Fur.Milº Op. Esp./Ranger, Jorge Araújo |
- MSG com data de 14JAN2014 do ex. Fur. Milº Op. Esp./Ranger, Jorge Alves Araújo, da CART 3494/BART 3873 sediada no XIME, mais tarde em MANSAMBO - GUINÉ DEC71/ABR74.
Os meus melhores cumprimentos.
Depois de uma primeira narrativa histórica [P193], que serviu de
apresentação a um novo contexto vivido pelo efectivo militar da nossa CART
3494, no qual me incluo, relacionada com o quotidiano de práticas e
experiências contabilizadas durante a nossa presença no Destacamento da Ponte
do Rio Udunduma, ocorridas durante o 2.º semestre de 1973 [já lá vão mais de
quarenta anos!] eis, agora, a segunda peça desse puzzle.
Ora leiam e comentem a 2.ª parte.
Obrigado… e um Bom Ano de
2014.
Jorge Araújo.
14.Jan/2014.
GUINÉ
Jorge
Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo,
1972/1974)
O DESTACAMENTO DA
PONTE DO RIO UDUNDUMA
(XIME-BAMBADINCA)
- As acções especiais
durante o 2.º semestre de 1973 [parte II] -
1.
- Introdução
No texto anterior [P193] – também
publicado no blog Luís Graça & Camaradas da Guiné [P12565] – dei-vos conta do
itinerário histórico que me levou, assim como ao competente efectivo militar da
CART 3494, até ao Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, sito ao km 4 da
Estrada Bambadinca/Xime, identificando as três principais acções “especiais” aí
realizadas durante o 2.º semestre de 1973, a saber: delimitação física da área
do destacamento com arame farpado; construção em alvenaria de uma moradia e
melhoramentos dos caminhos internos, culminando com a edificação de um
monumento em memória do colectivo da Companhia 3494, a que designámos por
“Rotunda da Ponte” [fotos anteriores].
Com esta tríade de benfeitorias,
procurou-se dotar aquele contexto com um pouquinho mais de dignidade humana,
tendo em consideração o superior interesse pela salvaguarda da integridade
física e mental de cada um de nós, pois tratava-se de um cenário adverso,
miserável e degradante, certamente como tantos outros por que passamos no CTIG,
em particular os mais operacionais, independentemente da época em que tal se
verificou.
Como reforço ao acima
expresso, apropriamo-nos, nesta abordagem histórica, de um pensamento/reflexão do
camarada Luís Graça [CCAÇ 12], nosso antepassado e um dos pioneiros envolvidos
nestas e em outras aventuras na região, e também ele contemplado, no seu tempo,
com várias visitas ao local, referindo-se sobre o contexto nos seguintes
termos: “o mítico destacamento da ponte do Rio Udunduma… e os “desgraçados
que lá penaram dias e dias à boa vida…” e […] “O maldito “buraco” da
ponte do Rio Udunduma, o inferno de mosquitos, cobras e ratos, onde muitos de
nós, nos idos tempos de 1969/70, vivemos como animais…”. Ou, ainda, a
experiência aí contabilizada, durante dois meses no ano de 1972, pelo camarada Joaquim
Mexia Alves, ex-Alferes Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873 e, depois, CMDT do
Pel Caç Nat 52, afirmando que “as instalações eram tétricas, e que havia uma
qualquer construção de ripas de madeira tipo refeitório”. E “as
instalações eram inqualificáveis…”.
De facto, foram cinco os
anos em que por lá passaram algumas centenas de militares, entre africanos e metropolitanos,
pertencentes a diversas subunidades do Sector L1, já divulgadas anteriormente, ocorrência
iniciada em 29MAI1969, por via da ponte velha ter ficado danificada após
atentado perpetrado pelo PAIGC, e que só teve o seu epílogo com o fim da guerra
de guerrilha, pós «25 de Abril de 1974».
Esses efectivos colocados numa
linha avançada em relação à sede do Batalhão, sito em Bambadinca, [repito]
permaneceram activos e vigilantes mas desprovidos de qualquer rectaguarda de
apoio militar, em que cada um de nós estava completamente abandonado à sorte da
divina providência e à sua capacidade de resistir e de sobreviver, ou seja, à
sua dimensão transcendental.
Assim, no alinhamento do
texto anterior, com este segundo episódio pretende-se aprofundar a caracterização
do contexto, socorrendo-nos de algumas imagens [as existentes no meu arquivo],
esperando que se confirme o tal ditado popular: «uma imagem vale mais que mil
palavras».
2.
- Caracterização do
contexto através de imagens
Para uma melhor identificação do contexto entendemos ser
pertinente a repetição da foto 3 publicada na narrativa anterior.
