Total visualizações de páginas, desde Maio 2008 (Fonte: Blogger)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

P93 - O INÍCIO E O FIM DA GUERRA NA GUINÉ

A guerra colonial começou à cinquenta anos, mais precisamente no dia 04 de Fevereiro de 1961, em Angola, na Guiné começou em 03 de Agosto de 1959 com os trabalhadores da estiva no cais de "PINDJIGUITI" - Bissau  a exigirem melhores condições de trabalho e melhores salários e na década de sessenta (1963) teve início a luta armada.

Texto publicado em tempos neste blogue e recuperado, evocando os cinquenta anos do início da guerra colonial ou do Ultramar.
 SC

Fotos, fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guin%C3%A9-Bissau

3 DE AGOSTO DE 1959 - MASSACRE DE "PINDJIGUITI"




AS CONVICÇÕES DE OUTRORA DEVERIAM AJUDAR HOJE O NOSSO POVO EM TRANSPOR AS GRANDES DIFICULDADES NO CONVÍVIO NACIONAL


CAROS IRMÃOS
A nossa terra viveu a passagem de mais uma data histórica, 3 DE AGOSTO, e foi com muita emoção que assisti via RTT-África, às humildes e sentidas comemorações pela população de Bissau.
 
A 3 DE AGOSTO DE 1959, os trabalhadores do cais de “PINDJIGUITI” juntaram as mãos e a uma só voz gritaram “BASTA” de precariedades: salários injustos, condições de trabalho miseráveis e recusa de diálogo perpetrados pelas empresas monopolistas da Casa Gouveia” (e ultramarina)…
 
Os trabalhadores recusaram-se trabalhar (GREVE) e exigiram mudanças e/ou melhorias claras nos principais aspectos focados: salários e condições de trabalho mais humanas!
Em resposta, os capatazes chamaram pela polícia, na altura comandados por um sr. de apelido Carreira, que ao chegar ao cais de “Pindjiguiti”, não teve dúvidas, a situação era de guerra e mandou disparar indiscriminadamente sobre os trabalhadores – sobre os nossos irmãos.
Na sequência desses disparos, mais de cinquenta trabalhadores perderam a vida, alguns deles, os corpos nunca mais vieram a ser encontrados, depois de se terem atirado ao mar numa tentativa desenfreada de se salvarem das brutalidades do regime colonial e fascista “tuga”.
 
Volto a lembrar-vos a todos de que, escrevo, acima de tudo, para os nossos jovens – jovens dos nossos liceus e universitários espalhados pelo mundo fora 
– para que o vosso desenvolvimento, num mundo, hoje, bastante diluído e democrático mas, onde as especificidades, sobretudo culturais, de cada povo se revelam, progressivamente, como a única verdadeira identificação impossível de se iluminar, não descura determinados elementos úteis e passíveis de ajudar, positivamente, na formação do vosso carácter.
Meus irmãos mais jovens, hoje mais que nunca, estou em condições de vos afirmar que, os principais problemas com que a nossa Terra/Pátria se debate, estão relacionados, basicamente, com o carácter de alguns irmãos nossos, que entretanto se envolveram na política sem para tais tarefas estarem habilitados.
 
Posto de controle montado pelo PAIGC na Guiné-Bissau em 1973, depois da declaração de independência.
Assim sendo, a minha convicção é de que, uma boa formação vossa, poderá ser uma boa solução para a salvação da nossa Pátria e permitirá que, num futuro próximo, os guineenses, no mundo inteiro, não terão de se envergonhar de trapalhadas elementares que, de algum tempo a esta parte, se tem vindo a cometer, irresponsavelmente – comportamentos que só contribuem para desonrar os bons costumes do nosso povo. Um povo heróico de que vocês deverão orgulhar-se nos vossos convívios com outros povos!
Saibam que, nada de que nos orgulhamos hoje, foi obra do acaso. 

Meus caros, tudo foi resultado de grandes conquistas engendradas e/ou impostas ao nosso povo e nas quais saiu sempre vencedor mas também, com custos humanos avultados – como sempre acontece nesses casos de conquistas de dignidade e liberdade – que privou o nosso povo do convívio de muitos de seus “bons filhos”…
Honra e glória aos nossos heróis nacionais!
 
Meus irmãos, com a proclamação da nossa independência nacional a 24 de Setembro de 1973, nas terras de Madina do Boé, mais de oitenta países, membros das Nações Unidas, saudaram e reconheceram imediatamente o novo país, a República da Guiné-Bissau e, depois do reconhecimento da derrota da
potência colonial e fascista portuguesa, não admira que todas as nações do mundo nos quisessem ajudar…
 
As ajudas foram muitas e multifacetadas!...
Alguns desses povos amigos do nosso glorioso povo, ainda hoje, encontram-se insistentemente, ao lado do nosso povo – sem sombras para dúvidas, será necessário distinguir aqui o papel desempenhado pela República Popular da China – que teve a honra de oferecer a Amílcar formação para os homens e mulheres do PAIGC, quando este decidiu engendrar-se pela luta armada – mas também, de alguns países escandinavos. Julgo não ser necessário fazer aqui quaisquer referências às posições da totalidade dos designados “países em vias de desenvolvimento”.
 
Há bem pouco tempo, se não estiver em erro, foi a Suécia que se saturou com a má gestão dos recursos postos à disposição do nosso país, com vista a aliviar o nosso grau de subdesenvolvimento e impôs certas condições que viriam a não ser observadas ou respeitadas, acabando, depois de tantas insistências com as nossas autoridades, por sair do nosso país, passando a coordenar algumas ajudas a partir de Dakar.
Tudo indica que, as nossas autoridades não deram qualquer importância a este acontecimento.
 
Este caso é apenas um exemplo de entre muitos desperdícios de amizades históricas e desinteressadas de povos que muito nos admiram!
Volto a repetir que, as nossas dificuldades estão intimamente ligadas à formação e ao carácter de alguns de nossos irmãos que, entretanto, se tornaram poderosos e apolíticos bem posicionados na política!
Em memória dos nossos heróis nacionais!
Em memória dos mártires do massacre de 3 de Agosto de 1959 no cais de “Pindjiguiti”!
Estudem! E estudem bem!
Em prol de um futuro melhor para o nosso glorioso povo!
"Guineenses, gentes de brandos costumes”!

I Rodrigues 


Sem comentários: