MSG de Jorge Araújo com data de 28 de Novembro de 2022
MEMÓRIAS CRUZADAS
NAS “MATAS” DA GUINÉ (1963-1974):
OS CONTEXTOS DOS
“FACTOS E FEITOS” EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO
CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM “CRUZ DE GUERRA”, DA ESPECIALIDADE “ENFERMAGEM”
Jorge Araújo
PARTE VII
Poste (VI) anterior da série: MEMÓRIAS CRUZADAS NAS “MATAS” DA GUINÉ (1963-1974): RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS» PARTE VI
Foto 2 – Sector L1 (Bambadinca) > O ex-alf mil med Joaquim António Pinheiro Vidal Saraiva (1936-2015), da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), prestando assistência médica à população do reordenamento de Nhabijões, maioritariamente de etnia balanta [e com “parentes no mato”, tanto a norte do Cuor como ao longo da margem direita do rio Corubal, nos subsectores do Xime e do Xitole]. Foto do álbum de Arlindo T. Roda – P16251-LG, com a devida vénia.
Foto 3 – Sector L1
(Bambadinca) > 08Fev1970, domingo. Assistência a ferido da CCAÇ 12, com
helievacuação em Madina Colhido (Xime), no decurso da «Operação Boga
Destemida». Foto do álbum de Arlindo T. Roda - P10726-LG, com a devida vénia.
► Continuação do P427 (VI) (24.08.22)
1. - INTRODUÇÃO
Visando contribuir para a reconstrução do puzzle da
memória colectiva da «Guerra Colonial ou do Ultramar», em particular a da Guiné
[CTIG], continuamos a partilhar no Fórum os resultados obtidos na investigação acima
titulada. Procura-se valorizar, também, através deste estudo, o importante
papel desempenhado pelos nossos camaradas da “saúde
militar” (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e
enfermeiros/as – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem,
quer em situação de combate, quer noutras ocasiões de menor risco de vida, mas
sempre a merecerem atenção e cuidados especiais.
Considerando a dimensão global da presente
investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada
um dos contextos da “missão”, analisando “factos e feitos” (os encontrados na
literatura) dos seus actores directos “especialistas de enfermagem”, que viram
ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de
3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de informação/ consulta
utilizada foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada
pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).
2. - OS
“CASOS” DO ESTUDO
De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os
“casos do estudo” totalizam vinte e quatro militares condecorados, no CTIG
(1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde
Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por “actos
em combate”, conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica divulgado
no primeiro fragmento – P415.
Nesta sétima parte analisaremos mais dois
“casos”, ambos registados no ano de 1966, onde se recuperam mais algumas
memórias dos seus respectivos contextos.
No quadro nominal abaixo, referem-se os “casos” que
faltam contextualizar (n-10).
3. - OS CONTEXTOS DOS “FEITOS” EM CAMPANHA DOS
MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM “CRUZ DE GUERRA”, NO CTIG (1963-1974),
DA ESPECIALIDADE DE “ENFERMAGEM” - (n=24)
3.13
- JOÃO DE JESUS SILVA, FURRIEL MILICIANO DO SERVIÇO DE SAÚDE, DA CCAÇ 1549,
CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 3.ª CLASSE
A décima terceira ocorrência a
merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde»
do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 3.ª Classe - a sexta das
distinções contabilizadas no decurso do ano de 1966 - teve origem no desempenho
tido pelo militar em título ao longo da sua comissão. Merecem, todavia, destaques,
os comportamentos tidos na «Operação Queima», em 08 de Novembro de 1966, 3.ª
feira, na região de Gã João / Gansene, onde foi ferido pelo IN, e na «Operação
Nora», realizada na península da Pobreza, região de Tombali, entre 05 e 11 de
Março de 1967 (infografia abaixo).
► Histórico
◙ Fundamentos relevantes
para a atribuição da Condecoração
▬ O.S. n.º 23, de 18 de
Maio de 1967, do QG/CTIG:
“Manda o Governo da Republica Portuguesa,
pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe, ao
abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio
de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné
Portuguesa, o Furriel Miliciano, do Serviço de Saúde, João de Deus Silva, da
Companhia de Caçadores 1549 [CCAÇ 1549] - Batalhão de Caçadores 1888, Regimento
de Infantaria n.º 1.”
●
Transcrição do louvor que originou a condecoração:
1549/BCAÇ 1888 – RI 1 e adida ao BART 1914, pela forma eficiente e dedicada como tem vindo a desempenhar as funções de enfermeiro. Tendo tomado parte em quase todas as operações realizadas pela Companhia, revelou ser dotado de grande coragem, sangue-frio, decisão e serena energia debaixo de fogo.
Em 08 de Novembro de 1966, 3.ª feira, durante
a realização da «Operação Queima», tendo sido ferido pelo IN, juntamente com
outros camaradas, manteve-se serenamente no seu posto, só promovendo a sua
evacuação depois de ter prestado os primeiros socorros aos restantes feridos e
dos fazer evacuar. Quando da realização da «Operação Nora» [06Mar67 (2.ª feira)],
mais uma vez o Furriel Silva deu mostras de elevado espírito de sacrifício e
vontade de bem servir de que é dotado, acompanhando as NT nas duas fases da
operação, quando é certo que entre as duas, e enquanto o pessoal descansava e
recuperava do esforço despendido, passou uma noite inteira de pé, ajudando o
clínico presente a examinar o pessoal das Companhias empenhadas na operação.
De
grande correcção e aprumo, muito disciplinado e cumpridor escrupuloso dos seus
deveres militares, são estas qualidades que tornam o Furriel Silva merecedor
desta pública forma de apreço e de a todos ser apontado como exemplo.” (CECA; 5.º
Vol.; Tomo IV, p 452).
