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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

P411 - RECORDAR É... TORNAR PRESENTE! BOAS FESTAS POSSÍVEIS EM TEMPO DE PANDEMIA "COVID-19" Por: Jorge Araújo

Caríssimo Camarada Sousa de Castro.

 Os meus melhores cumprimentos.

 Após um pequeno interregno motivado por razões profissionais e pessoais às quais lhe adicionamos o quadro pandémico que a todos tem afectado no nosso quotidiano, serve o presente para enviar a minha tradicional MENSAGEM DE BOAS FESTAS.

 Tomei a liberdade de recuperar algumas das "memórias natalícias" reportadas aos três anos passados pelo colectivo da CART 3494 fora do contexto familiar: a 1.ª a bordo do «Niassa», a 2.ª no Xime e a 3.ª em Mansambo.

 BOM NATAL E UM MELHOR ANO DE 2021.

 Fica bem.

Um abraço,

Jorge Araújo

- Ex. Fur. Milº António Bonito, lembra que está agendado para o dia 05/06/2021 o 35º convívio a realizar na CARAPINHEIRA, MONTEMOR O VELHO.

 


Último poste em Refª: 

VOTOS PARA QUE O VOSSO/NOSSO NATAL SEJA O MELHOR POSSÍVEL TENDO EM CONTA OS CONDICIONALISMOS DEVIDO À DONA "COVID 19", O ANO 2021 É PARA MARCAR A DIFERENÇA PELA POSITIVA. VAMOS MANTER A ESPERANÇA.

sábado, 12 de dezembro de 2020

P410 - VOTOS PARA QUE O VOSSO/NOSSO NATAL SEJA O MELHOR POSSÍVEL TENDO EM CONTA OS CONDICIONALISMOS DEVIDO À DONA "COVID 19", O ANO 2021 É PARA MARCAR A DIFERENÇA PELA POSITIVA. VAMOS MANTER A ESPERANÇA.

Para além de decorrer a terceira fase de vacinação, lembramos que o 35º encontro/convívio está marcado desde o ano transacto, para o dia 05 de junho de 2021 na CARAPINHEIRA - MONTEMOR O VELHO se a "Covid 19" nos deixar abancar, a esperança é a última a morrer.

Os contactos: 

Ex. Furriel Milº Bonito 96 352 97 64 e 233 920 441



quarta-feira, 14 de outubro de 2020

P400 - O farmacêutico minhoto que foi à guerra na Guiné e voltou para salvar vidas 40 anos depois - DN

MSG recebida em 14/10/2020 de Santos Oliveira, Ex.Fur. Milº Armas Pesadas/Ranger do Pel de Morteiros 912, Guiné - Tite, OUT1963/OUT1965, autor do Blogue: https://acordarsonhando.blogspot.com/ 


Publicado na edição do "Diário de Notícias" do dia 10/10/2020 e transcrito com a devida vénia.


Manuel Pimenta ajudou tanto em Cacheu, que a rua da maternidade da cidade tem o seu nome. E a paixão pelos guineenses já conquistou toda a família, a começar pela filha Manuela, farmacêutica como ele, que também tem feito muito para apoiar aquele povo africano tão ligado a Portugal. 

Manuel Pimenta e Manuela fotografados em Bôr, na Guiné, no verão de 2018. Pai e filha partilham paixão pela ajuda àquele país africano

© Leonardo Negrão / Global Imagens

"Passei dois Natais na Guiné, também foram dois aniversários", relembra Manuel Pimenta, farmacêutico, "repescado" para ir para a guerra quando tinha 29 anos. "Cheguei em junho, e a 24 de dezembro fiz lá os meus 30 anos", conta, sentado no laboratório de análises clínicas em Ponte de Lima que tem o seu nome. Quem socorre o pai quando a memória parece falhar é Manuela Pimenta, a filha também farmacêutica. Conheci ambos há dois anos numa reportagem em Bissau, quando visitava o hospital de Bôr, e fiquei de um dia contar a história do farmacêutico minhoto que foi à guerra na Guiné e voltou 40 anos depois para salvar vidas.

