito o reabastecimento do Dest. C verificou-se que os Dests. A e B se encontravam por região do ponto 38 (BANJARA 2D4)
e dado o estado precário do pessoal, pediu autorização para retirar o que lhes foi negado.

12JUN67

Pelas 08H00, como o PCV não aparecesse e os Dest. A e B não tivessem sido reabastecidos os Cmdts. dos Dests. decidiram progredir para SW, tendo atingido BANJARA pelas 09H00 altura em que surgiu o PCV e lhes comunicou que de BAFATA saíra uma coluna com os reabastecimentos e com as instruções a cumprir durante o dia 12 e na noite de 12/13JUN. O Dest. A recebeu ordem de montar emboscadas sobre o itinerário BANJARA - MANTIDA e o Dest. B recebeu ordem de montar emboscada por região de BANTAJÃ, mas que não resultaram.

13JUN67

 Iniciado o regresso, os Dest. A e B chegaram a FÁ pelas 12H50.



                   6. OP. "INQUIETAR 2"

                            4 a 7JUL67

SITUAÇÃO PARTICULAR

Há noticias que o IN. tem um acampamento em CANJAMBARI, além de outros espalhados pela nata do 010. Tem-se revelado durante operações realizadas e implantado engenhos explosivos nos itinerários.

MISSÃO

Executar uma acção em força sobre o acampamento IN de CANJAMBARI e a coordenação com forças do AGRP. 1976.

FORÇA EXECUTANTE

  DEST. "A"

-C.CAÇ. 1685 - Cap.Raiano
-01GR.COMB. CART. 1690 - Alf. Lopes
-01  Sec.  C.MIL. 3

DEST. "B"

-CART. 1689 - Cap. Maia
-01 PEL.(-)/C.MIL.3

DEST. "C"

-01 PEL. EREC 1578

DESENROLAR DA ACÇÃO

 04JUL67

  Concentração das forças em BANJARA pelas 17H00

05JUL67

Bomba não deflagrada da aviação portuguesa
Pelas 00H00 iniciaram o movimento em direcção a SAMBA CULO (050.0p.) seguindo o itinerário BANJARA - GENDO - TAMBICÓ - SAMBA CULO. Pelas 07H00 atingiram GENDO. Um
pouco à frente desta antiga tabanca, pelas 08H00 foi detectado um grupo IN o qual tentaram cercar e capturar, só não o conseguindo por alguns elementos da Milícia na testa da coluna, que não entenderam a manobra, terem aberto fogo pondo-os em fuga. Entretanto foram avistadas 2 casas de mato (010 OP), que foram destruídas bem como diversos utensílios domésticos. Retomado a progressão e cerca das 11HOO foi detectado um núcleo  de  10  casas  de mato  (050 OP),  incluindo uma  escola com vinte carteiras, tendo sido totalmente destruídas pelo fogo. Retomado a progressão e ainda perto deste último acampamento, as NT emboscaram um grupo IN não estimado do qual foi capturado um elemento portador de uma faca de mato. Reiniciado a progressão, TAMBICÓ (Base de patrulhas) foi atingida às 14H00.

Junto a base de patrulhas pelas 14H20, um grupo IN que seguia em coluna por um, detectou as NT abrindo fogo e tendo ferido um Soldado, pondo-se em fuga pela reacção das NT. Pelas 14H45 saiu um grupo de combate em patrulhamento ao longo do R.CANJAMBARI e regressou sem contacto. Pelas 15H20 um grupo IN estimado em 30 a 40 elementos atacou a base de patrulhas com mort. 60, LGF, PM e Armas Automáticas, durante 15 minutos sem consequências. 

Os T-6 que nessa altura sobrevoavam a base de patrulhas para protegerem o HELI na evacuação do ferido, fizeram umas rajadas sobre o grupo IN. Nessa altura foi evacuado em HELI para o H.M. 241 o soldado ferido na acção IN anterior. Pelas 17H00 saiu um outro grupo de combate para fazer o reconhecimento do itinerário TAMBICO - SAMBA CULO. Percorridas apenas algumas dezenas de metros, foi emboscado por um grupo IN de cerca de 60 elementos armados de mort. 60, LG-F, PM e Armas Automáticas, tendo ferido 2 soldados, evacuados mais tarde para o H.M. 241, por HELI. Juntamente com a emboscada o IN flagelou a base de patrulhas com 2 granadas de mort. 60. Perante a reacção das NT o IN furtou-se ao contacto com baixas prováveis.

