Total visualizações de páginas, desde Maio 2008 (Fonte: Blogger)

domingo, 11 de dezembro de 2011

P 133 - Últimos Meses do último Chefe do Estado-Maior do CTIG / Guiné (1973/74) - Apontamentos biográficos: Agosto 1974: CCAÇ 21 toma o Quartel em Bambadinca e exige 300 mil escudos por homem para entregar a arma


Nota introdutória: MSG trocadas sobre apontamentos biográficos entre Luís Vaz,(filho do último Chefe do Estado Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz) Sousa de Castro, tertúliano da Tabanca Grande, "luisgracaecamaradasdaguine" e Luís Graça, editor da Tabanca Grande "luisgracaecamaradasdaguine"


De: Luís Vaz [mailto:luisbelvaz@gmail.com]
Enviada: domingo, 11 de Dezembro de 2011 01:14
Para: Sousa de Castro
Assunto: SECRETO ou para Publicar? "Últimos Meses do último Chefe do Estado-Maior do CTIG / Guiné (1973/74)" por: Luís Gonçalves Vaz

Caro Sousa de Castro;

Como deve estar de fim-de-semana e não me pode responder, envio-lhe na mesma "meu o Artigo" de que lhe falei,


"Últimos Meses do último Chefe do Estado-Maior do CTIG / Guiné (1973/74)"


 Leia-o com cuidado por favor, e dê a ler ao EDITOR CHEFE, e em sintonia… decidam, ou não publicam ou publicam, já que nas notas pessoais, retiradas das Agendas pessoais do meu falecido pai, e não censuradas por mim!!!, falam um pouco de alguns casos de indisciplina, mas foi o que se passou (poderão ferir susceptibilidades...)! Com mais ou menos "Dignidade", o FIM do Império Português teve episódios menos felizes!… A DECISÃO É VOSSA, antigos Combatentes e "Mentores destes Blogs", como tal aceito qualquer que for a vossa decisão, inclusive a sua publicação mas , retirarem algumas Notas, se assim o entenderem.

 Abraço e BOM TRABALHO e BOM Fim-de-semana:

 Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz)



No dia 11 de Dezembro de 2011 12:39, Sousa de Castro <sousadecastro@gmail.com> escreveu:

Caros amigos e camaradas,

Envio msg de extrema importância, que me foi endereçada pelo filho (Luís Vaz) do Coronel Henrique Vaz, último chefe do Estado Maior do CTIG.

Deixa ao nosso critério de a publicar ou não, gostaria da v/opinião PT
Abraço,
Sousa de Castro

E a resposta do Luís Graça não se fez esperar: domingo 11-12-2011 13:10

Sousa de Castro e Luis Vaz:
As minhas melhores saudações param os dois. Muito obrigado pela confiança que em mim depositam, em mim e neste blogue que é de todos. Acabei de ler, na vertical, as notas pessoais do Cor Henrique Vaz. Julgo que são preciosas e publicáveis...É um bom serviço que o Luís presta à memória do pai e dos demais ex-combatentes no CTIG. Este período foi doloroso para todos nós. Mas a sua gestão também foi inteligente e corajosa. Temos que saber todos, através do testemunho de atores como o pai do Luís, a importância e a delicadeza da missão... Vou publicar, mas antes vou apresentar o Luís à Tabanca Grande. Ele merece estar entre nós. Ele e a memória do seu pai. Um bom fim de semana.
Luis Graça




Últimos Meses do último Chefe do Estado-Maior do CTIG / Guiné  (1973/74)

Por: Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz)


Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Artª4    NOMEAÇÃO DE PESSOAL PARA O ULTRAMAR:

“…Que, segundo a nota nº 015372 Pº 102.020 de 09MAI73 da RO/DSP/ME, por despacho de 18ABRIL de 1973,  foi nomeado para servir no CTIG, por ESCOLHA, nos termos da alínea a) do nº1 do artº 20º do Dec. Lei 49107 de 1969, o Exmº Coronel do CEM HENRIQUE MANUEL GONÇALVES VAZ, Comandante deste Regimento de Cavalaria nº 6, para substituição do Exmº Coronel do CEM  JOSÉ GONÇALVES DE MATOS DUQUE, nas Funções de Chefe do Estado-Maior do CTIG …”
(In:  O S. nº119 de 21/05/1973 do Regimento de Cavalaria nº6) 




(Alguns excertos dos registos pessoais do Coronel do CEM,  Henrique Manuel Gonçalves Vaz, no ano de 1974, no Teatro de Operações da Guiné Portuguesa)


Bissau, 6 de Janeiro de 1974

"...Às 16h 15m, houve uma reunião de análise operacional na Sala de Operações do C. C. (Comando Chefe). Decorreu bem. Foi a 1ª Operação planeada pelo nosso General (Bettencourt Rodrigues), seu Estado Maior e Estado-Maior do CTIG e demais ramos das Forças Armadas ………… e nossa análise. No final, o General Comandante-chefe recordou-a com emoção!..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)


Coronel Henrique Vaz, ao lado esquerdo do general Bethencourt Rodrigues numa cerimónia oficial em Bissau, no ano de 1973.
 Bissau, 7de Janeiro de 1974
"... Soubemos hoje á noite, que em Canquelifá, foram mortos em combate, 6 Cubanos e mais 6 Africanos do INI (inimigo). Uma equipa Fotográfica do Batalhão Fotocine, seguiu de madrugada para lá, a fim de obter imagens. ..."


Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)








Nota: Nesse combate morreu um militar das N.T, o  Ranger:LUÍS FILIPE PINTO SOARES (Furriel Miliciano de Operações Especiais) Companhia de Caçadores 3545


O Coronel Henrique Vaz, Chefe do Estado-maior, comandando exercícios com fogos reais, na zona oeste da Guiné (Pelundo- 1973).
Bissau, 28 de Janeiro de 1974

"... Visita a Bambadinca, voamos num Dornier 28 dos TAGP. Regressamos depois do almoço. De tarde visitou-se o Bat. de Engenharia e o Bat. de Serviços de Material na ... . Em seguida Briefing no C. C. (Comando Chefe). ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 1 de Fevereiro de 1974

"... Às 07h30m estava no Q. G. a preparar os despachos dos dois Brigadeiros. Às 19h50m, estava a sair do Quartel General. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 6 de Fevereiro de 1974

"... Em visita particular, vem ao Q. G. o General Câmara Pina, antigo CEME. Foi recebido na Sala de Operações... . No final conversou no gabinete do Comandante do CTIG. ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 22 de Fevereiro de 1974
"... Cerca das 19h e 10 m quando me encontrava na gabinete do brigadeiro Comandante Militar (Banazol), com este e com o Brigadeiro 2º Comandante (Figueiredo), rebentou um explosivo colocado na casa de banho que a destruiu, assim como algumas das dependências contíguas. A forte deslocação do ar, rebentou a porta e os vidros que foram projectados em frente, onde se encontrava o Brigadeiro 2º Comandante, de pé, e que caiu na direcção onde eu me encontrava sentado. O Brigadeiro Comandante Militar sentado na minha frente ainda sofreu. O 2º Comandante foi levado para o Hospital de Bissau, visto sangrar bastante de uma ferida na parte posterior da cabeça. Eu tive leves arranhões, de que me tratei no posto de saúde da C.C.S. (Comando da Companhia de Serviços). Estavam também presentes, no Gabinete Central, o Major Ferreira da Costa e o Tenente Abrantes. Também presentes nos respectivos gabinetes, a minha ordenança (Ernesto), o Sambu J., 1º cabo e ordenança do 2º comandante e o Jaló (Djaló) meu condutor, estava também no meu gabinete. 
      Ninguém ficou ferido gravemente. Foi um verdadeiro milagre! ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 2 de Abril de 1974
“…Visita do Brigadeiro Sales Grade (Director da Arma de Transmissões) e jantar ás 20h30…”
“… Às 08h14m levantamos voo, em avião do TAGP para a Aldeia Formosa, com o nosso Brigadeiro Comandante, o Tenente.-Coronel Maia e Costa, Cmdt do Bat. Eng., o Major Marques, oficial de operações do Batalhão de Engenharia, o Tenente Abrantes, adjunto do Nosso Brigadeiro e eu. Chegamos e o Tenente.-Coronel Ramalheira, Cmdt de Batalhão e o 2º Cmdt, Major Lopes, fizeram um Briefing, rápido …e o oficial de operações do Batalhão de Engenharia também explicou …  e depois de darmos uma volta ao aquartelamento, fomos pela estrada com uma escolta. …Passamos por Mampatá … faltavam 4 km para ligar á estrada que vem de Buba. Correu uma equipa com …. e vieram com eles dirigidos pelo Alferes Campos: Verdadeiro espírito de missão, entusiasmo e eficiência. Estivemos em 2 Pedreiras… De regresso paramos em Manpatá (Saltinho, no extremo sul do território) e vi a árvore que dá o nome à Povoação. Regressamos às 12h 00 e não aterramos em Buba. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Visita a uma unidade com o Comandante-Chefe, General Bettencourt Rodrigues (1973)
Vendo-se em 1º plano, da esq. para drt.: Cor. Henrique Vaz, GEN. Bettencourt Rodrigues e Brig. Banazol
Bissau, 3 de Agosto de 1974
"... Estamos de prevenção, pois hoje é o Aniversário do Massacre do Pigiguiti. Tropas Europeias ... nas Unidades. ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 12 de Agosto de 1974

"...Reunião exploratória, dirigida pelo Comandante Militar com novas orientações do planeamento pela 4ª Repartição. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 16 de Agosto de 1974
... Este foi um dia tremendo de trabalho e emocionante com as notícias de Bambadinca, em que a Companhia. de Caçadores nº 21 a tomar conta do aquartelamento e a exigirem 300 contos por homem, para entregarem a arma e passarem à disponibilidade! Foi para lá o Governador Brigadeiro Fabião e ao fim da tarde foi recebida a notícia de que tudo estava resolvido. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 20 de Agosto de 1974