Ao contrário de muitos outros soldados portugueses enviados para a Guiné, Angola e Moçambique, Manuel Pimenta não foi chamado para África para combater. Foi para trabalhar na chefia dos serviços de saúde da então colónia portuguesa, e "como tinha pouco que fazer", deu uma ajuda no laboratório de um hospital hoje em ruínas, situado junto à estrada que leva ao aeroporto. Também trabalhou no hospital central de Bissau, hoje chamado de Simão Mendes, um herói guineense. Desse tempo recorda sobretudo como portugueses e guineenses se entendiam bem, pois "o que combatia eram as ideologias, não os povos".

Na Guiné, era a guerrilha do PAIGC que lutava pela libertação. E foi uma guerra duríssima, com a independência a ser proclamada em 1973, ainda antes do 25 de Abril em Portugal (foi reconhecida logo em 1974). Mas a memória de Manuel Pimenta, hoje como 82 anos, destaca sobretudo o que viu de positivo, como "aqueles helicópteros que vinham buscar até grávidas".

Ora, foi a condição das grávidas guineenses que levou mais de 40 anos depois o farmacêutico de Ponte de Lima de volta a África. "Fui lá em 2011 com um amigo aqui de Ponte de Lima, que era administrador da Universidade Lusófona, o António Montenegro Fiúza. Entretanto, soube que havia uma associação em Viana do Castelo que tentava juntar dinheiro para construir uma maternidade no Cacheu. Um português, ex-combatente, o José Luís Carvalhido, professor, foi lá e viu uma coisa horrorosa, a morte de uma jovem parturiente", conta.

"A mortalidade materna na Guiné-Bissau é das piores do mundo. A infantil também", sublinha a filha. Na conversa participam também José Antas Aguiar, o marido de Manuela, que foi várias vezes com o sogro à Guiné e que informatizou o laboratório de análises clínicas para rápido acesso dos médicos aos resultados, e Jesuíno Alvarenga, guineense, que está em formação em Portugal já pela segunda vez.

"As mulheres muitas vezes trabalham até ao último dia da gravidez. E de repente estão no mato na altura do parto, sem qualquer ajuda", explica Jesuíno, que fala com ligeiro sotaque brasileiro pois estudou em Goiânia graças a uma bolsa. "É terrível o que por vezes se vê, mas toca o coração perceber que aquilo que fazemos salva vidas", acrescenta José.

A maternidade em Cacheu foi construída com muito material doado de Portugal, desde janelas a azulejos, e a ajuda financeira de Manuel Pimenta completou o que faltava.

Houve grande festa na inauguração e a rua onde fica a moderna maternidade acabou por ser batizada com o nome do farmacêutico de Ponte de Lima, figura muito querida na terra, oriundo de uma família de sucessivas gerações de farmacêuticos que está ligada à Farmácia Misericórdia, que fica no coração medieval da vila.

Manuela demorou mais a ir à Guiné, só em 2018. "Ficava sempre apreensiva quando o meu pai e o meu marido iam de viagem. Mas quando me despedia deles no aeroporto ficava curiosa com o ânimo deles. Iam tão felizes, como que para uma viagem de finalistas. Como tenho filhas pequenas, ainda hesitei um pouco, mas quis também conhecer o país. E a verdade é que se tornou uma paixão de toda a família. Temos duas filhas, uma com 11 anos e a outra com 5, que sabem tudo sobre aquilo que fazemos lá, sabem o nome de muitas crianças que ajudamos e até rezam o ave-maria e o pai-nosso em crioulo", conta.

Manuela ajudou o pai a montar um laboratório de análises clínicas em Bôr, que visitei com o fotógrafo do DN Leonardo Negrão, e diz que hoje é tudo mais acessível aos guineenses, mais barato. À formação de Jesuíno aqui em Ponte de Lima junta-se a de outros técnicos guineenses no próprio país. "Temos de ajudar o nosso país a desenvolver-se, as pessoas a terem mais acesso à saúde", diz Jesuíno, que gosta de estar em Portugal, como gostou de estudar Biomedicina no Brasil, mas que quer voltar à Guiné, fazer lá carreira, "é a minha casa".