 06JUL67

Posto de vigia
Cerca das 11H20, orientado pelo PCV iniciou-se a progressão em direcçãoao acampamento de SAMBA CULO (050.OP.), tendo atingido pelas 15H20. O IN, que estava instalado do lado SUL do acampamento e que tinha reagido fortemente impedindo o Dest. B de entrar no acampamento, reagiu à manobra de envolvimento e assalto ao acampamento com Mort. 60 e PM, tendo ferido dois soldados, evacuados posteriormente para o H.M. 241 por HELI. O IN,
apercebendo-se do cerco que se preparava, furtou-se ao contacto tendo as NT assaltado e destruído o acampamento composto por 30 casas de mato, sendo algumas cobertas a zinco. Foram destruídos também alguns utensílios domésticos. Já no regresso o guia conduziu as NT a uma arrecadação de material, que o destacamento B conquistou tendo capturado todo o
armamento lá existente. Capturado o material foi destruída a arrecadação ouvindo-se então fortes rebentamentos de cartuchos e granadas que se prolongaram por 50 minutos.
Retomado a progressão de regresso para BANJARA as NT por alturas de FARIM 8H8-44, accionaram uma armadilha tendo ficado ferido um elemento do Dest.B.

 07JUL67

As NT atingiram BANJARA pelas 05H00 após o que regressaram a quartéis.
A operação terminou às l6H530.

RESULTADOS OBTIDOS

-Foi capturado armamento IN.
-Foram mortos, feridos e feitos prisioneiros elementos IN.
-Foi destruído diverso material e utensílios donéstico.
-Foram destruídos cerca de 10.000 munições e diverso material explosivo algum do qual se supõe encontrar-se enterrado, dado a violência das detonações.

P93 - O INÍCIO E O FIM DA GUERRA NA GUINÉ

A guerra colonial começou à cinquenta anos, mais precisamente no dia 04 de Fevereiro de 1961, em Angola, na Guiné começou em 03 de Agosto de 1959 com os trabalhadores da estiva no cais de "PINDJIGUITI" - Bissau  a exigirem melhores condições de trabalho e melhores salários e na década de sessenta (1963) teve início a luta armada.

Texto publicado em tempos neste blogue e recuperado, evocando os cinquenta anos do início da guerra colonial ou do Ultramar.
 SC

Fotos, fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guin%C3%A9-Bissau

3 DE AGOSTO DE 1959 - MASSACRE DE "PINDJIGUITI"




AS CONVICÇÕES DE OUTRORA DEVERIAM AJUDAR HOJE O NOSSO POVO EM TRANSPOR AS GRANDES DIFICULDADES NO CONVÍVIO NACIONAL


CAROS IRMÃOS
A nossa terra viveu a passagem de mais uma data histórica, 3 DE AGOSTO, e foi com muita emoção que assisti via RTT-África, às humildes e sentidas comemorações pela população de Bissau.
 
A 3 DE AGOSTO DE 1959, os trabalhadores do cais de “PINDJIGUITI” juntaram as mãos e a uma só voz gritaram “BASTA” de precariedades: salários injustos, condições de trabalho miseráveis e recusa de diálogo perpetrados pelas empresas monopolistas da Casa Gouveia” (e ultramarina)…
 
Os trabalhadores recusaram-se trabalhar (GREVE) e exigiram mudanças e/ou melhorias claras nos principais aspectos focados: salários e condições de trabalho mais humanas!
Em resposta, os capatazes chamaram pela polícia, na altura comandados por um sr. de apelido Carreira, que ao chegar ao cais de “Pindjiguiti”, não teve dúvidas, a situação era de guerra e mandou disparar indiscriminadamente sobre os trabalhadores – sobre os nossos irmãos.
Na sequência desses disparos, mais de cinquenta trabalhadores perderam a vida, alguns deles, os corpos nunca mais vieram a ser encontrados, depois de se terem atirado ao mar numa tentativa desenfreada de se salvarem das brutalidades do regime colonial e fascista “tuga”.
 
