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terça-feira, 25 de março de 2014

P201 (Convívios) XXVI ALMOÇO CONVÍVIO do BCAÇ 2884 (Mais Alto) no dia 26 de Abril 2014 em RIO MAIOR (José Rodrigues Firmino)



Mensagem com data de 25MAR2014 de:José Rodrigues Firmino (Ex. soldado atirador da Companhia de Caçadores 2585/BCAÇ 2884 Jolmete, Guiné-Bissau 1969/1971).



XXVI ALMOÇO CONVÍVIO do BCAÇ 2884 
(Mais Alto)



XXVI ALMOÇO ANUAL DE CONFRATERNIZAÇÃO DO BCAÇ 2884 (MAIS ALTO) composto pelas seguintes companhias: CCAÇ 2584 - CÓ, CCAÇ 2585 - JOLMETE, CCAÇ 2586 e CCS - PELUNDO.

Local da concentração: Igreja Matriz de Rio Maior
Terá lugar no próximo dia 26 de Abril do corrente ano em Rio Maior, com concentração marcada junto a Igreja Paroquial de Rio Maior, segue-se a apresentação os cumprimentos aqui e ali, umas fotos para mais tarde recordar, por volta das 11,30 horas será celebrada missa, como vem sendo habitual, pelos ex. camaradas já falecidos, terminada a cerimónia religiosa, segue-se o patrulhamento e reconhecimento pelas tropas destacadas para o efeito, em direcção ao complexo turístico Gato Preto, Quinta das Acácias, Estrada Nacional, 2040-335 Rio Maior, segue-se as entradas como habitual regando aqui e ali com branco ou tinto, para aqueles que não o possam fazer, não faltará a água, sumos e muito mais, seguidamente será servido o almoço, findo este, segue-se a animação musical por artistas locais, que irão abrilhantar o nosso convívio até à hora do lanche e partilha do bolo comemorativo.
Quinta das Acácias
Lembrar que a data limite das inscrições termina no dia 20 de Abril do corrente ano, preço por pessoa é de 30 Morteiradas.
Como habitual os ex. camaradas do Norte terão transporte assegurado a partir de Braga, pelas 07,00 horas, junto ao antigo hipermercado Feira Nova, 07,30 horas em Famalicão, na central de Camionagem e pelas 08,00 horas, no Porto, junto à entrada do Metro no Estádio do Dragão.

A organização a cargo dos ex.camaradas MANUEL MARIA PASCOAL, e AMÉRICO ANTÓNIO PINTO DA COSTA, TELM. 919227959 que desejam a todos ex.camaradas e familiares boa viagem seguido de excelente regresso às suas origens com um até para o ano.

Coordenadas GPS:  
39.328945 -8.929728

JOSÉ FIRMINO (RÉGUA)

domingo, 23 de março de 2014

P200 - 23 DE MARÇO DE 1972 - A PARTIDA – FOI HÁ QUARENTA E DOIS ANOS (Antero Santos ex. Fur. Milº Atirador/Minas e armadilhas - Guiné 72/74 CCAÇ 3566 Empada e CCAÇ 18 Aldeia Formosa)

Mensagem do nosso camarigo, Antero Francisco Carvalho dos Santos, residente na Vila de Avintes, ex. Fur. Milº atirador, minas e armadilhas, esteve na Guiné ao serviço do Estado Português desde Março72 a Junho de 1974, pertenceu à CCAÇ 3566, EMPADA - Março a Dezembro de 1972 e CCAÇ 18, ALDEIA FORMOSA - Janeiro 1973 a Junho de 1974.
SC


                             


Antero em Aldeia Formosa
No dia 20 de Fevereiro de 1972, no Batalhão de Caçadores 10, em Chaves, recebi a notícia de que havia sido mobilizado para a Guiné; iria fazer parte da CCAÇ 3566 – Companhia de Caçadores 3566, e tinha como destino a povoação de Empada. A Companhia adoptou o nome  “OS METRALHAS”. Foi nomeado comandante da Companhia, o Capitão Miliciano João Rocheta Rua.
No dia 22 de Março de 1972, por volta das onze horas da noite, em autocarros da Auto-Viação do Tâmega, a CCAÇ 3566 partiu de Chaves rumo a Lisboa. Chegamos a Lisboa, ao Aeroporto Militar de Figo Maduro, por volta das sete horas da manhã do dia 23 e às duas da tarde partimos para Bissau.
Depois de quatro horas de voo, chegamos a Bissau, ao Aeroporto de Bissalanca, às catorze horas locais. 
A primeira sensação que tive, ainda no avião, quando sobrevoava a cidade, era de que só se via vegetação. Depois de aterrar e quando saí do avião, senti um calor abrasador. Seguimos em camiões militares para o quartel do Batalhão de Intendência.