© Leonardo Negrão / Global Imagens

Manuel Pimenta sempre foi reconhecido como um humanista, uma pessoa também com grande espírito cristão, e em 1975, nas primeiras eleições a seguir à Revolução de 1974, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte. "Senti o dever de defender a democracia. E aceitei ser candidato nas listas do PS. Para mim, Mário Soares era o político que mais garantias dava ao país." Recorda-se de muitos outros deputados da época, que aprovaram a Constituição de 1976, como o ainda no ativo Jerónimo de Sousa, hoje secretário-geral do PCP, na época jovem operário.

Recordo com Manuel Pimenta e a filha aquele dia do verão de 2018 em que nos conhecemos em Bôr. E como uma tragédia que ali vimos teve um final feliz. Uma menina de 3 anos, a Nazaré, que ingeriu soda cáustica e ficou com o esófago queimado, tendo de ser alimentada por sonda. Uns meses depois, graças à ONG portuguesa Missão Saúde para a Humanidade, Nazaré viajou para Portugal, onde foi operada no Serviço Nacional de Saúde. Depois de uns tempos de recuperação, a menina guineense já comia iogurtes. Manuela esteve envolvida no processo, e elogia muito a amiga Maria José Ferreira, uma enfermeira de Aveiro, que também fez da ajuda à Guiné uma das suas causas. As duas também têm estado ativas no apoio ao Lar Bethel, em Bissau, que apoia órfãos e que também eu e o Leonardo visitámos num dia muito especial, uma oferta de equipamentos dos infantis e juvenis do FC Porto, uma ideia de Fernando Pinheiro, médico que integrou a Missão Saúde para a Humanidade.

A conversa em Ponte de Lima termina com Manuel Pimenta a contar uma outra história com final feliz: "Uma guineense grávida de quadrigémeos que desde os quatro meses foi acompanhada na Casa das Mães de Cacheu. Na altura do parto foi transferida para o hospital do Canchungo e depois, por segurança, para o Simão Mendes. E todos sobreviveram."

Manuela explica que a Casa das Mães, onde existe um azulejo com o rosto do pai, "é uma estrutura que fica junto à maternidade de Cacheu e serve para evitar partos repentinos, no meio do mato. As mulheres vivem ali quando estão perto do final da gravidez. Até cozinham e trazem os outros filhos. Mas têm acompanhamento, e isso faz toda a diferença". "Se ficam no campo, na tabanca, até ao fim, muitas morrem", diz Jesuíno.

"A parteira de Cacheu é Antonieta Monteiro. Falamos muitas vezes por telefone com ela", conta Manuela Pimenta. E as notícias agora são mais boas do que más. Muito graças à generosidade do farmacêutico que fez tropa na Guiné.

                                                                                                                   Diário de Notícias

                                                                                         SO

terça-feira, 15 de setembro de 2020

segunda-feira, 25 de maio de 2020

P398 FOI Á 50 ANOS (17 DE MAIO DE 1970/2020) O BART 2917 composto pelas CCS, CART 2714, CART 2715 e CART 2716, EMBARCOU NO N/M CARVALHO DE ARAÚJO PARA A GUINÉ [David Guimarães]

Castelo de Santiago da Barra

1.   “Castelo de Santiago da Barra
Forte militar de planta poligonal com muralhas de perfil trapezoidal, reforçadas por baluartes triangulares, guaritas de planta circular e fosso, foi mandado construir por D. Filipe I para ampliar o papel da Torre da Roqueta.
Fortaleza abaluartada segundo projeto de Tiburcio Spanochi, foi ampliada com dois revelins em 1700. Ostenta as armas de três governadores: D. Diogo de Lima, D. Pedro Bermudez de Santisso e as dos Sousas de Prado. Auto-suficiente, possuía nascente interna (de chafurdo) e capela própria, quando afectou ao serviço da tropa e dedicou a S. Tiago uma antiga capela de devoção dos marítimos a Santa Catarina. Protagonizou todos os acontecimentos militares locais, nomeadamente a Restauração e as lutas da Patuleia. Foi quartel da arma de Artilharia e hoje sede do Porto e Norte de Portugal.”