"... Despediram-se o Major Barreto Fernandes e o Tenente Abrantes, respectivamente, chefe da Secção de M.M. e Adjunto do Brig. Comandante. Desde 17 que oficialmente se constitui o Q. G. unificado para o C. C. (Comando Chefe) e CTIG . Publicado em Ordem de Serviço do Comando Chefe.
Soube-se hoje após o almoço que irá vigorar o esquema:
- Totalidade de pessoal (-6000) evacuado até 20 de Setembro de 1974 ……
- Restantes até Dezembro (?)
- Entretanto vai-se “evacuando” o material  ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 22 de Agosto de 1974

"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320 do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 23 de Agosto de 1974

"... Durante o dia, as "resistências" do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima ... e não teve remédio (o Comandante Militar) senão ....  ceder! fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre  à atenção para a gravidade da situação. ..."

"... Reuni com a comissão que veio de Lisboa sobre os “Planos de Retirada”: Hipótese A e B. Mandei  fazer a lista uma a uma para...."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Cor. Henrique Vaz, em Nova Lamego com o Brg. Banazol, perante um desfile de um pelotão de Milícia, no âmbito do encerramento da instrução. Guiné - Setembro 1973
Bissau, 24 de Agosto de 1974
"... O UIGE com o Batalhão do Cunha, o "famigerado" Batalhão de Cavalaria nº8320 de Bula, partiu a princípio da madrugada para Lisboa. Estive atento no Cais a vê-los partir! Disseram-me que até hastearam uma bandeira vermelha com a foice e o martelo!..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 26 de Agosto de 1974

"... Hoje à tarde, soube-se que sairíamos da Guiné até 31 de Outubro de 74 e em 10 de Setembro será proclamada a Independência da Guiné! FIM de uma triste aventura, muito Inglória a que nos levaram os...."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 30 de Agosto de 1974

"... Reunião no Palácio do Governador às 18 00 h, de acordo com os acontecimentos na Metrópole, de apoio ao General Costa Gomes e repúdio das manobras reaccionárias ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 9 de Setembro de 1974
 
“… Estive até às 20 00h no meu gabinete com o Tenente-Coronel Virtuoso (?) e o Capitão (S)Lomba, a finalizarmos o “Estudo da Comissão Liquidatária do QG/CTIG em Lisboa” e dos elementos que ficam em Bissau de 30 de Setembro a 31 de Outubro. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG

Bissau, 21 de Setembro de 1974

"... Acabei o célebre trabalho de saber quantos militares estão em Bissau até 31 de Outubro. Mérito mais que o desejado. ..."
 
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 23 de Setembro de 1974
"... Tive muito que fazer hoje! consegui fazer a “Carta sobre a Redução de Efectivos e Comissões Liquidatárias”. Às 20h 30m fomos ao Aeroporto receber o Ministro da Coordenação. interterritorial. (António Almeida Santos) ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Cor. Henrique Vaz com Maj. Aragão, em visita a uma Tabanca - Guiné, 1974
Bissau, 3 de Outubro de 1974

"... Quando regressava a casa, cerca das 23h 30m, ao cruzar-me, em Sª Luzia com o Lemos, soube por este, que o  Brigadeiro Fabião tinha sido escolhido por maioria para Chefe de Estado-maior do Exército. ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 4 de Outubro de 1974

"...Soubemos hoje que o nosso regresso se efectuaria a 15 deste mês! Novos planos, novas missões e novos aspectos  de vários problemas a encarar! ..."

“… O Morgado soube que estava indicado para C.E.M. (Chefe do Estado-Maior) da Região Militar de Évora. Reagiu logo e o Brigadeiro Figueiredo mandou fazerconsiderando-o indispensável na Comissão Liquidatária em Lisboa. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 5 de Outubro de 1974

"... Dia de trabalho derivado da antecipação da nossa saída em 15 deste mês (pois passou para 14 de Outubro) ...
Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 5 de Outubro de 1974

"... Trabalhei no Quartel General de manhã e de tarde. Só  amanhã  saberemos se virão os dois navios, Uige e Niassa ou só o primeiro! ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 9 de Outubro de 1974

"... Fui convidado pelo Comodoro Ricou para ir às 19h 00 a casa do Comodoro Almeida D`Eça, festejarmos “as suas primaveras”. Estiveram os Comandos da Marinha, o Brigadeiro Fabião e o Big. Figueiredo, o Coronel M. Lopes, Majores Capela e Mourão e ..."
"... Tenho andado muito ocupado com a organização das "Cargas dos aviões", pois por despacho escrito do nosso Brigadeiro, determinou que eu me responsabilizasse pelo assunto. Tenho assim trabalhado muito nestes últimos dias, o que me tem dado satisfação ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 10 de Outubro de 1974

"...  
Ao fim do dia o Major Mourão veio perguntar-me se tenho pronto o “Plano de Entrega dos Aquartelamentos” para o levar ao Brigadeiro Fabião ..."

