Caríssimo Camarada Sousa de Castro,
Aqui te envio mais uma pequena história (dupla) para o nosso
baú de memórias, tendo na sua génese factos e feitos da nossa passagem em
missão militar na Guiné, independentemente das Unidades, das épocas e/ou dos
lugares.
São estas pequenas histórias que dão lugar a outras
histórias.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
GUINÉ
Jorge
Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansa/mbo,
1972/1974)
ENCONTROS COM E PARA A HISTÓRIA
1. – INTRODUÇÃO
Participei no passado sábado, dia
25 de março, no Monte da Caparica, Município de Almada, num encontro/convívio
entre camaradas, ex-combatentes na Guiné nos já longínquos anos de 1969 a 1974,
pertencentes a diversas Unidades que passaram por localidades como sejam: Canquelifá,
Teixeira Pinto, Piche, Bafatá, Bula, Aldeia Formosa, Bolama, Bissau e Xime
(sendo este o nosso caso).
Estiveram representadas cinco
Unidades, a saber: CCAV 2525 (69/71), CCAV 2748 (70/72), CCAÇ 2660 (70/71), CCAÇ
3545 (72/74) e a CART 3494 (71/74).
Eugénio Pereira
O encontro foi promovido pelo meu
amigo e camarada Eugénio A. Pereira, ex-furriel da CCAÇ 3545 (Canquelifá,1972/1974
- Os Abutres), com um duplo objectivo: o de saborear a boa gastronomia
alentejana e, entre garfadas, continuar a partilhar, num ambiente de grande
camaradagem, alguns dos episódios mais marcantes de cada um de nós, gravados
durante o biénio da missão militar ultramarina no CTIGuiné. Acreditando no
vasto reportório ainda não divulgado, como foi o caso, estamos perante a chama
historiográfica que continuará activa durante muito… muito tempo!
A concentração verificou-se pelas
12h30, no Largo do Centro-Sul, na Cova da Piedade, Almada, seguindo depois a
comitiva para o restaurante «Tasca do Reguengos» [imagem ao lado], onde nos
esperava um cardápio de iguarias muito apelativas, tornando a escolha deveras
difícil. Ela (a minha) acabou por recair num prato de “carne do alguidar com migas”, que estava óptima.
O Eugénio Pereira, mentor e organizador do convívio, e o Jorge Araújo, brindando à saúde dos presentes e à sua repetição num futuro próximo |
2.
– O
CASO DO CAMARADA MANUEL J. JANES “O VIOLAS” DA CCAÇ 1427 (CABEDÚ - 1965/1967)
- A grande surpresa do
encontro
Estando o almoço
a decorrer com a tranquilidade que o acto impunha, eis senão quando se aproxima
de nós um indivíduo trauteando alguns versos do seu fadário vivido durante a
Guerra do Ultramar, em estilo musical de fado.
Era, nem mais nem menos, o
proprietário do restaurante, também ele ex-combatente no CTIGuiné nos anos de
1965/1967, fazendo parte do contingente da Companhia de Caçadores
(CCAÇ) 1427, Unidade que esteve
aquartelada no Destacamento de Cabedú, na região de Tombali, no Sul, conforme
se indica no mapa e imagem abaixo.
Tratava-se do camarada Manuel José Janes, também conhecido por 1.º Cabo “O
Violas”, alcunha pela qual passou a ser conhecido entre pares, por ser habitual
a utilização do seu instrumento musical, e que, a partir daquele momento
surpresa do almoço, fez aumentar o número de unidades ali presentes.
Foto do destacamento de Cabedú retirada, com a
devida vénia, da net em http://gw.geoview.info/cabedu_antigo_quartel_portugues,17205192p
|
Mais
dois camaradas furriéis da CCAÇ 3545, heróis de Canquelifá (1972/1974): o
António Braz (dtª) e o Rogério Lourenço, escutando o poeta e fadista “O
Violas”.
|
Cumprindo a promessa feita ao camarada Manuel Janes, eis
então o seu poema:
Caminhantes dum destino não
escolhido;
Camaradas da G-3 que nos
puseram;
Nas mãos jovens, como então nos
foi pedido.
Alguém nos tirou do afago
materno;
Alguém nos fez pisar terra
perdida;
Alguém nos juntou naquele
inferno;
Alguém nos roubou dois anos à
vida.
Companheiros de silêncios
adormecidos;
Mas saudosos cada um da sua
terra;
Vinte e dois anos andámos meio
esquecidos;
Evitando recordar esses anos,
essa Guerra.
Mas há dezoito anos que nos reunimos;
Num convívio sempre mais alegre
e forte;
Perdoamos à História e não
desistimos;
Continuamos até que nos separe
a morte.
Quarenta anos passaram e
recordamos;
Com cabelos brancos, desfiando
memórias;
Passando aos filhos e netos que
adoramos;
Só o que de bom marcaram nossas
histórias.
Com orgulho escrevemos um
remete;
Num minuto de silêncio e de
saudade;
Recordando os que morreram na
1427;
Um dia os encontraremos na
eternidade.
29 de Abril de 2007
(Manuel José Janes)
Nota: Este poema foi lido durante o
encontro da CCAÇ 1427, realizado em 29 de abril de 2007, a propósito da
comemoração dos quarenta anos após o seu regresso.
Entretanto, terá lugar no próximo dia 23
de abril de 2017 o encontro dos cinquenta anos, tendo este por cenário a Quinta
da Alegria, em Penalva, Município do Barreiro.
Concluímos, afirmando que este
encontro/convívio acabou por se transformar em “dois em um”, cada qual com as
suas histórias… que ficaram para a história… e que foram aqui narradas em
síntese.
Obrigado pela atenção.
Um forte abraço de amizade com votos de
muita saúde.
Jorge Araújo.
28MAR2017.
Poste convívio anterior aqui: http://cart3494guine.blogspot.pt/2016/06/p269-convivios-xxxi-convivio-anual-da.html
Poste convívio anterior aqui: http://cart3494guine.blogspot.pt/2016/06/p269-convivios-xxxi-convivio-anual-da.html
3 comentários:
Presumo o nascimento de mais uma Tabanca, desta feita para os lados de Almada (Monte da Caparica). Qualquer dia vamos fazer um encontro de Tabancas!... A saber; Tabanca Grande (Luis Graça), Tabanca Pequena (Matosinhos) Tabanca do Centro (Leiria) e Tabanca dos Melros (Gondomar). Força camaradas!
SdC
Camaradas,
A legenda da foto 1 deverá ser:
- "O Eugénio Pereira, mentor e organizador do convívio, e o Jorge Araújo, brindando à saúde dos presentes e à sua repetição num futuro próximo".
Boa semana.
Jorge Araújo.
Camaradas,
No título principal e no do ponto 2
onde se lê «Jones»,
deve-se ler «Janes».
As minhas desculpas pela gralha.
Ab. Jorge Araújo.
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