Fonte, foto e descrição: https://olharvianadocastelo.blogspot.com/2016/10/fortalezas-de-viana.html com a devida vénia.

2.       O Forte de Santiago da Barra, também referido como Castelo de Santiago da Barra e Castelo de São Tiago Maior da Barra, localiza-se na freguesia de Monserrate, na cidade, concelho e distrito de Viana do Castelo, em Portugal.



David Guimarães, ex. FUR MILº Minas e Armadilhas CART 2716 - 1970/72



1.) Em 16 de Maio de 1970 o BART 2917 constituído pela CCS, CART 2714, CART 2715 e CART 2716 desfilou deste aquartelamento, no fim do IAO, (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), até ao comboio na Estação de Viana do Castelo de onde partiu de "portas trancadas", em viagem noturna, até ao cais de Alcântara onde em 17 de Maio embarcava no Navio Carvalho Araújo com destino à Província Ultramarina da Guiné.
Depois da chegada a Bissau o contingente foi conduzido em LDG (Lancha desembarque grande) até ao Xime, ali repartiram-se as Companhias, em coluna-auto, pelos respectivos Aquartelamentos.  CCS – Bambadinca, CART 2714 - Mansambo, CART 2715 - Xime e CART 2716 - Xitole, companhia onde eu, estava integrado.

A sobreposição pelo BART 3873, foi feita desde 28 de Janeiro de 1972 até quase final de Março do mesmo ano.



História de Guerra – no intervalo e princípio da LICENÇA DISCIPLINAR, Abril de 1971 
(FÉRIAS DIZIAMOS NÓS os militares)


A irreverência da juventude

2.) Quando em Bissau aguardava o dia do embarque em Avião TAP para vir gozar a licença à Metrópole, informaram-me oficialmente que só poderia embarcar após a revacinação contra a CÓLERA. Para tal deveria levar o meu certificado ao hospital civil para que me fosse administrada.
 Lá fui eu, entrei no referido hospital (hoje Hospital Simão Mendes) e lá me dirigi a alguém dizendo ao que ia. Mostrei o certificado e lá me levaram ao serviço de enfermagem e pronto. Braço esticado e injecção dada.

 Depois de injectado aquele líquido a enfª deu-me dois comprimidos dizendo: olhe isso possivelmente vai doer e sendo assim tome isto para atenuar a dor. 
Alguém me tinha dito, voz de caserna; vais apanhar a vacina e a seguir bebe um bom copo de vinho que verás que não te dói nada. Vão-te dar dois comprimidos que se lixem, deita-os fora.
Aquele conselho levava nos ouvidos e enfim, optei. Não deitei os comprimidos logo fora, deitei depois: Havia ali uma casa de comer perto onde entrei! Em Bissau na altura não faltavam restaurantes. Mandei vir frango e duas garrafas de vinho geladinho verde branco (Casal Garcia). 
Deitei tudo o que me apareceu para comer abaixo e bebi o vinho todo, não tive dor nenhuma no braço.
Pensei depois que afinal o vinho tinha seus efeitos sedativos
No outro dia lá estava eu á porta do avião e quando vi a hospedeira branca, que maravilha! Passadas 4 horas via os telhados de Lisboa (tabancas mais a meu gosto)

SOBRE A ENFERMEIRA QUE ME ADMINISTROU HÁ UMA HISTÓRIA BEM POSTERIOR, NÃO É MUITO IMPORTANTE.

NB) Com o que atrás dito e aconteceu não serve para o COVID-19, acho eu!

