GUINÉ
COMPANHIA DE ARTILHARIA 3494 (CART 3494)
(Xime-Enxalé-Mansambo-Ponte do Rio Udunduma, 1971/1974)
O
XXXIV ENCONTRO/CONVÍVIO ANUAL
“OPERAÇÃO
CARAPINHEIRA – MONTEMOR-O-VELHO”
EM 1 DE JUNHO DE 2019
1. – INTRODUÇÃO
No
passado sábado, dia 1 de Junho, mantendo a tradição iniciada em 14 de Junho de
1986, no Restaurante «O Frangueiro», em Aver-o-Mar, Póvoa de Varzim, onde os
pioneiros (foto abaixo) pelo projecto encetaram uma caminhada difícil apontando ao (re)agrupar
das/dos tropas do
contingente da CART 3494, estes voltaram a “alinhar” em mais
uma “operação anual” [encontro/convívio], quarenta e cinco anos após o seu
regresso à Metrópole, depois de cumprida a sua Missão Ultramarina no TO do CTIGuiné,
no período de 1971 a 1974 [correspondente a vinte e oito meses].
Recorda-se
que o colectivo da Companhia de Artilharia 3494 [CART 3494] era a terceira Unidade
de quadrícula do BART 3873, sedeado em Bambadinca, tendo estado aquartelada no
Xime, com 3 GrComb (Jan1972/Mar1973), Enxalé, com 1 GrComb (Jan1972/Abr1973),
Mansambo, com 3 GrComb (Mar1973/Mar1974) e Ponte do Rio Udunduma, com ½ GrComb
em rotação (Jun1973/Fev1974). O regresso aconteceu em 4 de Abril de 1974.
Assim,
conforme previsto no “Plano da Missão XXXIV”, os voluntários foram chegando ao
local da concentração, devidamente equipados, onde se procedeu ao respectivo
“controlo” e distribuição de tarefas. O local escolhido foi o «Castelo de
Montemor-o-Velho», localizado na Vila, Freguesia e Município com o mesmo nome,
e inserido no Distrito de Coimbra.
Situado na margem direita do Rio Mondego,
constituiu-se num ponto estratégico na defesa da linha fronteiriça do baixo
Mondego, em particular na região de Coimbra, sendo, por isso, a principal
fortificação da região, no contexto da Reconquista Cristã da Península Ibérica.
A primitiva povoação do sítio de
Montemor-o-Velho remonta à pré-história, ocupada sucessivamente por Romanos,
Visigodos e Muçulmanos, atraídos pelo estanho da Beira Alta.
As primeiras referências documentais à povoação
e ao seu castelo remontam ao século IX quando Ramiro I, Rei das Astúrias, e seu
tio, o abade João do Mosteiro de Santa Maria do Lorvão, localizado na Freguesia
de Lorvão, Município de Penacova, o conquistaram em 848. O soberano transmitiu
ao tio estes domínios, com o encargo de defender o castelo, mantendo-lhe
guarnição, cujo alcaide abade João entregou a D. Bermudo, filho de sua
irmã,
D.ª Urraca. Ainda naquele ano resistiu ao cerco que lhe foi imposto pelo califa
de Córdoba, Abderramão II.
Sobre este episódio, existe uma lenda que
refere que no século IX, então ao tempo do abade João, o castelo foi cercado
pelas forças de califa de Córdoba, comandadas por um cristão renegado – Garcia
Ianhez-Zuleima. Em número inferior, os combatentes do castelo, com grande
dificuldade em sustentar a defesa, deliberaram dar morte por degola aos demais,
mesmo aos seus parentes, a fim de lhes pouparem o cativeiro e possíveis
afrontas dos mouros. Assim tendo procedido, arremeteram contra o inimigo
superior, dispostos a morrer em combate. Fizeram-no, entretanto, com tal
ímpeto, que o levaram de vencido. No século XVIII, sob o reinado de D. João V
(1706-1750), a tradição enriqueceu-se com um desfecho piedoso: os familiares
dos defensores, ressuscitados por milagre, saíram do castelo ao encontro dos
vencedores. A imagem de Nossa Senhora da Vitória com uma cicatriz vermelha no
pescoço, na Igreja local, evoca o milagre.
Anos mais tarde, no início do século XIX, no
contexto da «Guerra Peninsular» (1807-1814), as dependências do castelo foram
ocupadas pelas tropas francesas de Napoleão (1769-1821), sob o comando de Jean-Andoche
Junot, entre 1807 e 1808, 1.º Duque de Abrantes e coronel-general dos Hussardos.
Três anos mais tarde, no caminho da retirada das tropas derrotadas de André
Masséna (1758-1817), foi saqueado e devastado, juntamente com a vila.
Com a extinção das Ordens Religiosas em
Portugal (1834), o seu pátio de armas passou a ser utilizado como cemitério da
vila. Nesta fase registou-se o reaproveitamento das suas pedras pela população.
Em 1877 uma das suas torres foi adaptada como «Torre do Relógio».
O Castelo e a Igreja de Santa Maria da Alcáçova
encontram-se classificados como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23
de Junho de 1910. Em 1929, por iniciativa de um particular, empreendeu-se uma
campanha de defesa que chegou a promover alguns restauros no monumento. O
Castelo de Montemor-o-Velho está em bom estado de conservação, encontrando-se
actualmente aberto ao público.
