Na sequência de E-mail recebido, do ex. Fur. Milº Luciano de Jesus, lembrando o quadragésimo aniversário da nossa chegada da Guiné e perante sugestão da minha parte, para que se fizesse um post. conforme MSGs em referência, eis que de imediato o nosso amigo e camarada d'armas ex. Fur. Milº Op. Esp/Ranger, Jorge Araújo, se prontificou com mais um texto bastante sugestivo que vos convido a apreciar, comentar e quiçá, alguém nos conte as últimas peripécias sobre: "Como foi a última viagem de regresso a casa".
Luciano de Jesus |
A. Castro
De
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Para
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Antonio Bonito;
Benjamim Martins Dias; Acácio Correia; Antonio Espadinha Carda; Sousa de
Castro; jorge araujo
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Enviado
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quinta-feira, 3 de
Abril de 2014 21:02
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Queridos Camaradas,
É só para lembrar
que hoje passam 40 anos da chegada da Cart 3494 ao aeroporto de Figo Maduro
Um grande abraço
para todos e longos anos de vida.
Até breve,
Luciano de Jesus
A. Castro |
Assunto
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RE: O regresso
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De
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Para
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'Luciano José
Jesus'; 'Antonio Bonito'; 'Benjamim Martins Dias'; 'Acácio Correia'; 'Antonio
Espadinha Carda'; 'jorge araujo'
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Enviado
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sexta-feira, 4 de
Abril de 2014 16:19
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É
verdade!... Passou tão depressa! Eu sugeria que se fizesse um post relacionado
com esta efeméride, se possível com fotos da chegada. Recordo que fiz a viagem
em carro de praça (Taxi) juntamente com o Fur. Carvalhido da Ponte, Fur. Dias e
o Fur. Domingues, fizemos duas paragens, uma para jantar, não me recordo onde e
outra em Coimbra para tomar café, de salientar que as estradas não eram o que
são hoje, foi de certa maneira uma viagem penosa, se fosse hoje... Teria vindo de
comboio, desfrutando os últimos momentos com o pessoal, talvez fosse mais agradável, digo eu.
Um
abraço e muita saúde,
A. Castro
Jorge Araújo |
Assunto
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O NOSSO REGRESSO FOI HÁ 40 ANOS
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De
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Para
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Sousa de Castro
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Enviado
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segunda-feira, 7 de
Abril de 2014 19:23
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Caríssimo
Camarada Sousa de Castro
Os meus
melhores cumprimentos.
A pedido
de diferentes membros da família «Fantasmas do
Xime», onde te incluo, aqui trago à memória colectiva os meus últimos
actos vividos no já longínquo ano de 1974, que foram, pelas razões aludidas, um
pouco diferentes dos restantes camaradas da CART 3494, mas que têm um
significado em comum: o regresso às origens, depois do dever cumprido, agora
que estão decorridos [já!] quarenta anos.
É obra!
Obrigado!
Um abraço,
Jorge
Araújo.
07ABR2014.
O REGRESSO - 03ABR74, Aeroporto de Bissalanca - Foto de: ex. Fur. Milº Antero Santos, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 |
GUINÉ
Jorge
Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
O NOSSO REGRESSO FOI
HÁ 40 ANOS
(BISSAU - LISBOA)
- Abril de 1974 -
Nos
primeiros dias do mês de Abril de 1974, portanto há quatro décadas atrás,
algumas centenas de jovens nascidos maioritariamente no ano de 1950 regressaram
definitivamente à Metrópole, para junto de seus familiares e amigos, na
sequência de terem terminado o Tempo da sua Comissão de Serviço no CTIGuiné, depois
de aí haverem cumprido, como combatentes, a transcendente missão de assegurar a
manutenção da soberania de Portugal num dos territórios ultramarinos, encerrando-se,
assim, este ciclo relacionado com os deveres individuais para com a Nação,
emergentes na Lei do Serviço Militar Obrigatório.
Lamentavelmente,
outros jovens, como nós, não tiveram direito a viver as diferentes emoções
específicas pelo regresso às origens, e a partilhar entre si a felicidade pelo reencontro
com os seus pares/parentes, acontecimentos muito desejados por todos e aguardados,
sempre, com muita ansiedade e impaciência. Para esses meus/ nossos camaradas
que tombaram ao meu/nosso lado, expresso aqui e agora mais uma sentida
homenagem.
2. O
BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 3873 [RAP 2]
- CART’s: 3492 – 3493 – 3494
Os
jovens militares milicianos a que me refiro nesta narrativa são os que
constituíram o contingente metropolitano organizado em Batalhão, cuja Unidade
mobilizadora foi o Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 [RAP 2], em Vila Nova
de Gaia, de acordo com a Nota Circular n.º 4496/PM-Proc.º 18/3873 da 1.ª
Repartição do Estado Maior do Exército, datada de 04NOV71.