David Guimarães,
23 de Maio 2020

terça-feira, 28 de abril de 2020

P397 - Hoje, 25 DE ABRIL DE 2020. TAMBÉM A MIM ME APETECE CONTAR ALGUMAS HISTÓRIAS DAS MINHAS VIVÊNCIAS DA ÉPOCA EM QUE FUI MILITAR AO SERVIÇO DO ESTADO PORTUGUÊS NA GUINÉ. Por: Edgar Soares

Mensagem com data de 28/04/2020 de:


Guiné, Bambadinca DEC71/04ABR74





Edgar Tavares Morais Soares, ex. Fur Milº OP Especiais - CCS/BART 3873 


Fur. Milº Edgar Soares, 1971

Como todos os Portugueses de boa memória, é óbvio e natural que rejubilei com os acontecimentos e princípios que presidiram ao 25 de abril de 1974. Todavia, existe um passado que se torna sempre muito recente no meu ego, que me persegue muito profundamente e, como tal, não posso mais calar. Como à data, 1974, denunciei, fui militar na Guiné, durante 27 meses e meio, com términos da comissão a 04 de abril de 1974, data de desembarque em Lisboa. Na Guiné, estive integrado no BART 3873, sediado no setor Leste, na região de Bambadinca. Do nosso Batalhão, faziam parte as companhias CCS, 3492, 3493 e 3494, que ocuparam os aquartelamentos, respetivamente, de Bambadinca, Xitole, Mansambo e Xime. Em Bambadinca, tínhamos um centro de formação de tropas nativas, e, afeta à CCS, uma companhia de intervenção nativa, CCAÇ 12, comandada pelo capitão Bordalo, RANGER, que viveu os seus últimos anos em Lamego, sendo os mais graduados do continente. Posteriormente, a CCAÇ 12, foi rendida por uma outra companhia de nativos, na sua totalidade, a CCAÇ 21, comandada pelo magnifico tenente Jamanca.
Ainda como tropas nativas, tínhamos múltiplos pelotões de milícias, em autodefesa, nas zonas de Mato Cão, Amedalai, Finete, Fá Mandinga, Missirá, Enxalé, no reordenamento de Nhabijões, Etc…
Bambadinca
Durante o Comando Chefe do General Spínola, na Guiné, foi desenvolvida toda uma ação Psicológica, junta das populações  nativas e até das nossas tropas, onde destaco a máxima “Guiné  de Hoje Guiné Melhor”, e houvesse daquele que agredisse, fisicamente ou verbalmente, um nativo… Mais se dizia nessa “Psíco”, “juntem-se a nós, porque quando a independência chegar, vocês serão os futuros detentores do poder que vier a ser constituído”.