2. – O
DESENROLAR DAS ACÇÕES
A
“Operação Carapinheira” - a XXXIV consecutiva - esteve a cargo do camarada
António de Sousa Bonito, que definiu a concentração a partir das 09h30, de modo
a facilitar a sua organização, uma vez que, a paredes meias com o nosso evento,
iria decorrer o Encontro Nacional da ADFA – Associação dos Deficientes das
Forças Armadas, comemorativo do 45.º Aniversário da fundação da instituição,
com a festa convívio a ter lugar no Pavilhão Multiusos da Carapinheira, onde se
registou a presença de mais de oitocentos associados, familiares, entidades e
amigos da ADFA.
Dois novos recrutas se apresentaram pela primeira vez, Alberto Couto adido à CCS do BART 3873 ou; Cabo Couto, do PEL CAÇ NAT 54 colocado em Missirá, como o ex. Alf. Carneiro o tratou quando o reconheceu, veio de Aldreu - Barcelos, com sua esposa e filha, curiosamente este homem andou 46 anos para encontrar o homem que o salvou de morrer afogado na travessia do rio Geba em Bambadinca decorria o ano de 1972 e também o Silvério Reverendo com sua esposa e filho, estes vieram de Vila Nova de Foz Côa.
Cabo Couto |
Silvério Reverendo |
Entretanto,
porém, este nosso Encontro de 2019 acabava de ficar marcado por um indelével
acontecimento, tão impensável como imprevisível, e que tinha a ver com a morte,
ocorrida ao início desse dia, do irmão mais novo do camarada António Bonito.
Foi
um choque brutal… mas que já não havia nada a fazer! Contudo, esta ocorrência
acabaria por pesar no ambiente do Encontro.
Saídos
do Castelo de Montemor-o-Velho, seguimos quatro quilómetros em caravana auto
até à Carapinheira, rumo ao «Restaurante Encosta de S. Pedro», onde foi servido
o almoço para cerca de nove dezenas de participantes, entre combatentes e seus
familiares.
De
entre o colectivo presente neste 34.º Encontro/Convívio é de salientar a
aparição do camarada alf mil Manuel Carneiro pela segunda vez – a primeira
tinha sido em 24.Mai.1997, no 12.º Encontro realizado na Costa da Caparica – que,
embora pertencendo à CART 3494, passados alguns meses de ter iniciado a sua
comissão no Xime, foi colocado no Pel Caç Nat 54, em Missirá, e, algum tempo
depois, transferido para a 2.ª CCAÇ do BCAÇ 4512/72, sediada em Jumbembem
[Batalhão de Farim]. Aqui, a poucas semanas de concluir a sua comissão, foi
ferido no “corredor de Lamel”, em 2 de Fevereiro de 1974, tendo perdido a visão
da sua vista esquerda.
Sobre
esta ocorrência, irei fazer um texto, logo que me for possível.
A
anteceder o “brinde” pelas duas efemérides, foi guardado um minuto em homenagem
a mais dois camaradas que nos deixaram, entre o último encontro e o deste ano,
a saber:
Ø David Fernandes
(sold) – Bendada, Sabugal († 28 de
Junho de 2018);
Ø Augusto de Oliveira Meireles (sold) – Guifões,
Matosinhos († 22 de Abril de
2019).
Nesta oportunidade, em nome do colectivo da CART
3494, endereçamos aos familiares dos dois camaradas falecidos as nossas mais
sentidas condolências.
3. – FOTOGALERIA
Na impossibilidade de apresentar uma fotogaleria
mais completa, resta-me apresentar algumas imagens do evento, gentilmente
cedidas pelo fotógrafo Ricardo Laranjeira, a quem agradeço publicamente.
Esta situação ficou a dever-se ao facto do camarada
Sousa de Castro ter ficado sem a sua “objectiva” (máquina fotográfica),
desconhecendo-se o seu paradeiro. Nessa sua “ferramenta” de trabalho estavam
largas dezenas de fotos alusivas a este nosso Encontro, pois, como
habitualmente e com muito gosto, era ele que fazia a sua postagem no blogue.
Se alguém, porventura, a tenha ou venha a encontrar,
faça o favor de comunicar.
CMDT Pereira da Costa e Sousa de Castro |
Com um forte abraço de amizade e votos de muita
saúde.
Jorge Araújo
04JUN2019Poste convívio 2018 O XXXIII ENCONTRO/CONVÍVIO ANUAL DA CART 3494 “OPERAÇÃO SENHOR DAS ALMAS, NOGUEIRA DO CRAVO - SEIA” EM 9 DE JUNHO DE 2018 (Jorge Araújo/Sousa de Castro)
1 comentário:
Camaradas e estimados leitores,
Onde se lê ... "Restaurante Encosta de S. Pedro, onde foi serviido o almoço para cerca de nove centenas de participantes"... Deve se ler "... nove dezenas ...." (Obviamente).
As minhas desculpas pelo lapso.
Que tenham um bom dia.
Abraço, Jorge Araújo.
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