Depois de instalados no Batalhão de Intendência aproveitamos para visitar a cidade; ao fim da tarde regressamos ao quartel onde iríamos passar esta noite; no dia seguinte seguiríamos para Bolama; aproveitei para me deitar a fim de descansar um pouco e adormeci; em determinada altura sou acordado e olhando para o indivíduo que me acordou, pergunto:
“Então Rocha, ainda há tão pouco tempo foste para a Guiné e já cá estás de férias?”
Tratava-se do José Rocha, filho do Jorge Arouca, de Aldeia Nova, que era Furriel Miliciano no Batalhão de Serviço de Material e que sabia que eu chegava naquele dia. O meu corpo já estava na Guiné mas a minha mente ainda estava na Metrópole – confusão total dos meus neurónios.
O meu grupo de combate da CCAÇ 18 pronto para mais uma saída de dois dias
Ficamos esta noite em Bissau e no dia 24 cada um de nós recebeu duas rações de combate “tipo E20” para os dois dias seguintes (pequeno almoço, almoço e jantar) e, de novo em camiões, seguimos para o cais de Bolola, no Rio Geba, em Bissau onde chegamos às oito horas da manhã, hora para o embarque na LDG - Lancha de Desembarque Grande - de nome ALFANGE –– para a ilha de Bolama; o embarque acabou por acontecer somente às onzehoras e chegamos somente ao fim da tarde a Bolama, já que a viagem demorou cerca de sete horas. O atraso na hora de embarque não permitiu beneficiar da maré cheia e a viagem não pôde ser efectuada pelo canal, pelo que se teve contornar toda a Ilha de Bolama. Pelo canal, a viagem demoraria metade do tempo. Depois da chegada a Bolama, ficamos instalados no CIM – Centro de Instrução Militar – com a finalidade de fazer a IAO – (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional). A IAO constava de actividades idênticas àquelas que iriam ser a realidade dos nossos dias quando estivéssemos no mato. Fiz parte do 4º grupo de combate, comandado pelo Alferes Magalhães (da Póvoa de Varzim) e de que faziam parte também os Furriéis Milicianos Miguel Souto (de Cervos, Boticas) e Horácio Ferreira (da Póvoa de Varzim). Durante este período, aconteceu o meu baptismo de fogo: a cidade de Bolama foi alvo de um ataque do inimigo. Neste ataque o IN lançou vários mísseis (foguetões de 122mm) mas não houve consequências para as NT porque todos os mísseis falharam o alvo.

Depois deste dia 23 de Março de 1972 seguiram-se longos nove meses divididos por Bolama e Empada; depois de frequentar um Estágio de Enquadramento em Unidades Africanas fui destacado para uma Companhia Africana - a 4 de Janeiro de 1973 segui para a CCAÇ 18, em Aldeia Formosa; foram os tempos mais difíceis - dezassete meses em Aldeia Formosa, numa Companhia Africana; Aqui soube verdadeiramente o que foi combater.
 Na primeira ou segunda semana de Junho/74 regressei a Empada para levantar dois campos de minas (um total de quarenta e quatro minas) que havia montado na mata de Cantora e em Caur de Cima, cerca de vinte e dois meses antes; procedi ao levantamento de quarenta e duas minas; infelizmente duas das montadas em Caur de Cima (povoação abandonada) haviam sido accionadas.
Regressei no dia 24 de Junho de 1974 depois de oitocentos e vinte e três dias na Guiné (com o intervalo de trinta dias de férias em Fevereiro/Março de 1973).
O regresso- 24 de Junho de 1974 - Aeroporto de Bissalanca - Bissau

Para além da experiência vivida e que apesar de tudo acabou por ser fantástica, dos louvores, da Medalha Comemorativa das Campanhas de África - Guiné 72/74, do “prémio anual” no valor de 150 euros/ano pelos 27 meses ao serviço da Pátria, tenho de “conviver” diariamente com o maldito stress pós-traumático de guerra. Mas a vida continua, com a consciência de que fiz o que a Pátria me pediu.
 “Defendeste a Pátria, cumpriste o teu dever; a Pátria foi ingrata, fez o que costuma fazer”. Padre António Vieira.

Antero Santos
A vermelho grosso as zonas que "palmilhei" à volta de Empada e à volta de Aldeia Formosa. O percurso para Buba era feito de Berliet - as célebres colunas de reabastecimento