Volto a lembrar-vos a todos de que, escrevo, acima de tudo, para os nossos jovens – jovens dos nossos liceus e universitários espalhados pelo mundo fora 
– para que o vosso desenvolvimento, num mundo, hoje, bastante diluído e democrático mas, onde as especificidades, sobretudo culturais, de cada povo se revelam, progressivamente, como a única verdadeira identificação impossível de se iluminar, não descura determinados elementos úteis e passíveis de ajudar, positivamente, na formação do vosso carácter.
Meus irmãos mais jovens, hoje mais que nunca, estou em condições de vos afirmar que, os principais problemas com que a nossa Terra/Pátria se debate, estão relacionados, basicamente, com o carácter de alguns irmãos nossos, que entretanto se envolveram na política sem para tais tarefas estarem habilitados.
 
Posto de controle montado pelo PAIGC na Guiné-Bissau em 1973, depois da declaração de independência.
Assim sendo, a minha convicção é de que, uma boa formação vossa, poderá ser uma boa solução para a salvação da nossa Pátria e permitirá que, num futuro próximo, os guineenses, no mundo inteiro, não terão de se envergonhar de trapalhadas elementares que, de algum tempo a esta parte, se tem vindo a cometer, irresponsavelmente – comportamentos que só contribuem para desonrar os bons costumes do nosso povo. Um povo heróico de que vocês deverão orgulhar-se nos vossos convívios com outros povos!
Saibam que, nada de que nos orgulhamos hoje, foi obra do acaso. 

Meus caros, tudo foi resultado de grandes conquistas engendradas e/ou impostas ao nosso povo e nas quais saiu sempre vencedor mas também, com custos humanos avultados – como sempre acontece nesses casos de conquistas de dignidade e liberdade – que privou o nosso povo do convívio de muitos de seus “bons filhos”…
Honra e glória aos nossos heróis nacionais!
 
Meus irmãos, com a proclamação da nossa independência nacional a 24 de Setembro de 1973, nas terras de Madina do Boé, mais de oitenta países, membros das Nações Unidas, saudaram e reconheceram imediatamente o novo país, a República da Guiné-Bissau e, depois do reconhecimento da derrota da
potência colonial e fascista portuguesa, não admira que todas as nações do mundo nos quisessem ajudar…
 
As ajudas foram muitas e multifacetadas!...
Alguns desses povos amigos do nosso glorioso povo, ainda hoje, encontram-se insistentemente, ao lado do nosso povo – sem sombras para dúvidas, será necessário distinguir aqui o papel desempenhado pela República Popular da China – que teve a honra de oferecer a Amílcar formação para os homens e mulheres do PAIGC, quando este decidiu engendrar-se pela luta armada – mas também, de alguns países escandinavos. Julgo não ser necessário fazer aqui quaisquer referências às posições da totalidade dos designados “países em vias de desenvolvimento”.
 
Há bem pouco tempo, se não estiver em erro, foi a Suécia que se saturou com a má gestão dos recursos postos à disposição do nosso país, com vista a aliviar o nosso grau de subdesenvolvimento e impôs certas condições que viriam a não ser observadas ou respeitadas, acabando, depois de tantas insistências com as nossas autoridades, por sair do nosso país, passando a coordenar algumas ajudas a partir de Dakar.
Tudo indica que, as nossas autoridades não deram qualquer importância a este acontecimento.
 
Este caso é apenas um exemplo de entre muitos desperdícios de amizades históricas e desinteressadas de povos que muito nos admiram!
Volto a repetir que, as nossas dificuldades estão intimamente ligadas à formação e ao carácter de alguns de nossos irmãos que, entretanto, se tornaram poderosos e apolíticos bem posicionados na política!
Em memória dos nossos heróis nacionais!
Em memória dos mártires do massacre de 3 de Agosto de 1959 no cais de “Pindjiguiti”!
Estudem! E estudem bem!
Em prol de um futuro melhor para o nosso glorioso povo!
"Guineenses, gentes de brandos costumes”!

I Rodrigues 


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

P92 - UM DIA NO MATO, NA REGIÃO DE FARIM (Estamos quase lá...) Dr. Victor Junqueira

De: Dr. Victor Junqueira, ex Alf. Mil. CCAÇ 2753



 Um dia no mato, na região de Farim

Guiné, Fevereiro de 1971.
                          

  
Estamos quase lá...
                     


A nossa Companhia era uma das Unidades que compunham o COP 6, cujo comando estava sediado em Mansabá. Fazia parte do Agrupamento T tendo-lhe sido atribuída a missão e, transcrevo dos registos oficiais (História da Unidade  Feitos e Factos da C. Caç. 2753):

“Assegurar a protecção dos trabalhos da estrada Mansabá – Farim, em ordem a garantir um ritmo acelerado de construção e evitar as flagelações do IN sobre os meios técnicos empenhados. Na segurança dos trabalhos, as forças adoptam o dispositivo com as seguintes missões:
Montam a segurança próxima dos trabalhos em ordem a garantir a interdição de itinerários de aproximação, eliminando a possibilidade do IN exercer acções de flagelação sobre a zona dos trabalhos, para o que monta emboscadas nas possíveis bases de fogos e executam patrulhamentos na ZA atribuída. Garantem a segurança imediata dos trabalhadores e equipamentos, detectando ou aniquilando quaisquer elementos IN infiltrados através do dispositivo próximo, para o que realiza patrulhamentos frequentes nas imediações da zona de trabalhos e ocupa posições sobre os eixos da mais possível infiltração. Realizam acções ofensivas sobre as áreas fulcrais do Morés, Canjaja e Biribão em ordem a anular a pressão do IN sobre o eixo Mansabá – Farim”.

Havia anos que nenhuma força militar portuguesa tivera condições para se movimentar naquele itinerário a partir de, e para norte de Mansabá até ao Kápa 3. A região estava agora a ser (re) conquistada diariamente, palmo a palmo, metro a metro. Por sua vez, o IN tentava a todo o custo impedir ou retardar o avanço dos trabalhos, pois aquela era uma via que, uma vês interditada às NT se tornara estratégica para o desenvolvimento das suas acções. Nela desaguavam os corredores do Sitató e Lamel, através dos quais as forças do PAIGC dispunham de uma ligação fácil e rápida entre as suas bases junto à fronteira sul do Senegal e o coração da Guiné (Oio, Morés e região dos Sares). Movimentação de tropas e operações de natureza logística por parte do IN, decorreram com toda a facilidade e segurança ao longo deste eixo numa base praticamente diária, durante anos.
     Até que alguém decidiu que aquela via tinha de ser recuperada. Para esse efeito é então criado um importante dispositivo, notável pelo significativo conjunto de meios envolvidos e, a meu ver, pelo enorme sucesso alcançado face aos objectivos atrás enunciados. Penso que é uma fase pouco conhecida da guerra da Guiné à qual nunca foi dado o devido relevo político-militar. 
Constituído pelos Agrupamentos F1 e T do COP 6, (Comando Operacional Nº 6 – Mansabá) envolvia no seu conjunto forças das seguintes unidades:
CART 2732, também conhecida como a Companhia dos Madeirenses do nosso amigo e camarada Carlos Vinhal. 
CCP 121
CCP 122
Esq Rec AML 2641
27ª C Comds
C Cav 2721/ 286º Pel. Milícia
1 Pel Art 8,8
1 Pel Art 14
1 Pel Art 10,5
3 Sec Mort 81
1 Sec Sapadores
1 Dest Engª
253º Pel de Milícia
57º Pel Caç Nativos
C Caç 2549 / Pel Milícia 282
E bem cá no fundo, mas apenas por modéstia (!) a Companhia dos Açoreanos, C. Caç. 2753 da qual esta praça fazia parte ...
A primeira aproximação que tivemos com a guerra “a sério” e àquilo que iria ser o nosso estilo de vida nos meses vindouros, ocorreu a partir de um ponto localizado no mapa entre Mansabá e o K3, onde antes da guerra existira uma pequena povoação, chamada Bironque.
Para o Destacamento Temporário do Bironque segue em 01 DEZ 70 um GC da C. Caç. 2753, tendo os restantes chegado a intervalos de uma semana ficando a operação concluída em 21DEZ70. Com a chegada da C. Caç 2753, a C. Caç. 17 retirou! Algum tempo antes, tinha havido uma espécie de motim com cenas de tiros entre os oficiais e sargentos daquela Cª e os seus elementos nativos, de etnia maioritariamente manjaca. Estes, fartos de bordoada, recusaram-se a sair para o mato, alegando que a terem de levar porrada forte e feia, preferiam apanhá-la defendendo o seu Chão. O gen. Spínola resolveu o contencioso através de umas despromoções e da transferência da Compª para Bula.
 De Bissau, avançam os “Barões” da C. Caç. 2753 até então afecta ao COMBIS como força de reserva. Passam assim da noite para o dia de uma espécie de tropa VIP, bem alojada, bem alimentada, bem montada (vários jipes!) e com tarefas aligeiradas, ao grau mais elementar de tropa arre-macho. Cheirando ainda a periquito, sem qualquer treino operacional, não tendo beneficiado de “rodagem” por sobreposição com tropas mais experientes, vêem-se entregues à bicharada, obrigados a aprender à sua custa os rudimentos da arte de safar o próprio coiro. Certos é que vieram a provar ser dignos do lema que orgulhosamente ostentavam nos crachats “Noblessse Oblige”!
 Na minha memória preservo ainda em imagens “technicolor” as principais cenas do meu primeiro dia de “mato”.