“… Fui ao Q.G. “fazer” os últimos avisos”. Ao fim da tarde um dos dois aviões TAM de 13, por proposta da F. A (Força Aérea Portuguesa), passou para 12 !!! ÀS 14h00m iniciei a organização apressada das malas, que …”

“… Às 16h 30m vieram visitar-me a casa, o Dr. Silva B. e mais um pessoal do PAIGC, acompanhados pelo Major Aragão. Recebi-os com atenciosa referência. …”

Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 11 de Outubro de 1974

"... Tivemos às 15H00, na Amura uma reunião com os comandantes do PAIGC, comandante Gazela, comandante  BOBO KEITA  e o comandante   ... (... do próprio) Correia,  sobre a entrega dos quartéis de Sta Luzia e outros. ...""... Fomos jantar ao Palácio, julgo que todos ou a maioria dos oficiais do Quadro Permanente presentes na Guiné. Jantar volante, simpático e descontraído, num ambiente alegre e ... . Anedotas contadas pelo Coronel Lemos e pelo Major Lemos Alves. ..."

 Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

NOTA:
Comandante BOBO KEITA,
Fez parte de todas as delegações do PAIGC que negociaram o reconhecimento da independência da Guiné-Bissau, depois do 25 de Abril.  Morreu em Lisboa em Janeiro de 2009.

Comandante GAZELA
Cabral de Almada, conhecido por "Comandante Gazela" (na nota do coronel Henrique Vaz só o refere como GAZELA)


Sobre os “Planos de Evacuação da Guiné” (Abril/Outubro de 1974)
“…Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comdt Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado-Maior, Henrique Manuel Gonçalves Vaz, Coronel do CEM. … “
Paulo Reis (Jornalista) in:


Hastear da bandeira da Guiné-Bissau em Canjadude em 20 de Agosto de 1974.
(Foto de  João Carvalho – 1974 – com a devida vénia)
Nota: Peço desculpa, se ao transcrever algumas  notas pessoais do meu falecido pai, Coronel Henrique Gonçalves Vaz ,troquei ou alterei o nome de algum militar português, interveniente nestes últimos meses, no Teatro de Operações da Guiné, pois foi sem intenção e devido à dificuldade de ler, algumas passagens nos seus registos pessoais .

                                            Luís Gonçalves Vaz 
(filho do último Chefe e Estado-Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz)



Biografia do Coronel Henrique Manuel Gonçalves Vaz (fase da Guiné)
          Em 1973 é nomeado (Escolhido segundo a Ordem de Serviço nº119 de 21/05/1973 do Regimento de Cavalaria nº6) para servir novamente no Ultramar e embarca em Lisboa, em 7 de Julho, com destino desta vez para o C.T.I.G. (Comando territorial independente da Guiné), onde é colocado como Chefe do Estado Maior, e sob o comando do General Spínola, posteriormente do General Bettencourt Rodrigues.  Esta missão, numa altura de grandes ofensivas do inimigo de então, o P.A.I.G.C., é levada até ao 25 de Abril, com alguns incidentes, sempre ultrapassados com muito “Mérito Profissional”, nomeadamente a “estadas forçadas” em aquartelamentos no teatro de operações, devido a  ataques do inimigo (flagelações) a essas  pequenas unidades militares na altura em que o Coronel Vaz as visitava como Chefe do Estado-Maior, bem como a sobrevivência à explosão de uma bomba (22/02/1974) que colocaram no Q.G. (Quartel General), tendo-lhe causado apenas pequenas escoriações.


Coronel Henrique Vaz e o Brigadeiro Banazol (Comandante do C.T.I.G),
durante uma cerimónia em Chão Felupe ( Guiné – 1973 ).



A partir desta data (25 de Abril), e como um dos militares (do Corpo do Estado-Maior) mais graduados1 do Exército Português, neste teatro de operações, leva outra missão até ao seu términos, a de em colaboração com as restantes autoridades civis e militares, entregar paulatinamente, os territórios até então sob a administração portuguesa, ao P.A.I.G.C. . Também terá simultaneamente de acantonar e desmobilizar algumas das tropas portuguesas africanas e de implementar o regresso de milhares de soldados portugueses ao Continente. Só regressará a Lisboa no dia 14 de Outubro de 1974, cerca de seis meses após a Revolução de 25 de Abril. Esta missão só será terminada na Comissão Liquidatária em Lisboa., onde permanecerá até Dez. de 1976.
1 - O Comodoro Almeida Brandão desempenhou as funções de comandante-chefe interino , o tenente-coronel (graduado em Brigadeiro) Carlos Fabião as de delegado da Junta de Salvação Nacional e de representante do Governo Português na Província da Guiné e o Brigadeiro Galvão de Figueiredo de Comandante Militar do CTIG.

sábado, 10 de dezembro de 2011

P132 (1) “A descolonização Portuguesa” (Painel dedicado à Guiné 29 de Agosto de 1995) / Estudos Gerais da Arrábida - Houve muitos que foram sumariamente executados.



