Mensagem de Jorge Araújo com data de: 28 de Agosto de 2016
Anexo 4º que corresponde ao 8.º fragmento do projecto «Memórias de Médicos Cubanos».
Em função dos vários
apêndices que adicionei ao longo desta narrativa, alguns relacionados com
factos históricos da nossa CART 3494, a entrevista com o médico Alfonso Delgado
terá cinco partes.
Com um forte abraço de
amizade.
Jorge
Araújo.
AGO’2016.
23AGO2016 anexo III - http://cart3494guine.blogspot.pt/2016/08/p276-memorias-de-medicos-cubanos-1966.html
12AGO2016 anexo II - http://cart3494guine.blogspot.pt/2016/08/p275-guine-do-outro-lado-do-combate.html
25JUL2016 anexo I - http://cart3494guine.blogspot.pt/2016/07/p274-memorias-de-medicos-cubanos-1966.html
GUINÉ
Jorge Alves Araújo,
ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo,
1972/1974)
GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE
MEMÓRIAS DE MÉDICOS CUBANOS (1966-1969) – ‘VIII’
- O CASO DO MÉDICO AMADO ALFONSO DELGADO (IV)
1. – INTRODUÇÃO
Caros
Fantasmas do Xime; seguimos hoje com a oitava parte deste meu projecto
relacionado com a divulgação de algumas das principais experiências transmitidas
por três médicos cubanos que estiveram na Guiné Portuguesa [hoje Guiné-Bissau]
em missão de “ajuda humanitária” ao PAIGC, na sua luta pela independência, nos
anos de 1966 a 1969, como foi o caso do clínico Amado Alfonso Delgado.
Relembro
que esta espontânea iniciativa surge na sequência de ter tido acesso ao livro
escrito em castelhano pelo jornalista e investigador Hedelberto López Blanch,
uma coletânea de memórias e experiências divulgadas pelos seus dezasseis
entrevistados, a que deu o título de «Histórias Secretas de Médicos Cubanos»
[La Habana: Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau, 2005, 248 pp.] ou “on
line” em formato pdf, em versão de pré-publicação.
Relembro,
ainda, que por tratar-se de uma tradução e adaptação do castelhano, onde
procurei respeitar as ideias expressas nas respostas dadas a cada questão,
entendi não fazer juízos de valor sobre o seu conteúdo, colocando entre
parênteses rectos, quando possível, algumas notas avulsas de reforço sócio-histórico
ao que foi transmitido, ajudando-nos, por um lado, a melhor compreender o outro
lado do conflito e, por outro, na busca de fechar o puzzle dos diferentes
episódios em que ambos estivemos envolvidos.
De
acordo com esta metodologia e objectivos serão bem-vindas todas as achegas
factuais ao agora divulgado, pois consideramos que a história, enquanto ciência
do Homem, necessita do seu aprofundamento, daí o título com que baptizei este
trabalho: “d(o) outro lado do combate - memórias de médicos cubanos”.
2. – O CASO DO MÉDICO AMADO ALFONSO DELGADO [IV]
Esta oitava parte do projecto “memórias de médicos cubanos” corresponde
ao quarto de cinco fragmentos em que foi dividida a entrevista ao doutor Amado
Alfonso Delgado, médico de clínica-geral, com experiência em cirurgia.
Nos três fragmentos anteriores [P274; P275 e P276], referentes às
primeiras quinze questões formuladas, encontramos os antecedentes que
influenciaram a sua decisão de cumprir uma missão internacionalista, tendo-lhe
surgido a hipótese de o fazer na Guiné Portuguesa (hoje Guiné-Bissau), que
aceitou.
Esta inicia-se na véspera de Natal de 1967, tinha então vinte e
sete anos de idade, na companhia de outro médico, voando de Havana até Conacri.
É na Guiné-Conacri que tem a sua primeira experiência profissional africana, prestando
serviço médico no Hospital de Boké, uma unidade de saúde de rectaguarda do
PAIGC, juntando-se a mais quatro clínicos cubanos aí colocados anteriormente.
Em abril de 1968 tem início a sua integração na guerrilha ao ser
destacado para a frente Leste para substituir o seu companheiro Daniel Salgado,
médico-cirurgião militar que entretanto adoecera com o paludismo. A sua entrada
em território da Guiné-Bissau verificou-se pela fronteira Sul com a sua primeira
caminhada a terminar na base de Kanchafra, aonde se encontravam vinte
combatentes cubanos. Seguiram-se outras etapas ao longo de oito dias, com
caminhadas cada vez mais duras, pois não estava preparado para esse desempenho.
