Caríssimo Camarada Sousa de Castro,
Os meus melhores cumprimentos.
Para concluir os estudos sócio-demográficos sobre os bigrupos
dos Cmdt Mário Mendes e Quintino Gomes, anexo a segunda, e última, parte.
É de referir que este segundo fragmento surge na sequência
de diversos comentários postados no Blogue da «Tabanca Grande», onde o estudo
foi divulgado inicialmente.
Até breve.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo
Maio'2018.
PARTE I AQUI: UM NOVO OLHAR SOCIODEMOGRÁFICO DE UM BIGRUPO - O CASO DO BIGRUPO DO CMDT QUINTINO GOMES (1946-1972) - Jorge Araújo
GUINÉ
Jorge Alves Araújo,
ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo,
1972/1974)
GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE
OUTROS ELEMENTOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS BIGRUPOS DOS CMDT
MÁRIO MENDES (1943-1972) E DE QUINTINO GOMES (1946-1972)
1. – INTRODUÇÃO
Não podia ficar indiferente
aos importantes contributos transmitidos pelos diferentes tertulianos nos seus
comentários, postados nos P18487-LG e P18493-LG, a propósito dos meus trabalhos
de investigação sociodemográfica tendo por universo dois bigrupos de
guerrilheiros do PAIGC, o primeiro relacionado com o do Cmdt Mário Mendes (1943-1972)
e este último com o do Cmdt Quintino Gomes (1946-1972), falecidos em combate em
Maio e Fevereiro de 1972, no Xime e em Empada, respectivamente.
A todos agradeço os seus
comentários de igual modo, mas com particular destaque para os do nosso amigo,
e colaborador permanente, Cherno Baldé, que continua a ajudar-nos a decifrar
alguns dos enigmas socioculturais dos seus pares e da sua terra, território
onde passámos mais de dois anos da nossa juventude. Obrigado!
Pelo superior valor que lhes
atribui, fui em busca de novos dados sociodemográficos de modo a alargar e/ou a
complementar os já publicados.
Em resultado dessa
investigação, curta no tempo mas bem-sucedida, apresento-vos abaixo o que
consegui apurar, agora no âmbito do “estado civil” de cada um dos sujeitos da
investigação, cujo tema poderá servir de ponto de partida para novas reflexões,
singulares e colectiva.
Mais uma vez a análise
centra-se nos documentos consultados no acervo de Amílcar Cabral disponíveis na
CasaComum - Fundação Mário Soares.
Quanto à data da elaboração das fichas de
inspecção e coordenação do Conselho de Guerra das FARP/PAIGC, acreditamos que
elas tenham ocorrido no início do ano de 1970, uma vez que os documentos agora
consultados, que também não estão datados, referem a existência da “Bateria
Especial Grad” da Frente Sul e que, como sabemos, foi criada no último
trimestre de 1969.
2. –
RESULTADOS DO ESTUDO SOBRE O “ESTADO CIVIL” DOS CONSTITUINTES DOS DOIS BIGRUPOS
O quadro abaixo foi elaborado
a partir das fichas de inspecção coordenação do Conselho de Guerra, já
publicadas anteriormente. Foi dividido por bigrupo, correspondente a cada um
dos Cmdt’s, e agrupado quantitativamente por frequências relacionadas com o ano
de nascimento de cada sujeito. Consideram-se apenas as duas variáveis
categóricas do “estado civil” referidas na ficha: solteiro e casado.
Não nos é possível referir o ano
da “união” ou “uniões”, por desconhecimento, uma vez que o segundo documento
consultado dá-nos conta da existência de casos de “poligamia”.
Na segunda coluna da esquerda
indicam-se as idades dos sujeitos no ano de 1970, por ser o ano (deduzimos) em
que foi elaborado o documento acima referido, respeitante ao número de sujeitos
“casados” em cada um dos bigrupos, número de mulheres e filhos, e que daremos
conta em quadros originais obtidos na investigação.
Quadro 1 –
distribuição de frequências em relação ao “estado civil” de cada bigrupo
Da
análise ao quadro 1, verifica-se que o bigrupo do Cmdt Quintino Gomes regista
sete “casados” (20.6%) em trinta e quatro casos, enquanto o bigrupo do Cmdt
Mário Mendes tem treze “casados” (34.2%) em trinta e oito casos.
Quando
comparados os dois bigrupos, e estratificadas as idades, constata-se que o
maior número de “casados”, três em cada bigrupo, nasceram no ano de 1946. O
bigrupo de Mário Mendes repete igual cifra em 1942.
Por
outro lado, os nascidos no ano de 1948 e seguintes, sete (9.7%) eram “solteiros”
(n=72), não existindo nenhum “casado”.
Da
análise ao quadro 2, verifica-se que os “casados” do bigrupo do Cmdt Mário
Mendes eram treze (34.2%), cada um com uma mulher. Dois “casados”, no mínimo,
não tinham filhos.
Quadro 3 –
distribuição de frequências dos “casados”, mulheres e filhos, do bigrupo do
Cmdt Quintino Gomes, tendo por base a região do Quinara (frente Sul)
Citação: (1963-1973), "Costureira numa tabanca",
CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43991
(2018-4-6). (com a devida vénia).
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3. –
CONCLUSÕES
Da
análise aos quadros supra concluímos:
1. Existe
diferença no número total de “casados” entre os dois bigrupos.
2. No
bigrupo do Cmdt Mário Mendes existe um rácio igual entre o número de homens e
mulheres, sendo que nem todas as mulheres têm filhos (ou são mães).
3. No
bigrupo do Cmdt Quintino Gomes, o número de homens é inferior ao das mulheres,
o que pressupõe a existência de casos em que há homens que têm mais do que uma
mulher (poligamia). Neste bigrupo, o número de filhos é superior ao número de
mulheres (mães) o que significa a existência de mulheres (mães) com mais de um
filho. Pode-se considerar, como hipótese académica, a existência de mulheres
sem filhos.
À vossa consideração.
Com um forte abraço de
amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
25MAI2018.
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