MSG de Jorge
Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494 (Xime-Mansambo,
1972/1974)
com data de; 19 de Maio de 2017
Caríssimo Camarada Sousa de Castro. Conforme te dei conta em narrativa anterior, esta
relacionada com as memórias do camarada Manuel Janes "O Violas", da
CCAÇ 1427, são das pequenas histórias que surgem, naturalmente, novas
histórias, e que nos permitem o aprofundamento da sua historiografia a partir
das vivências, individuais e colectivas, gravadas durante a nossa passagem por
terras africanas, de que é exemplo paradigmático, o caso da Guiné. Assim sendo, eis o segundo trabalho sobre o caso do camarada
"Violas". Com um grande abraço de amizade. Jorge Araújo. Maio/2017
1. – INTRODUÇÃO
Manuel Janes, 2017 |
O encontro/convívio de
ex-combatentes no CTIGuiné realizado no passado dia 25 de março, no Monte da
Caparica, Município de Almada, em que participaram camaradas de várias Unidades
que aí cumpriram a sua missão em diferentes épocas e locais, permitiu partilhar
memórias únicas pois só os próprios a sabem contar como ninguém.
O destaque dessa reunião vai, no
entanto, para o camarada Manuel José Janes, também conhecido por 1.º Cabo “O
Violas”, alcunha pela qual passou a ser conhecido desde o início pelos seus
pares, tendo por companheiras inseparáveis: uma G3 e a sua viola.
Para recordar aquela que foi a sua
apresentação, recupero alguns factos narrados no P308. “Quando o almoço decorria com uma natural tranquilidade, eis que se
aproxima de nós um indivíduo trauteando alguns versos do seu fadário vivido durante
a Guerra do Ultramar, em estilo musical de fado. Era, nem mais nem menos, o
proprietário do restaurante, também ele ex-combatente na Guiné, pertencente ao
contingente da CCAÇ 1427, Unidade que esteve sedeada em Cabedú, na região de
Tombali, no Sul, nos anos de 1965/1967”.
Região de
Tombali - vista aérea do Destacamento de Cabedú ao tempo da CCAÇ 1427
|
2.
– O
CAMARADA MANUEL JANES “O VIOLAS” DA CCAÇ 1427
Procurando saber mais histórias
da sua missão em Cabedú e da sua Unidade (CCAÇ 1427 - 1965/1967), para além das
que nos contou durante aquele primeiro evento, encontrei-me recentemente com o
camarada Manuel Janes. Durante a nossa cavaqueira de cerca de três horas, com
uma ordem de trabalhos completamente arbitrária, mas sem descurarmos o tema
base do nosso encontro – “memórias da Guiné” –, a determinada altura
divulguei-lhe aquele que para ele seria uma novidade: o de ter tido notícias do
camarada Manuel Caldeira Coelho [fur mil trms da CCAÇ 1589 (Nova Lamego e
Madina do Boé - 1966/1968)], conterrâneo de Reguengos de Monsaraz e seu grande
amigo, que nos idos anos de 1964 haviam fundado um trio vocal.
Recebendo o
meu segredo ou confidência com grande satisfação, fez questão de o contactar
enviando-lhe uma mensagem SMS de agradecimento.
Na sequência da primeira
narrativa [P308], na qual faço referência ao nome e à pessoa do Manuel José Janes
“O Violas”, o camarada Manuel Coelho (a quem agradeci sensibilizado)
respondeu-nos, através de correio interno, o seguinte:
“Caros editores, ao ler o poste 17206[luisgraca&camaradasdaguine] do dia 4, de autoria do camarada
Jorge Araújo, não podia deixar de dar uma "achega" referente às capacidades do Manuel José Janes como cantor e
autor.
Somos da mesma terra (Reguengos de Monsaraz) e fundámos um
trio vocal em 1964 para nos divertirmos a actuar a nível regional. Temos uma gravação feita num gravador de bobinas emprestado, não sei se poderá ser incluído neste testemunho.
Com uma voz linda de se ouvir em qualquer apresentação, não
quis o destino que seguisse carreira artística.
Fomos cada um para seu lado no serviço militar e entretanto a
2.ª Região Militar [Tomar] reuniu vários artistas amadores ou não, para espectáculos em vários
locais designadamente na Guarda onde
houve festa pela reabertura do quartel do
BC 7.
Lá chamaram a ele e a mim e foi um êxito que nos fez repetir
no Coliseu
de Lisboa e a gravar este espectáculo na
RTP transmitido em 15/7/1965 e apresentado por Carlos Cruz.
Ocasionalmente encontrámo-nos em Bissau de férias. O que ele
me contava de Cabedú e de Catió era tremendo, acho que alguém poderá convence-lo a descrever essas histórias
passadas com a CCAÇ 1427. Eu poderei
contactá-lo para isso.
Resumindo: uma voz fabulosa, uma escrita em verso não aproveitada
e um destino não como artista mas como
industrial de hotelaria.
Perdeu a vida artística mas ganharam os amigos e clientes da
sua casa que sempre o ouvem lá cantar e conviver”.
Manuel
Coelho.
Aqui chegado,
e para concluir este apontamento, resta-me apresentar algumas (poucas) imagens
de Cabedú, prometendo voltar logo que o camarada Manuel Janes localize o seu
baú, uma vez que mudou de residência recentemente. Daremos conta, ainda, da
«Marcha de Cabedú», da CCAÇ 1427, com letra e música da sua autoria.
Comprometeu-se,
finalmente, a dar-me conta da data do lançamento do seu livro de poesia que,
segundo me confidenciou, está para breve.
Região de Tombali - Destacamento de Cabedú ao tempo da CCAÇ 1427
(1965/1967)
|
Obrigado pela atenção.
Um forte abraço de amizade com votos de
muita saúde.
Jorge Araújo.
18MAI2017.
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