Nesse espaço de tempo passou por diversas aldeias onde se alimentava com farinha
e carne, afirmando ter passado fome, habituando-se, desde então, a comer pouco.
Ao quarto dia disseram-lhe que tinha chegado à Mata do Unal, na
região do Cumbijã. Continuada a “viagem” a pé, chegou à foz do Rio Corubal /
Rio Geba (Xime) onde lhe foi transmitido que naquele lugar havia um problema
mais perigoso que a tropa portuguesa, chamado “macaréu”. Quando chegou à outra
margem [?], encontrou um homem branco em calções, com gorro na cabeça e uma
camisa. Este olhou-o com alguma indiferença, tendo-lhe perguntado: “tu pensas
aguentar esta ratoeira? “Esquece, pois não duras nem três meses”. Perguntei-lhe
porquê? Ao que me respondeu: “tu verás como isto é”.
Entre maio de 1968 e setembro de 1969 [dezassete meses],
movimentou-se nas matas do Unal e do Fiofioli [Sector L1 - Bambadinca], com
destaque para esta última frente, aonde esteve os primeiros nove meses de 1969,
durante os quais teve muito trabalho, com enormes sobressaltos, muitas corridas
em ziguezague, rastejanços e dores de barriga (com diarreias), que implicaram sucessivas
trocas de acampamento, incluindo a destruição das suas enfermarias, por quatro
vezes.
Esteve cercado por várias vezes. Viu aviões bombardeiros, helicanhões,
barcos da marinha e militares descerem de helicóptero. Para além dos constantes
ataques a que esteve sujeito, foi também atacado por melgas que lhe perfuraram
a roupa que tinha no corpo e por centenas de abelhas que lhe “ofereceram” os
seus ferrões. Por tudo isto passou vários meses sem ter contacto com o mundo. Devido
a todas estas ocorrências e das tensões a elas associadas, por efeito da
intervenção dos militares portugueses em diferentes acções naquela região, acreditou
não ser possível sobreviver, pensando muito nos filhos, que iriam ficar sem
pai… coitados.
Eis mais algumas memórias reveladas pelo médico Amado Alfonso
Delgado.
- A entrevista com 25 questões
[P4> 16.ª à 21.ª] -
“Cirurgias com a
ténue luz de fachos de palha ardendo”
16. = Neste contexto complexo
realizou operações cirúrgicas?
A maioria
das vezes que operei foi em sítios calmos, aonde se situavam os hospitalitos
[enfermarias de colmo], e onde também nos chegavam pessoas que pisavam minas ou
tinham sido feridas em emboscadas. Quase sempre os feridos chegavam de noite e
tinha que os operar com archotes de palha. Fiz cerca de cinquenta operações.
Amputações fiz muitas devido às minas pessoais. Também operei ao tórax e
braços.
17. = Como faziam os archotes?
Apanhávamos
maços de erva seca [capim], cortávamos, dobrávamos e amarrávamos com a mesma
palha e pegávamos-lhes fogo. Às vezes não via o que estava a operar apesar de
colocar à minha volta oito a dez archotes. Os guineenses tinham muita
resistência e com qualquer coisa ficava resolvido. Para minorar uma fractura
óssea, fixava-lhes um tronquito da floresta e quinze dias depois estava bom. Se
era uma pneumonia, com três injecções de penicilina curavam-se. Muito poucas
vezes as feridas se infectaram após as operações que realizei. Eles sangravam
pouco. No primeiro hospital onde estive [Boké] fazíamos-lhes análises de
hemoglobina e era muito raro que algum tivesse mais de 5 g/dl. Em Cuba temos
13, 14 g/dl. Mas apesar desta situação, caminham mais e são mais fortes que
nós.
18. = Conte algumas das suas
experiências com a população.
A maioria
da população não sabia a sua idade, era o mesmo dizer cinquenta como trinta
anos, devido ao contexto onde viviam. Eram muito afectuosos e protegiam-nos
muito, às vezes às custas das suas próprias vidas.
