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quarta-feira, 27 de junho de 2018

P349 - HISTÓRIA, PARTE I - COMPANHIA DE CAÇADORES 1586 PICHE, PONTE CAIUM, NOVA LAMEGO, BÉLI, MADINA DO BOÉ, BAJOCUNDA, COPÁ E CANJADUDE (1966-1968)


Caríssimo Camarada Sousa de Castro,



Os meus melhores cumprimentos.



Por me ter disponibilizado na difícil tarefa de reconstituição das memórias da Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586], Unidade que cumpriu a sua missão na Guiné entre 1966 e 1968, e que da sua história nada consta na CECA, eis a primeira parte do que consegui reunir com esse propósito.



Sou de opinião de que a deveremos partilhar neste espaço dedicado aos ex-combatentes da Guiné, no sentido de, eventualmente, algum elemento deste contingente nos possa vir a dar o seu contributo, escrito ou em imagens.



Com um forte abraço de amizade,



Jorge Araújo. 



GUINÉ
Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)
COMPANHIA DE CAÇADORES 1586
 PICHE, PONTE CAIUM, NOVA LAMEGO, BÉLI, MADINA DO BOÉ, BAJOCUNDA, COPÁ E CANJADUDE
(1966-1968)
- SUBSÍDIOS PARA A RECONSTITUIÇÃO DA SUA HISTÓRIA -




(Parte I)
1.   INTRODUÇÃO
A presente narrativa surge na sequência da publicação no blogue da «Tabanca Grande» de dois postes: o P18149-LG e o P18158-LG, ambos em memória do Alferes QP Augusto Manuel Casimiro Gamboa, pertencente à CCAÇ 1586 (1966/1968), e da referência à emboscada que o vitimou, em 14 de Dezembro de 1967, na estrada entre Canjadude e Nova Lamego.
Ela é também, por um lado, um modesto contributo escrito (subsídio) visando ajudar na reconstituição da História desta Unidade (a possível) e, por outro, a concretização da promessa feita em comentário ao segundo texto, uma vez que, de acordo a informação dada pelo camarada José Martins, especialista em Arquivo Histórico Militar do Exército (Guerra do Ultramar), “no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] não existe História da Unidade”.
Não estando expressas as razões da ausência documental da sua História no AHM, não é difícil presumir como uma forte possibilidade, quiçá a mais provável, que ela tenha tido como principal causa a divisão física e logística permanente dos seus efectivos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas em cada um dos locais onde esteve instalada, num total de oito, como se indica em título e como se assinala no mapa abaixo.
Para além desta probabilidade (suspeita), que naturalmente não podemos comprovar, uma outra variável poderá ter influenciado também a sua não transcrição para o papel, na justa medida em que estamos perante um colectivo militar metropolitano que muito sofreu ao longo dos vinte e um meses da sua comissão (Ago’1966 a Mai’1968), fazendo fé nos factos que conseguimos apurar, entre eles os seus mortos e feridos. Será que foram estas as principais causas?
Ainda assim, admitimos a hipótese de terem existido outras razões/causas, para além da que acima presumimos. Mas só o saberemos, em definitivo, se algum elemento da CCAÇ 1586 tiver a resposta certa a esta questão. Vamos esperar que tal aconteça ou que no aprofundamento deste projecto de investigação possamos chegar lá.
Porém, perante a caracterização sumária do quadro supra, compreende-se (compreendo) perfeitamente as dificuldades em se estruturar ou organizar as suas memórias, pois foram, certamente, muitos os factos e ocorrências que mereceriam ficar gravadas como testemunhos históricos da sua presença na região do Gabu, situada a Leste do território da Guiné, e que não foi possível centralizá-las ou juntá-las, passando-as a escrito, devido à dispersão dos seus efectivos nas diferentes frentes das muitas missões.
Lamentamos que assim tenha sido.
Porque não fazemos parte desse colectivo de camaradas (ex-combatentes), estes sim fiéis depositários das suas memórias durante aquele período ultramarino, enquanto principais personagens fazedores da sua história, esta narrativa não podia deixar de não ser corolário da consulta realizada a diferentes fontes de informação, escrita e oral, onde cada referência encontrada e relato obtido dos directamente envolvidos, se considerou relevante para a concretização do objectivo geral, ou seja, o início de um processo de reconstituição da História da CCAÇ 1586.
Dessa análise global e da sua triangulação, como metodologia da investigação, procurou-se caminhar na busca do que considerámos fidedigno, idóneo, exacto ou válido, enquanto sinónimos do mesmo valor, deixando à reflexão de cada leitor o que se pode considerar, inquestionavelmente, genuíno ou, pelo contrário, uma trapalhice (propaganda), uma vez que circulámos por ambos os lados do combate.
Em função do já pesquisado e dos resultados obtidos, decidimos dividir o trabalho em diferentes partes, sendo esta a primeira, onde se divulgam aspectos relacionados com a sua mobilização, locais das principais actividades operacionais e quadro das baixas em combate.
2.   – MOBILIZAÇÃO E LOCAIS DAS MISSÕES NO CTIG
Mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2, em Abrantes, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de Julho de 1966, sábado, zarpando rumo a Bissau a bordo do N/M Uíge, numa altura em que a cronologia da guerra registava já três anos e meio. Aí desembarcou a 4 de Agosto, 5.ª feira, sendo destacada para o Sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o destacamento da Ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de Setembro de 1966.
A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas: Nova Lamego, de 10 de Outubro de 1966 até princípios de Dezembro desse ano; Béli, de 25 de Janeiro a 15 de Abril de 1967 e Madina do Boé, de 10 de Fevereiro a 1 de Maio de 1967.
A 6 de Abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7Abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].
Entre 28 de Outubro e 4 de Dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.
Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de Abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso à metrópole, a 9 de Maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M Niassa, com a chegada a Lisboa a acontecer a 15 de Maio, 4.ª feira, ou seja, seis dias depois [adap. do P3797-LG, José Martins, ex-Fur Trms CCAÇ 5 (1968/1970)]. 
Bissau (Cais), 9 de Maio de 1968. Preparativos para o regresso à metrópole da CCAÇ 1586 a bordo do Niassa (fotos gentilmente cedidas pelo ex-Fur Trms Aurélio Dinis)


3.   – MAPA DOS LOCAIS ONDE A CCAÇ 1586 DESEMPENHOU AS SUAS DIFERENTES ACTIVIDADES OPERACIONAIS
No mapa abaixo, sinalizadas no interior de elipses, encontram-se os locais onde a CCAÇ 1586 desempenhou as suas diferentes actividades operacionais.





4.   – QUADRO DE BAIXAS DURANTE A COMISSÃO
No âmbito da pesquisa realizada, foram identificadas e agrupadas por datas as baixas contabilizadas pela CCAÇ 1586 durante a sua comissão, cujo quadro se apresenta de imediato.
A organização do quadro, segundo esta metodologia, corresponde à ordem da descrição dos factos conhecidos sobre cada causa ou ocorrência, e que daremos conta ao longo das próximas narrativas.
Fontes: http://www.apvg.pt/ + http://ultramar.terreweb.biz/ (com a devida vénia)

Final da Parte I
Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
22JUN2018.