Edgar Soares, 1972
Foi então naquele contexto militar, e já com o General Bettencourt Rodrigues a render o General Spínola, que ali permaneci com os meus camaradas de armas.
Após 15 dias do regresso, por términos de comissão, aconteceu o 25 de Abril, estando eu nesse mesmo dia, por coincidência, no quartel do RAP 2, em Gaia, quando chegou a notícia que estava a haver um levantamento militar em Lisboa…
Muito rapidamente, notou-se o Povo a começar a vir para a rua e então logo se começaram a ouvir alguns gritos, que se foram tornando muitos: - “liberdade, abaixo o fascismo, morte à Pide…” e muitos outros slogans que as circunstâncias impunham…
Lembro-me de estar no meio de um tiroteio, na Av. Rodrigues de Freitas, frente à biblioteca, em S. Lázaro e ter socorrido uma jovem que ao fugir tropeçou, bateu com a cabeça na berma do passeio e desmaiou. Os tiros vinham da esquadra da PSP e de uma viatura da mesma polícia que, entretanto, estava a ser apedrejada pelos populares…
Sim! Sim! Sim! Viva o 25 de Abril, enquanto movimento de uns tantos militares, “os capitães de abril”, em luta pela liberdade intelectual e moral de um Povo amordaçado no falar, no dizer, de pensamento condicionado pela censura, com toda a sua juventude refém de acontecimentos inopinados, motivados pela obrigatoriedade do cumprimento do serviço militar…
Entretanto, decorridos os primeiros entusiasmos, eis que o poder, depois de ter passado pela rua, “MFA/POVO/POVO/MFA”, é entregue aos supra interesses “manipulados e manipuláveis” dos emergentes políticos, que, com retoricas, quais as mais iluminadas, perante um povo vazio de doutrinas ideológicas, mais preparado para um seguidismo fácil, e foi assim que vimos o processo a evoluir, abruptamente, com vários ziguezagues, até ao ponto aonde eu agora quero chegar. A descolonização.
BAMBADINCA
Com aquele processo de descolonização, das nossas então províncias ultramarinas, surgiu, quanto a mim, uma das maiores vergonhas da nossa história…. Após guardarem os CRAVOS, eis que se fez jorrar o SANGUE dos “mártires portugueses agora anónimos” do 25 de Abril…
Sabiam que de um momento para o outro, àqueles portugueses, tropa nativa, que sempre estiveram na linha da frente,  ao nosso lado, a lutar tal como nós, por ideias e ideais um tanto desconhecidos de muitos, mas que nos eram impostos, ao serviço da PÁTRIA, Lhes foram retiradas todas as armas e mais elementos de defesa, pessoal e coletiva? Sabiam que aqueles autênticos guerrilheiros foram deixados ficar para trás, pela sua Pátria de então, entregues única e exclusivamente às suas sortes, acabando, na sua grande maioria, foragidos nas matas? Sabiam que os nossos políticos outorgantes da Independência ao PAIGC, os deixaram sem qualquer obrigatoriedade de indulto impositivo, para não terem de enfrentar os pelotões de fuzilamento, do inimigo de outrora? Sabiam que todos aqueles que estiveram identificados como nossos tropas ou aliados, foram passados a bala, em fuzilamentos individuais e coletivos, sem qualquer possibilidade de defesa, vindo a ser sepultados uns e enterrados outros, quais campos nazis, em balas comuns, quantos deles, soldados sargentos e oficiais, “Tenente JAMANCA”, com condecorações múltiplas por atos e atitudes de distinção ao serviço da PATRIA? Pois tudo isto se passou e muito mais, o que considero a vergonha do “25 de ABRIL” …
Guiné > Brá > 1966 > O Alf Mil Briote, à esquerda, ladeado de dois dos primeiros comandos africanos, o Jamanca e o Joaquim - Foto do blogue: Luis Graça & camaradas da Guiné

Mas, reparem os comentadores e nossos historiadores, que não foram só os nossos soldados, sargentos e oficiais nativos que enterramos ingloriamente!!!  Que havemos de pensar e dizer de todos aqueles que um dia também daqui partiram com os mesmos propósitos militares, ao serviço da PÁTRIA, e lá tombaram, ou regressaram, com problemas de natureza múltiplas, outros tantos com as mesmas condecorações, pelos mesmos atos de distinções??? Não estará na hora de nos perguntarmos, portugueses, se tudo pelo que passamos, os de cá e os de lá, valeu a pena?...

É bem capaz que os maiores culpados dos acontecimentos supra, sejam os do velho regime, “Fascismo”, ate por não terem sabido ou querido resolver os problemas da independência a seu tempo!!! Na realidade, cada um por si, se me afigura que o socialismo e as outras ditas ideologias, democráticas, também não estiveram em nada melhor na gestão daquela “herança”, e bem pior, desonraram-se e desonraram historicamente todo um Povo... “Por negligência agnóstica?”, Não acredito. Com certeza, outros valores que a razão ainda quer desconhecer, estiveram por de trás de todos aqueles acontecimentos…
Uma coisa  é certa, toda uma geração, que também é a minha, terá que ficar com a amargura dos factos  da história não contada,  desvirtuada no nosso desempenho de serviço à dita PÁTRIA, ficando-nos sem dúvida, como maior consolação, as muitas amizades que ao tempo fomos acumulando, lá e cá, e que vamos alimentando nos momentos que promovemos dos sãos convívios dos velhos “guerrilheiros”…  

Como dizia o Camões, para o bem e para o mal: - “…DITOSA PÁTRIA QUE TAIS FILHOS TENS” (?)… “Glória aos vencedores, honra aos vencidos”!... Descansa em Paz JAMANCA e Todos Aqueles que te acompanharam na dita e na desdita!...

