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quinta-feira, 24 de março de 2016

P257 - Estórias que o nosso camarada d’armas ex. 1º cabo Lúcio Damiano Monteiro da Silva (O Vizela) protagonizou no Xime e em Mansambo Por: Sousa de Castro


Lúcio Damiano "Vizela"
1.) Chama-se: Lúcio Damiano Monteiro da Silva, ex. 1º cabo atirador, conhecido entre nós por “VIZELA” devido à sua naturalidade.
Estávamos no Xime em 1972, não me lembro qual o motivo de um dia querer limpar o sebo ao Capitão, creio que na altura era o Cap. Art. António Pereira da Costa. Entrou de G3 em punho pela messe dos oficiais, que era composta por duas rulotes e esteiras, creio eu, disposto a fazer miséria.

Em 1ºplano Lúcio (Vizela) 2022
Convém dizer que o pessoal estava saturado de tantos ataques ao quartel e muitos contactos com o IN no terreno. Foi preso. Recordo que estávamos a ver um filme no Xime, projectado na parede, quando uma coluna de Bambadinca chegou para o levar, ia com as mãos atadas, ele é demais! Recordo também numa altura em que o CMDT, Ten. Cor. Art. do BART 3873 Tiago Martins, em Bambadinca o abordou, perguntando a que companhia pertencia, ele respondeu; CART 3494, então ordenou para que se apresentasse nesse dia em Bambadinca, devidamente uniformizado, com o cabelo e o bigode devidamente aparados. Como todos sabem, quem estava em zonas operacionais havia mais desleixo entre o pessoal.
Vista parcial do Xime 1972

Mansambo 1973


Lúcio (Vizela) no Xime no ano 2000
Assim, logo chegado ao quartel tratou de se preparar, foi ao capitão dizendo que teria de se apresentar ao CMDT em Bambadinca e que para isso teria de disponibilizar uma viatura com segurança para o levar, (convém dizer que entre o Xime e Bambadinca dista 14 a 15 Km), o Cap. disse-lhe; Não penses nisso!... Então o nosso Lúcio (Vizela) armou-se até aos dentes, G3, granadas à cintura, meteu pés ao caminho e lá foi até Bambadinca apresentar-se ao CMDT do BART 3873. Não sei qual o diálogo travado com o CMDT ou até se chegou a falar com ele.
Isto aconteceu ao fim de tarde. Regressou no dia seguinte numa coluna. Mais tarde foi evacuado para o Hospital de Bissau, para tratamento de psiquiatria, quando regressou estávamos já em Mansambo, também protagonizou uma outra estória que recordo. Era nosso CMDT o Cap. Mil, Luciano da Costa, que se lembrou um dia que o pessoal teria de formar todos os dias na parada. A parada era a zona onde o pessoal jogava à bola, então o nosso amigo Lúcio (Vizela) numa formatura questionou o Cap. o porquê de termos de formar todos os dias, se nunca até ali tínhamos feito qualquer formatura, invocando que não fazia sentido e que os “turras” ao saberem desta situação, qualquer dia mandavam umas canhoadas. O certo é que a partir daquele momento acabaram-se as formaturas.
Sousa de Castro
03MAR2013


Ex. Fur. Milº António Espadinha Carda, disse:

Fur. Milº Artª Carda
(1972 - Xime)
Ex. Fur. Milª Artª. Carda
(2013)
2.) Amigo Castro cá recebi o teu texto sobre Vizela e a cena da caminhada para Bambadinca lembro que é verídica e salvo erro foi feita de noite. Mas eu tenho uma grande história com o Vizela que pertencia ao 3º pelotão, o meu, passo a contar:
Na altura em que a cena se passa o 3º pelotão era comandado pelo então alferes Correia que se bem me recordo era ainda periquito talvez com poucos meses de Guiné.