Excertos retirados de: ESTUDOS GERAIS DA ARRÁBIDA por:

Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do último Chefe e Estado-Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz)






 Depoimentos do General Mateus da Silva (1), feitos em 1995 no âmbito dos "Estudos Gerais da Arrábida  "A DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA"
   
 (1)     Eduardo Mateus da Silva: Engenheiro militar da Arma de Transmissões. Chega à
     Guiné em Junho de 1972, como tenente-coronel. Membro do MFA desde os
     primórdios. Encarregado do governo da Guiné, depois do 25 de Abril.

Palácio do Governador - Bissau - Guiné 1971

General Mateus da Silva: (…) Também, logo a seguir (vocês não conhecem a Guiné, mas a parte Leste é a parte da etnia fula), posso dizer [a data exacta],tenho aqui os documentos: a 3 de Maio, libertação de 25 presos políticos da Ilha das Galinhas; a 7 de Maio, libertação dos últimos 37 presos políticos da Ilha das Galinhas. Portanto, nós não pudemos libertar logo todos os presos da Ilha das Galinhas. Isto provocou uma certa discussão porque nós estávamos em guerra com o PAIGC e eles não eram só prisioneiros políticos; eram, por assim dizer, prisioneiros de guerra.
Manuel de Lucena: E não ficou mais ninguém?
General Mateus da Silva: Eram os presos que haviam. Havia uma certa lógica que nós ficássemos com esses presos até como um elemento para negociação futura com o PAIGC. Mas de facto não o fizemos.
António Duarte Silva: Mas discutiram isso?
General Mateus da Silva: Não. Discutimos entre nós, e decidimos libertá-los.
António Duarte Silva: Qual foi a argumentação com base na qual (…)
General Mateus da Silva: (…) É difícil. Nós achámos que, para a estabilização da situação na Guiné, era melhor procedermos assim.
Até porque nós queríamos fazer gestos em direcção ao PAIGC. Porque a situação militar era um situação (…) Eu há pouco referi-a ao que eu pensava: «Que azar estar na Guiné…». Imaginem o que era estar na Guiné como nós estávamos, com um PAIGC que tinha superioridade militar sobre nós, tinha um apoio logístico dos dois territórios que nos envolviam [Senegal e Guiné-Conacri], não lhe faltava nada. Tinha armas superiores às nossas e, se quisesse, podia aproveitar esta situação do 25 de Abril para fazer uma acção militar. As nossas tropas estavam desmobilizadas, já não queriam combater, achavam que não
valia a pena. Então, tivemos de fazer gestos em direcção ao PAIGC,
como este, naturalmente, da extinção da DGS, e da libertação dos
presos políticos. O Zé Manuel [Barroso] vai contar-vos que eles
criaram um partido político na Guiné, em Bissau – não sei se quer
contar essa … Neste ponto, Manuel de Lucena insiste sobre a questão dos presos
políticos e da sua libertação no contexto de uma grave crise militar e
política. E António Duarte Silva pensa que essas libertações terão sido
só dos prisioneiros em Bissau.
General Mateus da Silva: Não, não. Todos os presos políticos da Guiné (…) porque a maior parte (…) Bom, vamos lá chamar as coisas pelo nome. Houve muitos que foram sumariamente executados.
António Duarte Silva: Oh senhor general! Eu penso que não. A execução de presos políticos foi em Bissau, quando foi destruída a sede clandestina do PAIGC. A maioria desses prisioneiros não eram Guerrilheiros, mas sim quadros políticos do PAIGC em Bissau. […]
General Mateus da Silva: Em certas situações, houve presos políticos que foram executados pelas nossas tropas. Alguns. Mas, na maior parte, eram libertados. Eu, a sensação que tenho (…)
Manuel de Lucena: Isso é importante. Execuções maciças ou (…)
General Mateus da Silva: Não, não. Esporádicas. Um ou dois. O executado era (…). Eles eram presos e depois, podia ser um tipo muito importante, era deixado fugir e era abatido. Era uma coisa deste género. Coisa esporádica, sim, sim, e era completamente fora das directivas do comando. Eram iniciativas locais. (…)

Vd. Posts relacionados com este assunto publicado em Coisas da Guiné

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

P-131 (3) (Luís Gonçalves Vaz) Troca dos útimos prisioneiros na Guiné em 1974, 35 do PAIGC, 7 militares Portugueses (Fim)



"Troca dos últimos prisioneiros na Guiné (3) "   CONTINUAÇÃO/FIM

Foto de: Bara István, fotógrafo húngaro,

1969 – um guerrilheiro do PAIGC transporta armamento para mais uma flagelação às tropas coloniais portuguesas.