Eu senti-me
muito bem na Guiné e creio que foi uma das melhores épocas de trabalho da minha
vida. Às vezes chegava a uma tabanca, e era para eles como um filme ao verem um
branco. De repente ficava cercado por quarente/cinquenta crianças e logo me
começavam a tocar nos pelos, na cara, nos braços. Era algo raro que nunca antes
tinha visto.
Numa outra
ocasião, uma bomba caiu perto de uma mulher e a feriu no abdómen. Eu levava um
manual de como aplicar a anestesia, porque naquele momento não me encontrava
com o assistente. Devia abrir o seu abdómen pois tinha peritonite. Coloquei-lhe
anestesia local, e quando lhe ia dar a geral, um avião largou outra bomba que
caiu perto. A mulher levantou-se, com a ferida meio aberta, e fugiu. Não a vi
mais. Depois disseram-me que a tinham localizado, já morta, a cerca de quatro
quilómetros dali. Eram coisas que se passavam.
Outras
vezes tive que ser dentista. Tinha equipamento para extrair dentes e por sorte
eles têm poucas caries. Aprendi e extrai, naquele tempo, perto de cinquenta.
Como já referi, os guineenses são
pessoas muito resistentes. Um dia chegou-me um homem que tinha sido atingido
por uma bala, há três meses atrás. Ela entrou-lhe pelo abdómen e saiu-lhe pelas
costas, e estava como se nada tivesse acontecido. Se fosse em Cuba, morria-se
três vezes. Tive que o enviar para Conacri [Boké], pois era uma operação
complicada.
Noutra
ocasião levaram-me uma criança que não obrava pelo ânus, mas por orifício perto
do recto na ponta da nalga. Não sabia o que era, apalpei-o e encontrei uma
coisa dura dentro. Enviei-o para Boké aonde lhe fizeram uma radiografia e viram
que era um pau que tinha atravessado desde a nalga até ao diafragma. Atravessou
seis alças intestinais. O pau tinha apodrecido e as fezes saíam por esse sítio.
O médico Almenares operou-o e teve de lhe cortar seis pedaços de intestino.
Estando na
Mata do Fiofioli, trouxeram-me um comandante [?] com uma ferida no abdómen.
Deitava pouco sangue, pus-lhe um penso e enviei-o para o hospital de Boké para
o operarem. Para o transportar até esse lugar, designaram entre catorze a
dezasseis homens. Dois o colocaram numa padiola em cima dos seus ombros e
seguiram. Foram-se revezando pelo caminho ao longo de duzentos quilómetros [?].
Ao fim de um mês, este comandante apareceu para me cumprimentar e agradecer-me
pois já estava bom.
Também
atendi em duas ocasiões feridos com mordeduras, na cara, provocadas por
leopardos feridos por caçadores, pois normalmente estes animais não atacam os
seres humanos. Atendi, ainda, vários elementos da população com mordidelas de
serpentes, pois existem milhares delas na Guiné.
19. = Encontrou doenças que não
existem em Cuba?
Sim, várias
doenças raras. Por exemplo, aldeias inteiras com tracoma, que é uma infecção
nos olhos e nas pálpebras que deixa cegas as pessoas. Visitei aldeias aonde
muitos estavam cegos. Pessoas com lepra avançada que lhes faltavam dedos, e por
isso nos davam as mãos pois gostavam muito de nos cumprimentar. Havia uma
doença, a miasis, produzida pela picada de uma mosca, que provoca um abcesso e
daí saiam vermes (bichos). Outra que produzia umas bolhas no corpo, denominada
oncocercose, que é um tipo de filária. Uma vez lembrei-me de lancetar uma
dessas bolhas a um doente e não fechava. Essa doença tem tratamento especial.
Existe um verme que se mete por debaixo da pele e os guineenses apanham um
palito, o amarram com um fio de palma, o introduzem no furúnculo e o vão
rolando todos os dias até que tiram o enorme bicho a que chamam «verme (bicho)
da Guiné».
Existem
muitos parasitas e insectos perigosos como a nígua, que se introduz na pele das
pessoas em época seca e forma como um furúnculo. Tem-se que o extrair o qual
tem a forma de carraça.
20. = Anormalidades da sua vida
nas matas de Guiné-Bissau?
Eis algumas!