Tínhamos partido de Bissau muito cedo em coluna militar, com armas e bagagens. Arribámos aos Bironque seriam para aí umas dez da manhã. Enquanto alguns dos recém chegados descarregavam para o meio do nada os caixotes com as batatas e cebolas por entre os quais se escapuliam ratazanas que, ninguém sabe como, tinham apanhado boleia, já outros desfechavam os dentes preparando-se para alinhar nas diversas tarefas para que estavam escalados. O cacimbo pesado da madrugada dera lugar a uma manhã linda, luminosa. O silêncio e a paisagem, magnífica, eram avassaladores!
Com um pé apoiado sobre um cunhete de munições e um púcaro de aço inox na mão de onde ia sorvendo uma mistela (nunca gramei leite em pó nem café de cevada), contemplava aquele paraíso quando de repente...
Parecia o fim do mundo! Não vou poupar em adjectivos. Grandioso, empolgante e... aterrador, nem em imaginação conseguiria conjecturar um tal espectáculo. À distância de um quilómetro ou dois do “acampamento”, irrompe uns fogachal tão intenso que até os passarinhos das redondezas levantaram voo procurando refúgio noutras paragens. O ruído das explosões acompanhado pelo matraquear das armas ligeiras e aqueles balões de fumo negro no ar, ofereceram-me o primeiro vislumbre, uma espécie de iniciação visual e auditiva, música e letra de um fado a que teria de me habituar! Naquela manhã a rifa premiada tinha calhado a um G.C. dos madeirenses.

Por aqui, as escaramuças eram frequentes. Durante o dia, emboscadas às forças empenhadas na segurança próxima e imediata e flagelações sobre a frente de trabalhos, com baixas entre operários e danos nas máquinas. E após o pôr-do-sol, invariavelmente pela hora do jantar, era preciso estar atento ao som inconfundível das “saídas” dos CSR, MORT 82 e RPG´s que vindo do interior da mata adjacente, anunciava uma saraivada de balas e estilhaços a rasgar o céu por cima do improvisado aquartelamento.
Acompanhando a progressão dos trabalhos, a Companhia transfere-se com toda a traquitana em 13JAN71 para um novo Destacamento mais a norte, na zona de Madina Fula, a uns 8 Km de Farim. Nestes Destacamentos Temporários não existia qualquer construção ou barraca, apenas algumas tendas de lona, insuportáveis durante o dia devido ao calor. À noite não ofereciam a quem estivesse no seu interior qualquer protecção contra a chuva de aço, pelo que toda a gente preferia cochilar nos abrigos. Tratava-se em rigor de locais de pernoita que as poderosas máquinas Caterpillar ao serviço da empresa construtora, edificavam do seguinte modo: Sobre uma das faixas desmatadas com cerca de 200 metros de largura que se estendiam de cada lado da estrada em construção (para evitar o ataque próximo às nossas colunas), erguiam quatro barreiras de terra com dois metros de altura de maneira a formar um quadrado com mais ou menos 50 metros de lado. No topo destas barreiras, escavavam-se então os espaldões para as armas pesadas, trincheiras e simples covas que abrigavam um ou dois homens. Era a partir deste arremedo de fortim que se montava a vigilância e defesa, tanto do pessoal como das máquinas, que no final do dia de trabalho recolhiam ao seu interior. Como vizinhança, muita força de mosquitos e pulga matacanha!                                                                                 