Foto 14 –
Estrada Xime-Bambadinca [Ponte do Rio Udunduma – Jul/1973] – imagem da estrada
velha, assinalando-se a ponte semidestruída em 1969 [fotos 1 e 2], e
Bambadinca, ao fundo, como local mais próximo, a quatro quilómetros desta. Na
linha do horizonte, vê-se a nova estrada na qual é possível contar uma coluna
de mais de uma dezena de viaturas civis, em direcção ao Cais do Xime.
Foto 15 –
Estrada Xime-Bambadinca [Ponte do Rio Udunduma – Jul/1973] – O “Chefe da
Tabanca da Ponte” disfarçado de Jorge Araújo [ou vice-versa]. No canto superior
direito vê-se a Ponte Nova e a respectiva estrada. Bambadinca fica para a
direita e o Xime para a esquerda.
Foto 16 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – As duas pontes e o Rio
Udunduma. Bambadinca fica para a esquerda e o Xime para a direita.
Foto 17 – Estrada
Xime-Bambadinca [Ponte do Rio Udunduma - 1973] – A Ponte Nova, o Rio Udunduma,
à direita, e a bolanha contigua. Bambadinca fica para a esquerda e o Xime para
a direita.
Foto 18 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – Eis os buracos no chão,
cobertos com palmeiras, chapas e terra, herdados na sobreposição [fotos 5 e 6].
Foto 19 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – Um dos três postos de
vigia. No canto superior esquerdo podem ver-se as instalações sanitárias [foto
26] e a estrada para Bambadinca.
Foto 20 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – O monumento edificado em
memória do colectivo da CART 3494 e, ao fundo, para sul, mais dois postos de
vigia, tendo por perto uma estrutura em arame farpado [fotos 7 e 8].
Foto 21 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – Troço da estrada velha
junto à ponte danificada [fotos 1 e 2], única via de acesso ao destacamento. Do
lado esquerdo estão os abrigos e os postos de vigia. A meio, junto à 1.ª árvore
da esquerda está a mesa de refeitório [foto 22]. À direita, +/- a meio da
imagem, está a moradia construída [fotos 9 e 10]. Do lado direito fica a
estrada Xime-Bambadinca [fotos 14 e 15].
Foto 22 – Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte -
1973] – A mesa polivalente, onde se comia, escrevia, li, jogava e… conversava.
Em suma: o espaço de socialização e de partilha.
Da esquerda para a direita, os ex-soldados: Gregório Santos;
José Sebastião (?); Ricardo Teixeira e eu próprio, participando no” mata-bicho”
das tardes de seca, confeccionado num fogão de alta tecnologia, conforme se dá
conta na imagem seguinte.
Junto à chapa ondulada pode ver-se
um exemplar de petromax.
Foto 23 – Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte -
1973] – Último modelo de cozinha de campanha, com fogão modelo “palmeira
rastejante”, cuja patente foi registada na conservatória local.
Eu e o soldado
Amândio Domingues em fase de conclusão de um suculento «pato da bolanha ao
piri-piri», uma iguaria contemplada no cardápio da restauração local.
Foto 24 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – A mesma mesa da foto
22 depois de desactivada na sequência da conclusão da moradia, onde passou a
existir uma sala de jantar, mas onde não havia alimentos. Estes eram confeccionados
em Bambadinca, na CCS, e chegavam-nos às diferentes horas do dia, segundo a
sequência das refeições.
Foto 25 –
Estrada Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – Enquadramento
paisagístico com um plano de água do Rio Udunduma. Este faz fronteira com a
zona leste do destacamento.
Finalmente,
e tendo por base o mesmo objectivo que nos levou a publicar a foto 14,
decidimos repetir a imagem abaixo para uma melhor leitura do contexto.
Foto 26 – Estrada
Xime-Bambadinca [Destacamento da Ponte - 1973] – imagem
das instalações sanitárias… último modelo… e, daí, não terem sofrido quaisquer
alterações até ao final da comissão.
Por detrás do
WC correm as águas do Rio Udunduma [foto 25].
Com
esta imagem, damos por concluído o segundo capítulo desta nossa missão,
histórica, especial e colectiva, vivida na Ponte do Rio Udunduma durante o 2.º
semestre de 1973.
Segue-se
a [III] crónica referente às principais actividades diárias desenvolvidas pelo
grupo aí instalado.
Espero
que este texto tenha servido, tal como o anterior, como elemento de comparação
com um vasto leque de outros exemplos que constam do currículo de muitos de
Vós, e de inspiração a outras narrativas, pois ainda estamos a tempo de as
publicar neste espaço colectivo.
Um
forte abraço para todos e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
14Jan/2014.
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