(...) A permuta de prisioneiros não chegou a efectuar-se em 9 de Setembro de 1974,em virtude do PAIGC não ter apresentado os Prisioneiros das NT (nossas tropas), retidos em seu poder, nessa data. Como consequência, os elementos das NT e jornalistas (nacionais e estrangeiros) regressaram pelas 16h00 a BISSAU, tendo ficado em Aldeia Formosa o capitão-tenente Patrício com os 35 PG/PAIGC, que aí aguardaram até a chegada dos PG/Nossas tropas. Nesse sentido, o Encarregado do Governo da Guiné, telegrafou à Direcção do PAIGC manifestando a sua estranheza pela não apresentação dos Prisioneiros de guerra por parte do Partido. Em resposta, LUÍS CABRAL apresentaria desculpas esclarecendo que a demora tinha sido devida "ao mau estado das estradas", não tendo sido possível por isso transportar os prisioneiros como fora planeado.
Luís Gonçalves Vaz

A troca dos trinta e cinco prisioneiros de guerra (guerrilheiros do PAIGC), em nosso poder e retidos na Ilha das Galinhas, pelos sete prisioneiros (já identificados anteriormente) das nossas tropas, e retidos pelo PAIGC no Boé, só veio finalmente a concretizar-se no dia 14 de Setembro de 1974, pelas onze horas, no aquartelamento de Aldeia Formosa. Estiveram presentes nesse acto pelas nossas tropas, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela (Chefe da 2ª Rep. do QG), o Major de Artilharia Aragão, o Capitão-tenente Patrício, o capitão de Infantaria Manarte e o Furriel miliciano Elias (da 2ª Rep./QG/CTIG). Por parte do PAIGC, estiveram presentes os seguintes elementos; Manuel dos Santos (Sub. Secretário Informação/Turismo do G.B.), Carmen Pereira (Membro do Conselho de Estado/GB) e Iafai Camará (Comandante do Aquartelamento de Aldeia Formosa). Recebidos os prisioneiros das nossas tropas (sete militares) e depois de identificados, constatou-se que dos sete prisioneiros entregues, um era o soldado nº10998071, António da Silva Baptista do Batalhão de Caçadores 3872 – não constava dos ficheiros de militares portugueses retidos pelo inimigo, ou desaparecidos em combate.

Pelo que foi de imediato elaborada uma ficha, que foi entregue à 1ª Rep./QG, com a finalidade de “esclarecer a situação deste militar”. Como já referi anteriormente, o soldado em questão, António Baptista foi dado (erradamente) como morto em 17 de Abril de 1972, numa emboscada em Madina-Buco, onde as nossas tropas sofreram 1 desaparecido e 10 mortos, 6 dos quais queimados na explosão da viatura em que seguiam. Foi este facto que levou a confundir um dos corpos queimados na referida emboscada, com este militar desaparecido, António da Silva Baptista do Batalhão de Caçadores 3872. Imediatamente após a “identificação oficial” pelas nossas tropas dos nossos militares  prisioneiros, a comitiva regressou por via aérea, a Bissau onde desembarcaram cerca das 23 horas do dia 14 do mês de Setembro. Ficaram instalados no Hospital Militar de Bissau até às 04:30 horas do dia seguinte (15 de Setembro), data em que embarcaram por via aérea para Lisboa.
Luís Gonçalves Vaz
(filho do último Chefe e Estado-Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz)
Nota do editor:  Tendo em conta que fizeram o funeral  ao António Baptista conforme se pode verificar, no documento retirado do blogue:Luís Graça & camaradas da Guiné com a devida vénia, ele próprio a visitar a sua campa, na sua terra (Maia), Pergunta-se: Quem é a pessoa que meteram no caixão?!...

António Baptista

António da Silva Batista
Maia > Moreira > Cemitério local > Foto do Jornal de Notícias, edição de 18 de Setembro de 1974, mostrando o soldado António da Silva Batista, a visitar a sua própria campa.

A notícia do jornal era: "Morto-vivo depôs flores na sua campa". Na lápide pode ler-se: "Em memória de António da Silva Batista. Falecido em combate na província da Guiné em 17-4-1972".

A foto, de má qualidade, foi feita pelo nosso camarada Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CArt 3492 (Xitole, 1971/1973), com o seu telemóvel, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, e remetida ao Paulo Santiago.
cópia do relatório da CCaç 3490, Saltinho, 21 de Abril de 1972

Exemplar nº…
CCaç 3490
Saltinho
210800ABR72

Anexo B (Relação do pessoal morto e ferido em combate) ao relatório de emboscada nº 03/72.

1.Causas que deram origem às baixas sofridas pelas NT
-Contacto com o IN na emboscada sofrida pelas NT no dia 17 de Abril de 1972, na
região do Quirafo (Contabane 9. B7-60).

i)Relação numérica e nominal dos militares, milícias e elementos da População
colaborantes com as NT, mortos em combate:
- Sr. Alf. Mil. Nº 00788271 – Armandino da Silva Ribeiro
- Furriel Mil. Nº 01142371 – Francisco Oliveira dos Santos
- 1º Cabo Radioteleg. Nº 08845271 – António Ferreira
- 1º Cabo A.P.Met. nº 14964771 – Sérgio da costa Pinto Rebelo
- Soldado nº 09334069 – António Marques Pereira
- Soldado nº 10665171 – Bernardino Ramos de Oliveira
- Soldado nº 10896771 – Zózimo de Azevedo
- Soldado nº 10998071 – António da Silva Baptista
- Soldado nº 11117671 – António de Moura Moreira
- Sargento Mil. Nº 044665 – Demba Jau
- Civil – Serifo Baldé
- Civil - Tijane Baldé

ii)Relação numérica e nominal dos militares desaparecidos em combate
- Soldado nº 11331671 – António Oliveira Azevedo

iii) Relação numérica e nominal dos militares, feridos em combate
- 1º Cabo Atirador nº 11549071 – Augusto Carlos Leite
- Soldado Atirador nº 10819171 – José Manuel de Barros Fernandes
- Soldado Atirador nº 10977271 – Manuel Hernâni Martins Alves Gandra
- Soldado Atirador nº 11060971 – Manuel da Costa Almeida
- Civil – Saico Seidi
- Civil – Cabirú Baldé

Assina pelo Comandante da Companhia (Dário Manuel de Jesus Lourenço, Cap. Mil. Inf.) o Alf. Mil. Alexandrino Luís F. (restante ilegível).
2. Nota do QG da R. Miltar do Porto, solicitando que fossem pagos ao António Baptista os vencimentos em atraso e que fosse definida com urgência a sua situação militar.

Vd. Posts da série:05DEC2011 (1) (2) http://cart3494guine.blogspot.com/2011/12/p-129-troca-dos-utimos-prisioneiros-na.html
http://cart3494guine.blogspot.com/2011/12/p130-2-luis-goncalves-vaz-troca-dos.html

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

P130: (2) (Luís Gonçalves Vaz) Troca dos útimos prisioneiros na Guiné em 1974, 35 do PAIGC, 7 militares Portugueses (Continuação)

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
foto: de Luís G. Vaz
"Troca dos últimos prisioneiros na Guiné "

1) (...)  Imediatamente após a troca, foi feita a identificação (soldados; António Teixeira, Jacinto Gomes, António da Siva Baptista, Manuel Pereira Vidal e os 1ºs cabos; Duarte Dias Fortunato, Virgílio da Silva Vilar e o 1º cabo Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho), tendo os prisioneiros e a comitiva regressado de avião a Bissau.  Ficaram instalados no Hospital  Militar de Bissau, e no dia seguinte, dia 15 de Setembro de 1974, seguiram por via área para Lisboa.


Aldeia Formosa 1973 (De: José da Mota Vieira BCAÇ 4513, 3ª Comp.
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/arkidigi/aldeiaformosa01.htm com a devida vénia.

      2)      Caro Editor:

Relativamente à "Troca de prisioneiros no teatro de operações da Guiné", gostaria ainda de adiantar, com base no "Relatório da 2ª Repartição do QG do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné), autenticado pelo Chefe da 2ª Rep., o Major de Infª. Tito José Barroso Capela, classificado na altura como um Dossiê SECRETO,a saber:
De acordo com o previsto no Acordo de Argel,tudo se preparou (da parte dos Portugueses), para que a operação da "troca dos prisioneiros" se efectuasse na data estipulada. Assim a 9 de Setembro, seguiram de Bissau para a Aldeia Formosa os 35 prisioneiros (guerrilheiros do PAIGC),que no dia anterior tinham vindo da Ilha das Galinhas, e a comitiva das nossas tropas que os acompanhavam. Esta era constituída por, a saber; 2ª Comandante do CTIG, Coronel Tir. CEM Santos Pinto; Director do Hospital Militar, Tenente-coronel médico Viegas; Chefe da 2ª Rep. do CTIG, major de Infª Tito Capela e o Comandante do COP5, capitão-tenente da Marinha Patrício; Major de Infª Hugo dos Santos; 1ª Tenente da Marinha Brandão capitão de Cav.Sousa Pinto; capitão de Cav. Ramalho Ortigão e dois soldados da Polícia Militar. Todos estes elementos foram transportados de Nord Atlas, comandado pelo capitão piloto-aviador Carvalho, que fez duas viagens entre Bissau - Formosa e que levou igualmente um representante do PAIGC, o comandante Lamine Sissé, e cerca de vinte jornalistas nacionais e estrangeiros que se propunham fazer a cobertura do acontecimento.

A permuta de prisioneiros não chegou a efectuar-se em 9 de Setembro de 1974,em virtude do PAIGC não ter apresentado os Prisioneiros das NT (nossas tropas), retidos em seu poder, nessa data. Como consequência, os elementos das NT e jornalistas (nacionais e estrangeiros) regressaram pelas 16h00 a BISSAU, tendo ficado em Aldeia Formosa o capitão-tenente Patrício com os 35 PG/PAIGC, que aí aguardaram até a chegada dos PG/Nossas tropas. Nesse sentido, o Encarregado do Governo da Guiné, telegrafou à Direcção do PAIGC manifestando a sua estranheza pela não apresentação dos Prisioneiros de guerra por parte do Partido. Em resposta, LUÍS CABRAL apresentaria desculpas esclarecendo que a demora tinha sido devida "ao mau estado das estradas", não tendo sido possível por isso transportar os prisioneiros como fora planeado.... CONTINUA……….