Logo nos primeiros “passeios” pelas redondezas, tivemos a visão clara do inferno que teria sido a vida dos camaradas que nos precederam nos primeiros anos da guerra. Numa região enxameada por bases do PAIGC localizadas nas regiões de, e volto a citar dos registos: Cã Quebo, Santambato, Cambajú, Iracunda, Mansodé, Cubonje, Canjaja, Biribão, Ionfarim, Uália, Mansomine, Binta, Queré, Banjara e Manhau, qualquer movimento nosso era acompanhado por acção semelhante por parte do IN, tornando-se o “contacto” inevitável. Em alguns pontos, nomeadamente ao longo do que em melhores dias tinham sido as bermas e valetas desta excelente rodovia que ligava Bissau ao Senegal, agora reduzida á condição de simples trilho, as cápsulas de munições de armas ligeiras apanhavam-se aos milhares, nalguns sítios literalmente à pazada. No entanto, o sortido dos vestígios abrangia um pouco de tudo, desde velhas minas anti-pessoal com a tampa de madeira carcomida pela formiga mas ainda capazes de nos pregar uns sustos, até granadas anti-tanque, algumas intactas, bojudas, matulonas que me disseram tratar-se de Panzerovkas (?). Havia armadilhas na estrada e nas zonas de mato contíguas. Por ali confiscamos também em operações subsequentes, variadas peças do arsenal do IN que incluía itens tão antigos e obsoletos como canhangulos, até novíssimas granadas de RPG 2 e 7 e respectivos lançadores, Mort. 82, munições de Browning 20mm com tripé (utilizadas então como anti-aéreas), muitas pistolas de várias proveniências, PPSH, Degtariev´s e kalashnikov´s, Esping. M44 americanas (!). E ainda, Met. Pesadas Breda (2) e Dreyses (1), por certo gamadas ao glorioso Exerc. Português. Também fizeram parte deste catálogo um par de lindíssimas espingardas Mauser, com ferragens cromadas e, gravado sobre as câmaras, o selo da República Portuguesa. A quem teriam pertencido? Quem terá ficado com elas?

Nota: Texto enviado por e-mail, pelo Dr. Victor Junqueira em 2006/07
SC

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

P91 - A MINHA GUERRA por Joaquim Mexia Alves ex. Alf. CART 3492 do BART 3873

Na edição do "CORREIO DA MANHà de 27 de Junho de 2010 - Na rubrica - A minha Guerra - que o jornal  publica aos Domingos, coube  ao nosso conhecido ex. Alferes Miliciano Ranger da CART 3492 - XITOLE do BART 3873 - 1971/73, Joaquim Mexia Alves contar a sua estória de Guerra.
SC
Texto e foto - direitos reservados.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/portugal-desprezou-soldados-africanos

“Portugal desprezou soldados africanos”

Quando a guerra acabou, os homens das forças africanas foram fuzilados, presos ou agredidos pelas autoridades locais
Mexia Alves em pé, num barco Sintex com o qual se chegava ao destacamento do Mato Cão
Por: Joaquim Mexia Alves, Guiné (1971-1973)

"Entrei para a recruta no Quartel de Mafra em Janeiro de 1971, finda a qual fui "escolhido voluntariamente" para me apresentar em Lamego onde fiz a especialidade de Operações Especiais, vulgo, Rangers. Daí fui colocado no Regimento da Serra do Pilar, em Gaia, onde a partir de Outubro de 1971 começámos a preparar o Batalhão, com o qual iria embarcar no ‘Niassa’, a 21 de Dezembro de 1971, rumo à Guiné.

Chegámos e fomos enviados para a ilha de Bolama onde fizemos a IAO, (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), com vista à adaptação não só ao clima, mas às condições de guerra da Guiné. O meu Batalhão, BART 3873, ficou sediado em Bambadinca (zona leste), e a minha companhia, CART 3492, foi para o aquartelamento mais longe da sede, no Xitole.

Durante os sete ou oito meses da minha estadia no Xitole, tivemos flagelações ao quartel, sem baixas, nem ferimentos entre os militares. Houve uma ou duas emboscadas, sem problemas para as nossas tropas, tendo sido reportadas por informadores algumas baixas no PAIGC.