Estávamos já em Mansambo (1973) e ao fazer uma coluna a Bambadinca com três viaturas, uma comandada pelo alferes Correia  as outras, uma comandada por mim, outra pelo Fur. Figueira, durante o regresso na viatura do alferes Correia que era a da frente,  arma-se uma grande confusão. Com a coluna parada vou verificar o que se passa e lá estava o Vizela a querer matar o alferes Correia e ninguém o conseguia segurar,  a confusão e os nervos eram muitos e o Vizela com a arma em riste lá queria fazer a folha ao Correia, com apelos á calma e tentando acalma-lo  lá lhe conseguimos deitar a unha e tentá-lo desarmar mas como não o conseguia-mos, tal era a força que tinha, resolvi deitar-me em cima dele com os meus 90 quilos de peso, depois de algum tempo  lá o conseguimos acalmar e desarmar, não sem que primeiro aflito com o meu peso me desse uma dentada na barriga.
A referida dentada foi pretexto para o referido alferes querer que eu fizesse uma participação do Vizela mas sempre me recruzei   e com conversa e com o passar dos dias tudo ficou em águas de bacalhau.
Já comentei o assunto com o “Vizela” e diz que não se lembra o que é natural pois na altura do acidente não se encontrava nada bem pois andava já pirado. 




3.) Comentário no FACEBOOK com a devida vénia, do ex. Fur. Milº Artª - Luciano José Marcelino de Jesus

Essa cena da caminhada na estrada Xime-Bambadinca com o Vizela não foi a única. 
Um dia eu vinha de Bambadinca ao fim da tarde e encontro o Vizela já talvez a um ou 2Km do Xime, em direção a Bambadinca de G3 às costas.
Parámos as viaturas. Achei estranho, e perguntei~lhe o que andava ali a fazer. Resposta: "Vou dizer ao comandante que estou farto desta merda". Lá o convenci a voltar para o Xime. Grande cena.

Xime 1972 - Entrada do quartel

Geba - Xime (Macaréu) foto de David Guimarães CART2716/BART2917
 

segunda-feira, 21 de março de 2016

P256 - OS PROBLEMAS NO COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ (CTIG) EM 1963. "Memórias de cá e de lá" Por: Jorge Araújo


MSG de Jorge Araújo com data de 10MAR2016

Caríssimo Camarada Sousa de Castro

Os meus melhores cumprimentos.

Independentemente de termos chegado ao CTIG nove anos após o início do conflito armado naquele território, constatámos a existência de problemas que já tinham sido identificados em 1963 pelo Coronel Louro de Sousa, então Comandante-Chefe militar.

Ainda que o texto tenha tido origem num tema abordado recentemente no blogue luisgraca&camaradasdaguine, ele teve por objectivo, como os anteriores, o de ser partilhado neste espaço da nossa Companhia.

Eis, então, o meu contributo histórico sobre esse tema, que continua em aberto.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

MAR’2016



GUINÉ

Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)
OS PROBLEMAS NO CTIG LOGO EM 1963
- Memórias de cá e de lá -


  1. INTRODUÇÃO
As rotinas da minha continuada actividade operacional, constituídas por missões/acções de obrigatória responsabilidade diária, têm-me impedido de dizer “presente no imediato” aos apelos do BTG, como eu gostaria que acontecesse. Mas, logo que a agenda o permite, lá vou ordenando algumas letras que funcionam, também, como “prova de vida”. Assim, o caso em apreço relacionado com o tema em título, ainda que com algum atraso, levou-me a optar por uma triangulação entre memórias pessoais de cá e de lá, contributos já divulgados no nosso Blogue e trabalhos de investigação que começam a surgir, com mais frequência, sobre esta problemática.
Dito isto, espero contar com a vossa benevolência pelo facto de repetir algumas ideias expressas anteriormente nos trabalhos citados, a começar pela investigação histórica elaborada pelo nosso amigo José Matos, também ele membro da Tabanca Grande, e que aqui foi reproduzida em duas partes [P15795 e P15796], e já publicada na Revista Militar n.º 2566 de Novembro p.p., com o título “O início da Guerra na Guiné (1961-1964) ”.
O artigo da autoria de José Matos acabou por suscitar o interesse e o elogio dos que sobre ele se manifestaram, levando cada qual a produzir o seu comentário de acordo com a sua perspectiva, sinal de que o tema [digo eu] continuará em aberto.