Tomávamos banho no rio. Não tínhamos nem toalhas nem sabão, nem tampouco papel
para escrever alguma mensagem. Durante oito meses tive um pare de ténis que era
o melhor para fazer caminhadas e, por último, já os amarrava com folhas largas
pois não havia corda [atacadores].
Quando nos
lembramos disso, damo-nos conta de que nessas ocasiões havia coisas que não
eram muito normais. Por exemplo, numa ocasião quando me encontrava numa zona
perto de um rio, despi-me e lancei duas granadas à água. Imediatamente me
atirei ao chão e depois das explosões mergulhei e apanhei perto de vinte peixes
mortos. Nesse dia comi com abundância. Penso que todos estávamos um pouco
loucos, pois a guerra é a mãe [da loucura e a rainha de todas as coisas; alguns
transforma em deuses, outros em homens; de alguns faz escravos, de outros
homens livres, (cit. Heraclito; 535 a.C.-475 a.C.: filósofo pré-socrático
considerado o “Pai da dialética”].
Colocaram-me à disposição um sangrador de palmeiras (para
fazer escorrer o vinho, tipo corta-gotas utilizados nas garrafas). Como não
tínhamos desinfectante para colocar na água contaminada, pedíamos a um homem
que subisse ao cimo das palmeiras [exemplo da imagem à direita] e aí extraía o
líquido acumulado que era como se fosse vinho. Cada três/quatro dias me traziam
cerca de quatro litros desse líquido. Havia dias em que bebia perto de dois
litros de vinho.
Durante o tempo que
estive na Guiné comi carne de búfalo, crocodilo, antílope, tartaruga,
hipopótamo, javali, macaco, pássaros de várias espécies, apesar da comida
principal ser arroz e óleo de dendém.
Em
três ocasiões tive paludismo. Uma delas deu-me muito forte e quase que não me
podia levantar. Eu próprio me tratava.
21. = Andava junto com os
guerrilheiros?
Andei e
fiquei em vários sítios, primeiro em Kanchafra, ao lado da fronteira Sul,
depois na mata do Fiofioli [frente Leste], aonde estive em cinco lugares
diferentes, pois é um território com uns trinta quilómetros quadrados e mudávamo-nos
cada vez que sentíamos algum movimento estranho. Informavam-me qual o dia que
atacariam algum ponto [aquartelamento; destacamento; coluna de abastecimento;
tabanca, …] onde estavam os portugueses.
Deixavam-me
geralmente a um quilómetro desse lugar. Era sempre um ataque com canhões e
morteiros. Na mata não é fácil e às vezes ficava um guerrilheiro em cima de uma
árvore dando indicações aonde estavam a cair os projécteis para se poder
corrigir o tiro. Os portugueses, enquanto elas [granadas] iam caindo,
abrigavam-se, e depois contra-atacavam.
[À intensa actividade operacional das NT na região da mata do
Fiofioli em 1969, como foram os exemplos referidos no P16396: (“Op. Lança Afiada”, entre 8 e 19 de março, movimentando cerca de 1300 efectivos; “Op. Baioneta Dourada” em 2 e 3 de abril, envolvendo um total de sete Gr Comb e “Op.
Espada Grande”, em 4 e 5 de abril, com nove Gr Comb, reagiu o PAIGC, treze dias
depois, com a primeira acção, realizando uma emboscada na Ponta Coli, no troço
da estrada Xime-Bambadinca, em 18 de abril, esta liderada por Mário Mendes CMDT
do bigrupo que atacou os dois grupos de milícias aí instalados em missão de
segurança à estrada anteriormente referida, ou seja, o Pel Mil 104 (sediado em
Taibatá) e o Pel Mil 105 (destacado em Demba Taco), ambos com uma secção em
Amedalai - P12154-LG.
Três anos
depois, em 22 de Abril de 1972, o 1.º Gr Comb da CART 3494 haveria de travar o
seu primeiro combate com o mesmo bigrupo de Mário Mendes, local (imagem a
baixo) onde tombou o nosso camarada Manuel Rocha Bento, ex-Fur. Mil., natural
da Ponte de Sôr [P148; P234 e P242].
Decorrido
um mês, em 25 de maio de 1972, Mário Mendes viria a morrer em combate, na Ponta
Varela, na acção “Gaspar 5”, envolvendo seis Gr Comb: três da CART 3494 e três
da CCAÇ 12, tendo-lhe sido capturada a sua Kalashnikov, bem como documentação
relacionada com as acções a desenvolver naquela zona - P13440-LG].
