Espero que perdoem a um estrangeiro intrometer-se neste
grupo, mas é preciso que alguém diga certas verdades.
A insurgência nos territórios ultramarinos portugueses não
tinha nada a ver com movimentos nacionalistas. Primeiro, porque não havia (como
ainda não há) uma nação angolana, uma nação moçambicana ou uma nação guineense,
mas sim diversos povos dentro do mesmo território. E depois, porque os
movimentos de guerrilha foram criados e financiados por outros países.
ANGOLA – A UPA, e depois a FNLA, de Holden Roberto foram
criadas pelos americanos e financiadas (directamente) pela bem conhecida
Fundação Ford e (indirectamente) pela CIA.
O MPLA era um movimento de inspiração soviética, sem
implantação tribal, e financiado pela URSS. Agostinho Neto, que começou a ser
trabalhado pelos americanos. só depois se virando para a URSS, tinha tais
problemas de alcoolismo que já não era de confiança e acabou por morrer num
pós-operatório. Foi substituído pelo José Eduardo dos Santos, treinado,
financiado e educado pelos soviéticos.
A UNITA começou por ser financiada pela China, mas, como
estava mais interessada em lutar contra o MPLA e a FNLA, acabou por ser
tolerada e financiada pela África do Sul. Jonas Savimbi era um pragmático que
chegou até a um acordo com os portugueses.
MOÇAMBIQUE - A Frelimo foi criada por conta da CIA. O
controleiro do Eduardo Mondlane era a própria mulher, Janet, uma americana
branca que casou com ele por determinação superior.
Mondlane foi
assassinado por não dar garantias de fiabilidade, e substituído pelo Samora
Machel, que concordou em seguir uma linha marxista semelhante à da vizinha
Tanzânia. Quando Portugal abandonou Moçambique, a Frelimo estava em tal estado
que só conseguiu aguentar-se com conselheiros do bloco de leste e tropas
tanzanianas.
GUINÉ –- O PAIGC formou-se à volta do Amílcar Cabral, um
engenheiro agrónomo vagamente comunista que teve logo o apoio do bloco
soviético. Era um movimento tão artificial que dependia de quadros
maioritariamente cabo-verdianos para se aguentar (e em Cabo Verde não houve
guerrilha). Expandiu-se sobretudo devido ao apoio da vizinha Guiné-Konakry e do
seu ditador Sékou Touré, cujo sonho era eventualmente absorver a Guiné
portuguesa.
Em resumo, territórios portugueses foram atacados por forças
de guerrilha treinadas, financiadas e armadas por países estrangeiros. Segundo
o Direito Internacional, Portugal estava a conduzir uma guerra legítima. E ter
combatido em três frentes simultâneas durante 13 anos, estando próximo da
vitória em Angola e Moçambique e com a situação controlada na Guiné, é um feito
que, militarmente falando, é único na História contemporânea.
Então porque é que os portugueses parecem ter vergonha de se
orgulharem do que conseguiram?
Publicado a 01 de Junho 2013 por Jonathan Llewellyn em
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