Porém, o principal destaque recaiu na avaliação feita pelo Coronel Fernando Louro de Sousa, na qualidade de novo Comandante-Chefe da Guiné nomeado em finais de 1962 pelo Governo de Lisboa [Oliveira Salazar], mas que só em 20 de Março de 1963 chegaria a Bissau, dois meses depois do ataque ao Aquartelamento de Tite, em 23 de Janeiro, considerado por todos os intervenientes [incluindo a literatura] como a data do início do conflito armado naquele território ultramarino.   
Seis meses após ter iniciado as suas funções, exclusivamente como Comandante-Chefe, apresenta em Lisboa, em 4SET1963, uma exposição da situação ao Conselho Superior Militar, enumerando um conjunto de problemas que dificultavam a resposta das NT ao esforço de contra-subversão, a saber:
1. - Deficiente instrução das tropas e quadros;
2. - Deficiente equipamento das unidades no terreno;
3. - Falta de pessoal / insuficiência de efectivos;
4. - Abastecimento (material, munições, víveres e água);
5. - Falta de enquadramento / aproveitamento militar dos guineenses;
6. - Instalações inadequadas;
7. - Cansaço das NT, sempre ansiosas por acabar a comissão e voltar para a metrópole.
   2. – ENTRE AS MEMÓRIAS DESSA ÉPOCA E AS MINHAS
A eclosão do conflito armado na Guiné que, mau grado, acabaria por ser o meu destino nove anos depois, na condição de combatente miliciano, tem lugar quando tinha somente doze, ou dez anos se considerar o início da insurreição armada em Angola, em 15MAR1961, realizada pela UPA [União dos Povos de Angola], desconhecendo por completo, na época, o que estava na génese de cada uma, apenas gravando o conceito “Guerra do Ultramar”, com que foi baptizado. Frequentava, então, o Liceu Camões, a segunda escola pública a ser construída em Lisboa, na Praça José Fontana, e inaugurada em 16OUT1909, sendo a primeira o Liceu Passos Manuel, em 1836, e que na sequência do «25 de Abril de 1974» passou a designar-se por Escola Secundária de Camões, mudança de nome verificada, aliás, em todos os Liceus existentes nessa época.
Nesse período o que mais me marcou e que ainda hoje retenho daqueles ambientes carregados de emoção, muitas lágrimas e uma mancha humana acenando com lenços brancos, foram as imagens dos embarques, na Rocha Conde de Óbidos, dos diferentes contingentes de militares zarpando rumo a Luanda, Bissau ou Lourenço Marques, então mais velhos do que eu nove/dez anos.

Cais da Rocha (1963 / há mais de meio século) – Imagem (cinzenta como o ambiente) que se viria a tornar banal em Lisboa, uma vez que passou a ser repetida tantas vezes quantos os embarques dos contingentes com jovens milicianos (combatentes) realizados com destino a um dos três Teatros de Operações (Angola, Guiné ou Moçambique). E foram largas centenas. Era o momento da despedida reciproca e que para alguns foi para sempre… lamentavelmente. A partir de 1971, passou a ser utilizado, também, o transporte aéreo através da FAP, por ser mais rápido, cómodo e económico quando comparado com o marítimo (foto de autor desconhecido).

Entretanto, a avaliação provavelmente empírica de Louro de Sousa deveria ser reflexo daquele que terá sido o primeiro grande PROBLEMA que se colocou aos responsáveis políticos da época - os RECURSOS (quer os HUMANOS quer a competente LOGÍSTICA) - sempre imprescindíveis em qualquer organização, de que a MILITAR não é excepção, particularmente em contexto de guerra. E esses problemas não estavam resolvidos… nem nunca estiveram.