Ten. Cor. A. Tiago Martins [1919-1992]
CMDT do BART 3873
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Embarcado
no Cais da Rocha, em Lisboa, no dia 22DEC1971, 4.ª feira, a bordo do N/M
Niassa, zarpando ao Cais do Pidjiguiti, em Bissau. O regresso do BART 3873 era,
à data, uma miragem, uma vez que se tornava difícil, quase impossível, prever o
tempo de duração da Comissão. O seu termo estava, com efeito, dependente das
decisões políticas dos governantes da época, em função da evolução da
conjuntura e da estratégia político-militar, conforme os casos.
Em
função das sucessivas alterações produzidas no terreno, por via da evolução
dinâmica do conflito, as dificuldades na gestão dos Recursos Humanos foram-se
agravando, levando o Poder a protelar, sine die, o tempo de Comissão de
cada Unidade, que inicialmente era de dezoito meses, passando, depois, para
vinte e um, vinte e quatro e, finalmente, vinte e sete meses.
A
este propósito, tenho andado na busca da Lei que enquadra este tema, mas até
agora sem sucesso. Será que este objecto teve algum enquadramento jurídico?
Como
exemplos paradigmáticos do acima exposto, destacamos os casos do BART 3873
[Bambadinca] e do BCAÇ 3872 [Galomaro], bem como das Companhias de Caçadores
Independentes n.ºs 3518, 3519 e 3520, mobilizadas no Batalhão Independente de
Infantaria n.º 19 [BII 19], no Funchal, uma vez que todos cumpriram tempo
semelhante – vinte e sete meses e meio, conforme se pode observar nos quadros
abaixo e
que no histórico das C. Serviço equivale a um acréscimo, significativo, de 50%.
3. O MEU REGRESSO …
Contrariamente
ao que aconteceu com o efectivo da CART 3494 [a minha unidade], que regressou à
Metrópole por via aérea, no dia 03ABR1974, pelas 13,00 horas locais, 15,00 horas na Metrópole, 4.ª feira, o meu regresso
verificou-se por via marítima, a bordo do N/M Niassa, iniciado em 28MAR1974 e
com a chegada a Lisboa a verificar-se em 04ABR1974, 5.ª feira.
Esta
situação ocorreu porque fui nomeado, por critério desconhecido, para responder
pela logística dos bens individuais mais volumosos do colectivo, no qual se
incluía também todo o espólio da Companhia. A mesma responsabilidade foi
atribuída a um elemento das restantes três companhias do Batalhão.
Nesta
viagem o Niassa transportou, para além dos quatro elementos do BART 3873, o
BCAÇ 3872 [Galomaro], constituído pelas CCAÇ’s n.ºs 3489 [Cancolim], 3490
[Saltinho] e 3491 [Dulombi] e CCS, as Companhias de Caçadores Independentes
n.ºs 3518 [Gadamael], 3519 [Barro] e 3520 [Cacine/Guileje/Cameconde], e, ainda,
a Companhia de Artilharia n.º 3521 [Piche], num total superior a um milhar de
ex-combatentes.
O
Paquete Niassa fez, então, escala no porto do Funchal, onde chegou a 2ABR1974, 3.ª
feira, para deixar as três Companhias Independentes formadas no BII 19.
Em
função do exposto, apresento uma pequena reportagem fotográfica para memória
futura. Eis como um conjunto de imagens nos fez recordar um tempo e reviver
factos do passado que são peças de um pedaço da nossa vida.
4. FOTOGALERIA
2 comentários:
Conforme Capítulo I da História do BART 3873(autor desconhecido), na alinea e) Instrução - o IAO (Instrução de apuramento operacional) teve início em 29DEC71 a 27JAN72 em Bolama, assim sendo faz todo sentido que o BART 3873 aportou em Bissau a 28DEC71 e não a 29DEC71. Por outro lado transcrevo para recordar a alínea f)do mesmo capítulo. - DESPEDIDA: A cerimónia de despedida constou de Missa celebrada pelo Capelão da Unidade no Mosteiro da Serra do Pilar; alocução de um Oficial Superior, representante do Exmo Governador da Região Militar do Porto ao que se seguiu desfile das tropas em parada e almoço de confraternização na Messe de Oficiais do RAP. 2.
Foi tudo muito emotivo acompanhado de receios saudades responsabilidade e perigo,enfim éramos novos"-era o desconhecido e não foi nada agradável tudo aquilo porque passamos!!
Alcindo Silva
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