Fui então enviado para comandar um Pelotão Independente de Africanos, o Pel. Caç Nat. 52, sediado nessa altura na Ponte do rio Udunduma, na estrada Bambadinca/Xime. Era um sítio sem condições de vida, mas onde estive muito pouco tempo e sem problemas. Depois o Pelotão foi colocado no Destacamento de Mato Cão, na margem norte do rio Geba, a meio caminho entre o Xime e Bambadinca, sendo a nossa primeira missão assegurar a navegabilidade desse troço do Geba.

GUERRILHA

As condições de vida eram francamente más: dormíamos em buracos abertos no chão, ladeados de bidons e cobertos de paus de cibo e sem luz. Devo ter estado em Mato Cão cerca de nove meses. Mantivemos uma forte actividade operacional – o melhor "remédio" neste tipo de guerra de guerrilha.
Posteriormente, fui colocado na C. Caç. 15, (Companhias de Africanos), sediada em Mansoa, constituída na sua esmagadora maioria por Balantas, e que fazia operações de intervenção do Batalhão de Mansoa, segurança à estrada em construção de Mansoa/Portogole, e segurança às colunas que passavam para Norte, junto à mata do Morés. Aqui e até ao fim da comissão tive uma actividade operacional muito intensa, com contactos com o inimigo de então, mas graças a Deus sem baixas na nossa Companhia a registar.

CAMARADAS

Regressei a Portugal, em rendição individual, em avião militar em 21 de Dezembro de 1973. Afirma-se, hoje em dia, que a guerra na Guiné estaria perdida militarmente. Não creio. Só motivos políticos justificam tal afirmação. Ainda hoje não esqueço a dedicação e empenho das forças africanas constituídas por guineenses, que honrosamente comandei, e exprimir a minha revolta pelo abandono a que foram votados. Muitos foram fuzilados e outros presos, agredidos, pelas autoridades que tomaram conta da Guiné – desprezados por Portugal.

Quero exprimir a minha revolta pelo ignominioso tratamento dado aos combatentes, não só da Guiné, mas também de Angola e Moçambique, por parte dos governos de Portugal. Há ex-militares que esperam o resultado de processos 35 anos depois do fim da guerra. Se antes como se dizia éramos "carne para canhão", hoje – vivos – somos transparentes.

PERFIL

Nome: Joaquim Mexia Alves

Comissões: Guiné (1971/73)

Força: Rangers

Actualidade: Administrador das Termas de Monte Real, 61 anos, quatro filhos e dois netos

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

P90 - GENTE MARCADA PELA GUERRA EM ÁFRICA

“SOMOS ÓRFÃOS DA PÁTRIA”

Início do fim do império colonial português começou há 50 anos. Levou onze mil militares

Traduzir a guerra colonial em números é arriscar. Haverá três mil cadáveres no Ultramar. Cá, vivos, mais de meio milhão de ex. combatentes, cinco mil deficientes. Não há certezas. A única é que o dia 04 de Fevereiro de 1961 marcou o início do fim do império colonial português.

Quatro ex. combatentes relatam em vídeo para o "Jornal de Notícias" uma guerra que não escolheram. José Carvalho, 59 anos, reformado da GNR em 2003, Maia - Guiné 1972/74, Augusto Freitas, 58 anos, Braga - Moçambique 1973/75, Domingos Carvalho, 67 anos, Braga - Guiné 1966/68 e José Manuel, 60 anos - Régua-Guiné, 1972/74.

Vejam os Vídeos: 


OS Entrevistados


Vídeos e prefixo da notícia publicada no "JN" de 06 de Fevereiro 2011, com os devidos agradecimentos. 



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

P89 - Combatentes de Avintes

É com agrado que assisto ao nascimento de mais um blogue, este destinado a todos os Avintenses que combateram na Guerra do Ultramar ou das Colónias, (conforme o que acharem melhor) nomeadamente Goa, Damão e Diu, Angola, Guiné, Moçambique. É um trabalho que deve ser feito por todos os Avintenses que participaram nesta guerra, contando as suas "ESTÓRIAS" para o enriquecimento do historial do País e também para que esta nova geração tenha oportunidade de conhecer tudo aquilo que não se conta nos livros escolares.



Combatentes de Avintes que por lá ficaram

 Fotos de blogue "Combatentes de Avintes" http://www.combatentesdeavintes.blogspot.com/ e de A. Marques Lopes com a devida vénia.