Luís Gonçalves Vaz
(filho do último Chefe e Estado-Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz)


Vd. post da série: (1)  http://cart3494guine.blogspot.com/2011/12/p-129-troca-dos-utimos-prisioneiros-na.html

P-129 (1) (Por: Luís Gonçalves Vaz)Troca dos útimos prisioneiros na Guiné em 1974, 35 do PAIGC, 7 militares Portugueses (continua)

1) Troca de e-mails entre Sousa de Castro e Luís Beleza Gonçalves Vaz (filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz /Chefe do Estado-Maior do CTIG 1973/74) que foi o último Chefe do Estado-Maior do CTIG (do Q.G.)
2) MSG do Sousa de Castro

3) Caro Luís Vaz,
Agradeço muito o documento que acaba de me enviar, é de extrema importância para, não só, esclarecer como foi feita a troca dos prisioneiros entre as Forças Armadas e o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), como também ajudar a completar o puzzle do teatro de operações na Guiné . Por outro lado convido-o a visitar estes blogues que têm muito a ver com a Estória sobre a Guerra colonial na Guiné. Fico a aguardar mais estórias para possível divulgação neste ou noutros blogues se achar conveniente.



Com deferência,
Sousa de Castro

4) Mensagem de Luís Vaz

De: Luís Vaz [mailto:luisbelvaz@gmail.com]
Enviada: domingo, 4 de Dezembro de 2011 16:42
Para: sousadecastro@gmail.com
Assunto: Troca dos ultimos prisioneiros na Guine




Caro Sousa Castro:

 Muito obrigado por me ter respondido de forma tão célere!

Luís G. Vaz
Em primeiro lugar quero informa-lo de  que não sou ex-combatente, apesar de ter vivido em 1973/74 na Guiné Bissau, pois acompanhei o meu falecido pai, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz na sua última comissão em África,  que foi o último Chefe do Estado-Maior do CTIG (do Q.G.) sobre o Comando do General  Bettencourt Rodrigues. Depois do 25 de Abril, sobre o comando do então Brigadeiro Fabião, e em articulação com outros oficiais do Estado –Maior, implementaram os dispositivos de retracção  para acantonarem e retirarem deste Teatro de Operações, os milhares de militares portugueses presentes nesta Província, tendo só abandonado a Guiné, no último voo com tropas Portuguesas, no dia 14 de Outubro de 1974 na companhia do Brigadeiro Fabião. Como tal, e ao realizar a Biografia do meu falecido pai, Coronel de Cavalaria e do Estado/Maior, li muitos documentos classificados, do seu arquivo pessoal, e poderei acrescentar algumas informações sobre a troca dos últimos prisioneiros de guerra, com o PAIGC.


Troca dos últimos prisioneiros na Guiné

Mantivemos 35 prisioneiros (guerrilheiros do PAIGC) na ilha das Galinhas até a véspera do reconhecimento da Independência da República da Guiné-Bissau por parte do Governo Português. Pelo lado do PAIGC, mantinham 7 prisioneiros (4 soldados e 3 1ºs Cabos, do nosso Exército), um dos quais era o soldado António Baptista, que tinha sido dado como morto  em 17 de Abril de 1972, numa emboscada em Madina-Buco, onde as nossas tropas sofreram  1 desaparecido e 10 mortos, 6 dos quais queimados na explosão da viatura em que seguiam.  A troca destes sete prisioneiros na posse do PAIGC (retidos no Boé) por 35 guerrilheiros do PAIGC (retidos pelas nossas tropas na ilha das Galinhas) , foi feita segundo o estipulado pelo Acordo de Argel, e foi marcada para o dia 9 de Setembro, em Aldeia-Formosa, no entanto o PAIGC não compareceu nessa data como estava combinado, só no dia 14 de Setembro a troca se realizou. Estiveram presentes nesse ato pelas nossas tropas, o Major de Infª Tito Capela (Chefe da 2ª Rep. Do QG), o Major de Artª Aragão, o Capitão-tenente Patrício, o capitão de Infª  Manarte e o Furriel miliciano Elias (da 2ª Rep./QG/CTIG). Por parte do PAIGC, estiveram presentes os seguintes elementos; Manuel dos Santos (Sub. Secretário Informação/Turismo do  G.B.), Carmen Pereira (Membro do Conselho de Estado/GB) e Iafai Camará (Comandante do Aquartelamento de Aldeia Formosa).

António da Silva Baptista
Foto retirada do 'semanário de Matosinhos'
Imediatamente após a troca, foi feita a identificação (soldados; António Teixeira, Jacinto Gomes, António da Silva Baptista, Manuel Pereira Vidal e os 1ºs cabos; Duarte Dias Fortunato, Virgílio da Silva Vilar e o 1º cabo Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho), tendo os prisioneiros e a comitiva regressado de avião a Bissau.  Ficaram instalados no Hospital  Militar de Bissau, e no dia seguinte, dia 15 de Setembro de 1974, seguiram por via área para Lisboa. 

Luís Beleza Gonçalves Vaz

(filho do Coronel  Henrique Gonçalves Vaz /Chefe do Estado-Maior do CTIG 1973/74)

Com os meus melhores cumprimentos

Luís Beleza  G. Vaz