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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

P364 - EX. 1º CABO ATR. ALBERTO D'APARECIDA COUTO, RENDIÇÃO INDIVIDUAL, ADIDO AO BART 2917 MAIS TARDE AO BART 3873, INTEGRADO NO PEL CAÇ NAT 54. PROCURA O HOMEM QUE O SALVOU DE MORRER AFOGADO NO RIO GEBA EM BAMBADINCA NO DIA 30 DE ABRIL DE 1973


À procura de: soldado maqueiro da CCS/BART 3873, José Augusto da Silva Dias



O veterano 1º cabo atirador, Alberto  D'Aparecida Couto, Guiné – Fá Mandinga,  Mato-Cão e Missirá, Setembro 1971/Julho de 1973, integrado no PEL CAÇ NAT 54.  

Muito embora fosse atirador, desempenhou a função de cozinheiro durante 18 meses no destacamento de Missirá.
O Cabo Couto, como era conhecido adido com carácter eventual ou permanente à CCS/BART 2917, mais tarde à CCS/BART 3873 por o primeiro ter findado a comissão. Serviu o Estado Português na Guiné em rendição individual, integrado no PEL. CAÇ. NAT. 54, colocado em Fá Mandinga, rodando para o Mato-Cão em Abril de 1972, onde ajudou na construção do destacamento. Em Outubro do mesmo ano, devido a alterações do dispositivo, o Pelotão infra, rodou de novo desta vez para Missirá, terminando aí a sua comissão com 23 meses de serviço. 

Natural de Fragoso - Barcelos, chegou a sua casa no dia 03 de Agosto de 1973, fixou residência na freguesia de Aldreu do concelho de Barcelos, distrito de Braga. 

Foi através de sua filha Susana Couto, que publicou uma mensagem no Facebook, no grupo: “Xitole-Xime-Mansambo-Bambadinca” apelar para encontrar um amigo de seu nome; José Augusto da Silva Dias, Maqueiro da CCS/BART3873, (foto ao lado) julga residir na Baixa da Banheira, que o salvou de morrer afogado no dia 30 de Abril de 1973, na travessia do rio Geba da margem norte para a margem sul no cais de Bambadinca, o que lhe valeu ser louvado pelo Exmo. CMDT do BART 3873 em 17 de Maio de 1973.

O Alberto em conversa pelo telefone conta que a canoa ia com 11 ou 12 pessoas a bordo, navegava com três ou quatro centímetros fora de água, quando a forte corrente ou o próprio pessoal a fez virar, não sabia nadar, foi quando o amigo Soldado, Joaquim Silva se lançou à água conseguindo pôr a salvo de morrer afogado.
Nunca mais se esqueceu do momento dramático que passou, e gostaria de encontrar o seu salvador, para lhe agradecer uma vez mais e para possível confraternização. 

Contacto: TM: 961 936 840  sousadecastro@gmail.com ou 964 897 030

susanarl2005@hotmail.com

Fotogaleria:
Da Esq./Drtª – Em primeiro plano José Augusto Silva Dias, o terceiro é o Alberto Couto

1º cabo Alberto Couto, ao meio em pé e o sol. José Dias em baixo na sua frente

Da esq./drtª: sol. José Dias em 1º plano e o 1º cabo Couto em 3º pela mesma ordem

Alberto Couto (FEV 2019)


Com um forte abraço de amizade,


Sousa de Castro, ex. 1ºcabo radiotelegrafista da CART 3494


Guiné – Xime e Mansambo JAN 1972/ABR 74


21 de Fevereiro de 2019

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

P363 - UMA EFEMÉRIDE COM CINQUENTA ANOS 06FEV1969/06FEV2019 - HOMENAGEM AOS CAMARADAS AÇORIANOS E MADEIRENSES DA CCAÇ 2444 E CCAÇ 2446 QUE TOMBARAM EM CAPÓ (Jorge Araújo)



MSG com data de: 13 de Fevereiro de 2019


Passados cinquenta anos daquela que ficou gravada na historiografia da Guerra no CTIG como a tragédia da «Jangada de Ché-Che», que agora recordo, um outro acontecimento ocorrido na zona do «chão manjaco", em Capó, onde se registaram mais quatro baixas.
É pois em homenagem aos camaradas açorianos e madeirenses da CCAÇ 2444 e CCAÇ 2446, que tombaram nesse dia 6 de Fevereiro de 1969, que aqui deixo o meu testemunho.
Com um forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.


GUINÉ

Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494

(Xime-Mansambo, 1972/1974)


HOMENAGEM AOS CAMARADAS AÇORIANOS E MADEIRENSES DA CCAÇ 2444 E CCAÇ 2446 QUE TOMBARAM EM CAPÓ

- UMA EFEMÉRIDE COM CINQUENTA ANOS - 6FEV1969/6FEV2019 -


1.   - INTRODUÇÃO

O dia 6 de Fevereiro de há cinquenta anos [1969], uma quinta-feira, está considerado na historiografia da Guerra do Ultramar, ou da Guerra Colonial, em particular no CTIG, como uma das datas mais dramáticas vividas pelas Forças Armadas Portuguesas, onde pereceram cinquenta e um militares, entre elementos do contingente europeu e do recrutamento local.

