Xime/Guiné em 1972 |
Em Junho de 1970 fui à inspecção Militar, em Viana do Castelo de que resultou o apuramento para todo serviço Militar.
Em 4 de Maio de 1971, assentei praça no RI 8 (Regimento de Infantaria nº. 8) em Braga.
Fiz a recruta, tem a ver entre outras coisas, aprender como utilizar a arma que me foi distribuída. Essa arma chama-se “G3” (Espingarda automática) com uma duração de dois meses. No princípio de Julho 1971 fui fazer a especialidade de transmissões de engenharia com uma duração de seis meses no RTm (Regimento de Transmissões) no Porto. Um curso de uma tecnologia de comunicação muito boa para a época, consistia na transmissão de mensagens em grafia, por código morse para além de, ao mesmo tempo aprender a comunicar em fonia.
Este curso englobava para além da componente código morse, teríamos de ter conhecimentos de electricidade, material de rádio, procedimentos de segurança sobre transmissões e conhecer sobretudo muitos códigos.
Devo dizer que fui um militar extremoso quer na conduta como pessoa, como ser aplicado em todas as matérias. Obtive uma média geral do curso 17,25 valores que me deu a categoria de TE (Telegrafista Especial). Fui promovido ao posto de 1º Cabo em Dezembro de 1971. Também em Dezembro de 1971 fui mobilizado para servir comissão de serviço na Guerra Colonial na Guiné.
Formamos o BART 3873 (Batalhão de Artilharia 3873, composto pelas CART 3492, CART 3493 e CART 3494 (da qual fazia parte) no RAP 2 (Regimento de Artilharia Pesada 2) em Vila Nova de Gaia.
Embarquei em Lisboa nos TAM (Transportes Aéreos Militares) em 26 de Janeiro de 1972 e regressei em 3 de Abril de 1974. Foram 26 meses na guerra, passei por muitas privações, muita falta de tudo, a água sempre de má qualidade, a alimentação muito fraca e pouca quantidade, comia-se muitas vezes bianda (arroz) e ás vezes mal cozinhado, sofremos muitos ataques ao Quartel e emboscadas. Tivemos 4 mortos. Um considerado em combate, dois desaparecidos e outro por acidente. Muitos feridos ligeiros e alguns de muita gravidade ao ponto de terem sido evacuados para a Metrópole (Portugal).
Tive sempre bom relacionamento com todos os meus camaradas e todos os meus superiores. Fiz boas amizades ao ponto de promovermos todos os anos encontros para conviver e falarmos por aquilo que passamos, os bons e maus momentos, porque como em tudo na vida também tivemos momentos inesquecíveis. Apesar de tudo acho que na tropa aprendemos a ser homens com H grande, somos obrigados a amadurecer muito depressa, mas mesmo assim, nunca dei por mal empregue o 36 meses de tropa que lá passei 26 dos quais na Guiné.
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