Alvarenga 25 de abril de 2020
Edgar Soares


terça-feira, 21 de abril de 2020

P396 - COMUNICADO: Cancelamos a realização do XXXV encontro/convívio da CART 3494 que estava programado para o dia 06 de junho de 2020. NOVA DATA: 05 de junho de 2021


 

Camarada,

Tendo em conta a situação que estamos a atravessar devido á crise pandémica do novo CORONAVÍRUS Covid-19, decidimos cancelar o nosso encontro/convívio, para o bem da nossa saúde, que estava agendado para o dia 06 de junho 2020, assim entendemos marcar desde já o dia 05 de junho de 2021 a realização do 35º encontro/convívio, no mesmo local que estava programado, ou seja, em MONTEMOR-O-VELHO junto ao Castelo para comemorar os 47 anos da nossa chegada da Guiné.

Vamos vencer esta guerra, protege-te, fica em casa, lembra-te que somos de alto risco. Resistiremos!

21ABR2020
SdC


Último poste, 04ABR2020: [EFEMÉRIDES] FOI À 46 ANOS QUE A CART 3494 REGRESSOU DA GUINÉ, ONDE CUMPRIU 27 MESES DE COMISSÃO DISTRIBUÍDOS POR BOLAMA (IAO), XIME, ENXALÉ E MANSAMBO [03ABR1974/03ABR2020]

sábado, 4 de abril de 2020

P395 - [EFEMÉRIDES] FOI À 46 ANOS QUE A CART 3494 REGRESSOU DA GUINÉ, ONDE CUMPRIU 27 MESES DE COMISSÃO DISTRIBUÍDOS POR BOLAMA (IAO), XIME, ENXALÉ E MANSAMBO [03ABR1974/03ABR2020]


Aeroporto de Bissalanca, Guiné - Foto de Antero Santos ex Fur. Milº CCAÇ 3566 e CCAÇ 18
Faz hoje precisamente 46 anos (03ABR1974/03ABR2020) que a CART 3494/BART3873 embarcou no aeroporto de Bissalanca na
Guiné Bissau
num Boeing com destino a Portugal Continental por ter terminado a sua comissão, ao serviço do Estado Português. Foram 27 meses numa zona que era fortemente atacada pelo inimigo de então (PAIGC), distribuídos por Bolama (IAO), Xime, Enxalé e Mansambo. Após a chegada ao aeroporto Figo Maduro em Lisboa, gerou-se uma ansiedade, uma pressa em abraçar os seus ente-queridos. Recordo a azafama para entregar o fardamento no quartel em Lisboa e sair dali o mais rápido possível, não me lembro de me ter despedido de alguém em especial.
Fiz a viagem de taxi juntamente com o Fur. TRMS Domingues, Fur. Dias e Fur. Enf.
José Carvalhido da Ponte
. Mantenho o documento de transporte de comboio do Ministério do Exército, da estação de Stª Polónia/Viana do Castelo. Foi uma viagem monótona, paramos para jantar, (não me recordo onde) também em Coimbra para tomar café. Muitos pensamentos durante a viagem sobre o dia seguinte, como seria o reencontro com a família, o trabalho, reconstruir a vida etc. Se fosse hoje preferia ter feito a viagem de comboio. Mas, pronto, já passaram 46 anos, 34 camaradas já não se encontram entre nós, incluindo os quatro que lá ficaram. É a lei da vida. Muita saúde para todos. Agora temos de vençer um inimigo traiçoeiro e muito perigoso que é esse terrível vírus COVID-19 que anda por aí. Abraços.
Protejam-se.



Enxalé, 1972
Mansambo 1973