De referir que o conceito de logística, enquanto ramo autónomo da ciência militar, significa a arte do planeamento e da execução de movimentos e sustentação de forças. Nela se inclui um vasto conjunto de actividades complexas e interdisciplinares que vão desde a sua concepção e desenvolvimento; obtenção, recepção, armazenagem, movimentos, distribuição, manutenção, evacuação e alienação de materiais, equipamentos e abastecimentos e todas as actividades de apoio sanitário.
Por outro lado, as distâncias entre a Metrópole e cada um dos três TO, às quais se adicionam a inexperiência em relação ao modo como gerir, com sucesso, a natureza social e política do conflito e, ainda, à teimosia cega de não o resolver com bom senso, conduziram a uma maior exigência operacional dos efectivos aí destacados. Os recursos humanos e logísticos cresceram, por isso, ao longo dos anos, concomitante com as responsabilidades atribuídas aos jovens militares, fazendo recair sobre estes, desde o seu início, o ônus da manutenção de Portugal no continente africano em nome da Pátria, isto é, em nome da perpetuação do regime político vigente, se necessário com recurso da sua própria vida, como está plasmado na vasta bibliografia existente, quer seja nacional ou internacional.
Considerando que o conceito problema [contexto acima] faz parte, justamente, do nosso léxico do dia-a-dia [ex.: tenho um problema; só temos problemas; arranjaste-me um problema; como resolver este problema; …] recupero aqui a definição do escultor e escritor italiano Bruno Munari (1907-1998) que nos diz: “todo o problema implica um certo saber do não saber, ou seja, antever, se terá ou não solução e para isso é preciso experiência” (in. Das Coisas Nascem Coisas, Lisboa. Edições 70, 1982, p. 39).
Durante a presença no CTIG (1972-1974), que decorreu entre os nove e os onze anos do conflito, reconheço a existência dos problemas caracterizados anteriormente por Louro de Sousa, por experiência feita da actividade operacional na minha Unidade Orgânica [CART 3494], ainda que admita serem de menor escala face ao esforço que naturalmente foi despendido para os minimizar ao longo do tempo uma vez que foram operacionalizadas diversas mudanças no terreno em função da reformulação das estratégias/tácticas propostas pelas sucessivas chefias militares nomeadas pelo Governo Central, mas sem grandes resultados.
Contudo, esse contacto directo com as várias realidades leva-me a ter uma percepção dualista, ou seja, NÃO e SIM, uma vez que eram distintos ou desiguais a natureza de cada um deles, bem como os contextos e locais onde se actuava, variando em função da geografia do terreno e da proximidade das linhas de fronteira, quer a norte quer a Sul, onde, nestas regiões, estavam sedeadas as principais bases do PAIGC. Esta localização facilitava-lhes a vida, e muito, pois ampliava o quadro de opções de mobilidade para realizarem as suas actividades de ataques e flagelações aos alvos seleccionados. Era também desigual a vida nas Cidades, nas sedes de Batalhão (CCS), nos Aquartelamentos e Destacamentos, e quanto mais no interior maior, levando-nos a (con)viver com o fenómeno da interioridade e com as situações adversas sem alternativas.
Outro problema, não menos importante, estava relacionado com o esforço que era necessário fazer para manter em funcionamento a rede da estrutura logística, sem a qual não teria sido possível suportar tanto tempo, por efeito dos insuficientes recursos locais e financeiros, ainda que uma parte dela estivesse a cargo de cada umas das Unidades por descentralização de competências.
Voltando ao ano de 1963, recordo que a principal actividade era a de estudante no Liceu Camões onde existiam na minha turma alguns colegas que, em função de interesses comuns, convivíamos grande parte do tempo escolar partilhando ideias e actividades (comportamento normal no processo de socialização). Um dos interesses em presença estava relacionado com a prática lúdica, vulgo futebol, à hora do almoço, com jogos no relvado central do Parque Eduardo VII ou na zona cimentada perto da Estufa-Fria, umas vezes competindo entre nós (estudantes), outras envolvendo elementos estranhos ao grupo, funcionários administrativos de empresas instaladas na zona.
De entre os vários elementos do nosso grupo, e pelas razões que seguidamente justificarei, quero recordar o nome do saudoso colega e amigo Artur José de Sousa Branco, meu companheiro de alguns anos, e que face ao seu entusiasmo pelas letras e pelo desporto, conseguiu conciliar ambas as actividades, ingressando nos escalões de formação do S.L. Benfica. Ao atingir o escalão de sénior e antes da sua incorporação obrigatória no serviço militar representou (creio) o Club Atlético de Valdevez, na época:1970/71 - [J-nº. 47.451 AFL].