[Quarenta
dias depois desta emboscada, na noite de 28 de maio de 1969, os guerrilheiros
do PAIGC atacaram pela primeira vez (e que viria a ser a única) o
aquartelamento e posto administrativo de Bambadinca (Sector L1), aonde estava
instalado, à data, o comando do BCAÇ 2852 (1968/70). Participaram no ataque,
que durou cerca de quarenta minutos, dois bigrupos (mais de cem elementos),
tendo utilizado três canhões s/r [cujos invólucros se apresentam na imagem
seguinte], morteiros, RPG, metralhadoras ligeiras e pesadas e armas automáticas
de assalto, sem grandes consequências - P11575-LG.
Em
simultâneo com este ataque, outros guerrilheiros procediam à sabotagem da ponte
sobre o Rio Udunduma, ao tempo sem qualquer segurança, situada a quatro
quilómetros, na estrada Bambadinca-Xime. Para o local seguiu o 3.º Pelotão da
CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69), comandado por Carlos Marques
Santos (ex-Fur Mil), reforçado pelo Pel Caç Nat 63, visando a ocupação e defesa
do pontão, criando um posto avançado de protecção a Bambadinca.
Em 2 de
junho de 1969, com início às 20h30, ocorreram, com pequenos intervalos entre
si, novos ataques a Amedalai, Demba Taco e Moricanhe, por esta ordem. Esta
última tabanca seria evacuada dois dias depois para reforço de Amedalai - P1019-LG].
[Em 8 de junho,
pelas 18h15, seria a vez do Xitole ser flagelado com mort 82, registando-se
novos ataques três dias depois (11 de junho: às 05h05 e 22h50) com mort 82 e
canhão s/r, todos eles sem consequências. Nesse mesmo dia (11), às 00h01, novo
ataque, agora a Mansambo, com canhão s/r, mort 82, LGFog e armas automáticas,
durante trinta minutos, sem consequências. Um novo ataque seria repetido dois
dias depois (13), com início às 18h30, com a utilização do mesmo material
bélico, sem consequências. No dia seguinte (14) seria flagelado o destacamento
de Taibatá, defendido pelo Pel Mil 104. Finalmente em 18 de junho, pelas 17h30,
foi flagelado, durante 25 minutos, o destacamento da Ponte dos Fulas, no
subsector do Xitole, com mort 82, igualmente sem consequências (in: história do
BCAÇ 2852 - Bambadinca, 1968/70, pp. 87/88).
É de crer que este vasto programa
de acções esteja relacionado com o documento assinado por Amílcar Cabral
(1924-1973), em 4 de junho de 1969, dando instruções para a realização de
ataques, no dia 10 de junho, a diversos quartéis e destacamentos da frente
Leste (Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansambo, Canjadude e várias tabancas
com milícias e tropas portuguesas), devendo nalguns casos ser repetido durante
três dias - P12156-LG].
Zona Leste>
Sector L1> Bambadinca – Eis, projectada no mapa, a principal actividade
operacional das NT e a do PAIGC durante um pouco mais de três meses (entre 8 março
e 18 junho de 1969), aonde Alfonso Delgado acabaria por intervir, certamente
com muito trabalho e enormes dificuldades, prestando apoio médico aos
guerrilheiros feridos em combate, algumas cirurgias e amputações, quase sempre
durante a noite à luz de archotes de palha ardendo.
Na mata do
Fiofioli, as principais operações das NT realizaram-se em março e abril de
1969, reagindo os guerrilheiros do PAIGC com ataques a aquartelamentos, destacamentos
e emboscadas em abril, maio e junho, nomeadamente a Sul da linha de circulação
entre Xime-Bambadinca-Mansambo-Xitole, a saber: Xime, Ponta Coli, Amedalai,
Ponte do Rio Udunduma, Bambadinca, Taibatá, Demba Taco, Moricanhe, Mansambo,
Ponte dos Fulas e Xitole (estrelas cor magenta).
Continua…
Obrigado
pela atenção.
Um
forte abraço de amizade e votos de boas férias, com saúde.
Jorge Araújo.
28AGO2016.
[Consulta
em 30 de maio de 2016]. Disponível em:
http://www.centropablo.cult.cu/libros_descargar/historiamedicos_cubanos.pdf
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