No caso do desastre da “Jangada de Ché-Che”, na sequência da retirada das NT de Madina do Boé, envolvendo os camaradas da CCAÇ 1790, com vinte e seis mortos, da CCAÇ 2405, com dezanove, e mais dois do PMil 149, totalizando, assim, quarenta e sete elementos naufragados no Rio Corubal.

Em relação a essa narrativa postada como efeméride [P19473-LG] retenho o que recordou o camarada José Martins sobre essa tragédia inesquecível afirmando ser “uma data indelével para os combatentes da Guiné e familiares dos militares que sucumbiram na catástrofe durante a travessia do Rio Corubal”, ao mesmo tempo que referiu os seus nomes.

Porém, esta não foi a única ocorrência, com baixas, registada nesse dia 6 de Fevereiro de 1969. Uma outra aconteceu em Capó, situada na estrada entre Cacheu e Bachile, envolvendo a CCAÇ 2444 (Açoriana) e a CCAÇ 2446 (Madeirense). Dos combates travados com os guerrilheiros do PAIGC resultaram quatro baixas para as NT, sendo três da Companhia Açoriana e uma da Companhia Madeirense.

Carta de Teixeira Pinto (1961); Escala 1/50 mil). Posição relativa a Capó, na estrada entre Teixeira Pinto - Churo - Bachile - Capó - Cacheu [P11219-LG, com a devida vénia].

No sentido de lhe/lhes prestarmos, de igual modo, as devidas e sentidas homenagens que aqui deixo um resumo histórico desses factos.

1.   – RESUMO HISTÓRICO DAS DUAS UNIDADES

2.1 – A COMPANHIA DE CAÇADORES 2444 (AÇORIANA)

Tendo como Unidade Mobilizadora o Batalhão de Infantaria Independente 18 [BII 18], de Ponta Delgada, a CCAÇ 2444, com a divisa “Coriscos”, embarcou a bordo do N/M “UÍGE”, em 09Nov1968, tendo chegado a Bissau, onde desembarcou a 15 do mesmo mês, sob o comando do Capitão Miliciano de Infantaria João Duarte de Oliveira Abreu.

Em 28Nov’68 seguiu para Bula e depois para Có, a fim de efectuar treino operacional com a CCAÇ 2402, sob orientação do BCAV 1915, de 01Dez’68 a 23Dez’68 e seguidamente, na função de subunidade de reserva do Comando-Chefe, reforçar aquele Batalhão de Cavalaria na actuação naquela zona de missão.

Em 28Jan69 foi colocada em Cacheu, em reforço temporário do CAOP, com vista à realização de acções de contra-penetração naquela área (região), sendo então integrada no BCAV 1915 e depois no BCAÇ 2485, onde permaneceu até ser substituída pela CCAV 2487, em 29Mar69, deslocando-se para Bissorã. [...] O embarque de regresso, por ter concluído a sua comissão, aconteceu em 20Ago70, a bordo do navio “Carvalho Araújo”.

2.2 – A COMPANHIA DE CAÇADORES 2446 (MADEIRENSE)

Tendo como Unidade Mobilizadora o Batalhão de Infantaria Independente 19 [BII 19], do Funchal, a CCAÇ 2446, com a divisa “Alea Jacta Est”, embarcou a bordo do N/M “UÍGE”, em 11Nov1968, tendo chegado a Bissau, onde desembarcou a 15 do mesmo mês, sob o comando do Capitão Miliciano de Infantaria Manuel Ferreira de Carvalho.

Em 04Dez68, foi colocada em Cacheu, a fim de render a CCAÇ 1681 e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em 07Dez68, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 2845, e depois do BCAV 2868, com um pelotão destacado em Bachile, desde 29Nov68 a 24Abr69. […] O embarque de regresso, por ter concluído a sua comissão, aconteceu em 01Out70, a bordo do N/M “UÍGE”.

2.3 – AS OCORRÊNCIAS CONTADAS POR AQUELES QUE PARTICIPARAM NA «OPERAÇÃO AQUILES I»

Instalado a partir de 27Jan69 em Teixeira Pinto, o CAOP foi organizado para cumprir a missão de orientar as suas actividades operacionais de modo a intensificar o esforço de aniquilamento sistemático dos grupos inimigos que exerciam pressão directa sobre o «Chão Manjaco», na região de Pecau-Churo-Caboiana-Pelundo-Jol.

Em função das missões atribuídas às diferentes forças no terreno pelo comando do CAOP de Teixeira Pinto, no dia 6 de Fevereiro de 1969 deu-se início à «Operação Aquiles I», na qual participaram diversas Unidades, entre elas a CCAÇ 2444, a CCAÇ 2446 e a CCAÇ 2366, de Jolmete (1968/1970), dos camaradas Manuel Carvalho e João Rebola (1945-2018) - P11384-LG.