Quis o destino que cada um de nós, depois de nos separarmos por algum tempo, fazendo percursos distintos, acabaríamos por convergir para o mesmo itinerário ultramarino, rumando à Guiné, eu para CART 3494 (Xime/Mar’72) e ele, poucos meses mais tarde, para a CCAV 8350 (Gadamael). Em 4 de Junho de 1973, dez anos depois do início da Guerra e a um do seu epílogo, acabaria por tombar no “jogo dos operacionais” ou seja, no “jogo da superação permanente e da sobrevivência”.
Recebi a notícia da sua morte ainda durante a “comissão” através da comunicação social da metrópole, que me era enviada pelo meu pai duas vezes por semana, na qual se faziam referências regularmente às principais ocorrências nos diferentes TO, em particular no que concerne às baixas das NT, desconhecendo, no entanto, os detalhes do sucedido com o meu/nosso camarada Sousa Branco, ex-Alf.Art., como era conhecido entre nós.
Porém, face à existência do nosso Blogue, descobri este episódio no P14325-LG narrado na primeira pessoa pelo nosso camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp, em sua memória, a quem envio um forte abraço de agradecimento, onde ele refere o seguinte: “Sou (fui) um dos intervenientes desse triste e doloroso episódio na História da CCAV 8350”. Recorda que na tarde de 4JUN1973, em Gadamael, o Alf Mil Branco saiu com um reduzido grupo de combate (12 homens) para fazer um reconhecimento nas imediações do aquartelamento, na antiga pista, a cerca de 1 km do arame farpado. O grupo cai de imediato numa emboscada e só não foi totalmente aniquilado graças à pronta intervenção das tropas paraquedistas (CCAÇ 122/BCP 12, acabada de chegar a Gadamael, na manhã de 03JUN, sob o comando do cap. paraquedista Terras Marques). Este acontecimento está, também, publicado em “A última missão, de José Moura Calheiros, 1.ª ed., Caminhos Romanos, Lisboa, 2010, pp. 527/528”.
Nesse mesmo ano de 1973, quando estava já contabilizada uma década do conflito armado, o problema das instalações inadequadas mantinha-se, situação gravada nas imagens abaixo [para memória futura], de que é exemplo o Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, sito na estrada Xime-Bambadinca. Este espaço fora ocupado a partir de 29MAI1969 pelo camarada Carlos Marques [ex-Fur.Mil da CART 2339], acompanhado por elementos do seu GComb, data em que a ponte aí existente [velha] foi danificada por elementos do PAIGC, história já narrada nos P12565/586-LG + P193, P197 e P199 [CArt 3494]. Trata-se de um mero exemplo e não caso único como se pode provar através do vasto espólio existente no Blogue da Tabanca.
Recordo, nas fotos abaixo, esse tempo e esse espaço no cada vez mais distante ano de 1973.
JUL’1973 - Estrada Xime-Bambadinca [Ponte do Rio Udunduma] imagem de um buraco aberto no chão, coberto de troncos de palmeira, terra e chapas de zinco a cobri-los, protegido no exterior com bidões de gasóleo cheios de terra, com uma pequena abertura, tendo no seu interior uma cama de ferro, com colchão, do mobiliário militar. Este buraco foi o meu “quarto” durante alguns meses…
JUL’1973 – Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, na Estrada Xime-Bambadinca. Imagem do condomínio fechado.
  3.– UMA VISÃO HISTÓRICA SOBRE A LOGÍSTICA DE PORTUGAL NA GUERRA DE ÁFRICA (1961-1974), POR PEDRO DA SILVA MONTEIRO (CAP.) 
Para concluir a presente narrativa, consideramos pertinente divulgar o que vem sendo feito a nível da investigação histórica relacionada com o fenómeno da “Guerra do Ultramar”,
destacando o trabalho do Capitão Pedro da Silva Monteiro, elaborado certamente no âmbito da sua formação académica e destinado à Academia, publicado na Revista Militar n.º 2539/2540 de Agosto/Setembro de 2013, com o título “A Logística de Portugal na Guerra Subversiva de África (1961 a 1974)”, e que se enquadra na nossa temática.

A investigação em referência identifica, como questão central, em que medida a manobra logística de Portugal influenciou as operações militares nos três TO e contribuiu para a sustentabilidade da Guerra Subversiva de África, de 1961 a 1974.
Desta questão de partida inicial a investigação derivou para mais seis subtemas, a saber:
  1. - Qual a estrutura logística de Portugal antes e durante da guerra?
  2. - Que dificuldades sentiram os serviços de apoio logístico de Portugal e quais os maiores problemas verificados?
  3. - O que esperava o governo português do sistema logístico?
  4. - Quais as necessidades sentidas pelas forças em operações, e que abastecimentos foram fornecidos?
  5. - Que apoios logísticos recebeu Portugal do exterior?
  6. - Como é que os serviços de apoio logístico se adaptaram às exigências operacionais e que implementações foram feitas?
    Eis uma parte do resumo elaborado pelo autor.
Neste sugestivo trabalho de investigação encontramos algumas análises de dimensão histórica e política que ajudam a situar a problemática identificada por Louro de Sousa, em 1963.
Recebam um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
10MAR2016.