Recupero, a esse propósito, as informações dadas pelo camarada Manuel Carvalho (ex-fur mil da CCAÇ 2366, de Jolmete, acerca das ocorrências com a CCAÇ 2444 (Açoriana) e com a CCAÇ 2446 (Madeirense):

Em 6 de Fevereiro de 1969, começou a «Op Aquiles I» que se prolongou até 14 seguinte. Logo no primeiro dia, 6 de Fevereiro, a CCAÇ 2444 teve três mortos e um guia civil e três feridos e a CCAÇ 2446 teve um morto e um ferido e o Pel Mil 130 quatro feridos. Pela nossa parte, a CCAÇ 2366, julgo que tivemos um ferido e um dia apanhámos um RPG2 e três armas, mas estávamos a ver que as munições não chegavam para abrir caminho para o quartel.” (…) (P11219-LG).

Mortos da CCAÇ 2444 (Açoriana):

● Manuel de Amaral Carneiro; Fur. Inf.; natural de São José, Ponta Delgada; solteiro.

● José Bento Pacheco Aveiro; Soldado; natural de Nordeste, S. Miguel; casado.

● Manuel dos Santos Costa Almeida; Soldado; natural de Arrifes, Ponta Delgada; solteiro.

Mortos da CCAÇ 2446 (Madeirense):

● Manuel Brás Catanho Ribeiro; 1.º Cabo; natural de Ribeira Seca, Machico; solteiro.

Jolmete (Fev69) – O Manuel Carvalho, o Dandi e o Martins na chegada da “Op. Aquiles I”, em que apanharam o RPG2 e mais três armas. (Dandi, natural de Jol, no “Chão Manjaco”, era capitão da companhia de milícias do Pelundo. Foi agraciado com a Cruz de Guerra pelo Gen Spínola em 1972. Será fuzilado pelo PAIGC em 1975. [foto do camarada Manuel Carvalho - P18989-LG - com a devida vénia].

Um outro depoimento é-nos dado pelo camarada João Carlos Resendes Carreiro, ex-alf mil da CCAÇ 2444, a propósito da efeméride dos quarenta anos [2009], publicada no «Correio dos Açores» e repetida no blogue da «Tabanca» - P11209-LG.

Eis o que viu e sentiu naquele dia 6 de Fevereiro de 1969:

Faz hoje 40 anos [agora, cinquenta] que numa emboscada na Guiné, morreram os militares de saudosa memória do furriel Manuel Carreiro (o Mani, filho do então Director do Diário dos Açores), o soldado José Aveiro (do Nordeste) e o soldado Manuel Almeida (o triclinas do Outeiro dos Arrifes).

 Eram 7 horas da manhã, a luz do dia já começava a aparecer, mas a densidade do nevoeiro (cacimbo) mal deixava ver as palmeiras e restante vegetação à nossa volta.

Estávamos na zona de Capó, entre o Cacheu e Bachile, uma curva na estrada, com bolanha dos dois lados. Uma rajada de metralhadora deu cobertura à saída de uma bazucada que atingiu a zona do estômago do Mani, de uma maneira fatal. O tiroteio entretanto prosseguiu, a minha espingarda [G3] foi atingida de modo que o carregador ficou todo estilhaçado. O Graça, que ficou gravemente ferido, começou a gritar que tinha a perna despachada, quando levantei a cabeça, para ver o que se passava, uma rajada levantou o pó da estrada, qual cena do Far West.

O furriel Mani e o José Aveiro eram do pelotão que eu comandava, como alferes, faziam parte da 3.ª secção, que naquela hora estavam a passar para a frente. Quando o meu pelotão ia na frente rodávamos de 2 em 2 horas de secção, eu costumava ir na secção da frente, porém ainda não tinha dado tempo, eles ainda estavam a passar. Só me recordo de estar deitado na valeta da estrada, no meio do fumo da pólvora e cheiro a sangue que não vou esquecer nunca.

Passados 40 anos quero recordar aqui estre três jovens, de 22 anos [mais um da CCAÇ 2446], que deram a vida pela pátria, a 6 de Fevereiro de 1969, a cumprir o seu dever de cidadãos. (…) Tínhamos todos 22 anos, tão jovens, mas que adultos que éramos assumíamos responsabilidades de gente adulta e madura.

Um dia ver-nos-emos, vocês não morreram, passaram a viver de outra maneira!”

Ass. João Carlos Resendes Carreiro.

Relatório da «Operação Aquiles I» publicado pelo CAOP em Teixeira Pinto, p187 – P11392-LG (Manuel Carvalho), com a devida vénia.



Aos camaradas que pereceram no Rio Corubal, na “jangada de Ché-Che”, e aos que tombaram na região de Capó, no “Chão Manjaco” [Oio], agora recordada, aqui deixo a minha mais sentida homenagem, extensiva às suas famílias.

Jorge Araújo.

12FEV2019