◙►
CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
Para
contextualização da última ocorrência, a «Operação Nora», socorremo-nos da
narrativa do camarada Santos Oliveira (Cômo, Cufar e Tite; 1964/66), onde, no
Blogue da Tabanca Grande, P2504 (04.02.2008), refere que (sic) “as acções do
BCAÇ 1860 tiveram o seu clímax na «Operação Nora», realizada na Península de
Pobreza, subsector de Empada, em que a par de importantíssima quantidade de
material capturado - porventura a maior que se capturou [à data] na Província
desde o início - se desarticulou completamente o dispositivo IN naquela área
(infografia acima).
Por
outro lado, e no que concerne à informação obtida na fonte Oficial (CECA), a
explicação dada sobre a «Operação Nora» é muito reduzida, constando apenas que
ela foi dividida por diferentes missões, nos dias 5, 6, 9 e 11Mar67, envolvendo
forças da CCAÇ 1549, CCAÇ 1587, reforçada com 1 GC CªMIL 6, e CART 1614. No dia
06Mar67, 2.ª feira, foi efectuada uma batida à península de Pobreza, S1. Em
Ingué, as NT capturaram diversos documentos e material, tendo o IN reagido pelo
fogo. No decurso da acção este sofreu seis mortos, feridos em número não
estimado e a captura de documentos e munições, além de volumoso material e do seguinte
armamento: 1 canhão s/r 82 mm, 1 mort 82, 3 metr AA c/rodas, 4 mp 2 mi, 9 PM
“PPSH”, 7 PM “Uzi”, 1 Lgfog “RPG-2”, 3 carabinas “Mosin-Nagant”, 2 esp
“Mauser”, 1 pist “Walter” e 1 pist de sinais.
■
A CART 1614 registou uma baixa – o fur mil Francisco Filipe dos Santos Encarnação,
natural de Salvador, Concelho de Beja (CECA; 8.º Vol.; p 247).
3.13.1
- SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1549
= TITE - FULACUNDA - ENXUDÉ -
QUINHAMEL - ILONDÉ - BISSAU
Mobilizada
pelo Regimento de Infantaria 1 [RI 1], da Amadora, para cumprir a sua missão
ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1549 [CCAÇ 1549], a primeira
Unidade de Quadrícula do Batalhão de Caçadores 1888 [BCAÇ 1888; do TCor Inf
Adriano Carlos de Aguiar], embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, em 20 de Abril
de 1966, 4.ª feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Cap Mil Inf José
Luís Adrião de Castro Brito, tendo chegado a Bissau a 26 do mesmo mês.
3.13.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA
CCAÇ 1549
[13Mai64-26Abr66; do Cap Cav António Luís Monteiro da Graça (1925-2014)], como subunidade de intervenção e reserva do sector, com um Gr Comb destacado em Fulacunda, até 28Jun66, e outro em Enxudé, a partir de 30Mai66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1860 [23Ago65-15Abr67; do TCor Inf Francisco Manuel da Costa Almeida] e depois do BART 1914 [13Abr67-03Mar69; do TCor Art Artur Relva de Lima], tendo actuado em diversas operações efectuadas nas regiões de Fulacunda, Iusse, Nova Sintra e Flaque Cibe, entre outras.
Em
04Ago67, foi rendida pela CART 1743 [30Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf José de
Jesus Costa] e seguiu para o sector de Bissau, onde assumiu a responsabilidade
do subsector de Quinhamel, com um Gr Comb destacado em Ilondé, onde substituiu
a CART 1647 [18Jan67-31Out68; do Cap Art Fernando Manuel Jacob Galriça], tendo
ficado integrada no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art
Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e
das populações da área.
Em
02Nov67, foi rendida no subsector de Quinhamel pela CCAÇ 1585 [04Ago66-09Mai68;
do Cap Inf José Jerónimo da Silva Cravidão (1942-1967) (1.º) e Cap Mil Inf
Vítor Brandão Pereira da Gama (2.º)] e foi colocada em Bissau, em substituição
da CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz],
mantendo a mesma missão anterior. Em 16Jan68, foi substituída pela CCAÇ 2313
[15Jan68-23Nov69; do Cap Inf Carlos Alberto Oliveira Penin], a fim de efectuar
o embarque de regresso, que teve lugar no dia seguinte a bordo do N/M «UÍGE»
(CECA; 7.º Vol.; p 86).
3.14
- DOMINGOS PEREIRA BARBOSA, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO, DA CART 1525,
CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE
A décima quarta ocorrência a
merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde»
do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a sétima das
distinções contabilizadas no decurso do ano de 1966 - teve origem no desempenho
tido pelo militar em título, ao socorrer os camaradas da sua unidade feridos
durante o forte contacto havido com o IN, no decurso da «Operação Bissilão»
realizada em 05 de Dezembro de 1966, 2.ª feira, na região de Biambe (infografia
abaixo).
► Histórico
◙ Fundamentos relevantes
para a atribuição da Condecoração
▬ O.S. n.º 08, de 16
Fevereiro de 1967, do QG/CTIG:
“Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª
Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado
pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe
das Forças Armadas da Guiné, de 01 de Março de 1967: O 1.º Cabo n.º 5493065,
Domingos Pereira Barbosa, da Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525] –
Batalhão de Cavalaria 790, Regimento de Artilharia da Costa.
●
Transcrição do louvor que originou a condecoração:
“Louvado
o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 5493065, Domingos Pereira Barbosa, da
CART 1525, por ter desenvolvido no exercício das suas funções, quer
internamente, quer em operações, uma actividade notável, e na qual colocou
sempre a sua melhor boa vontade, carinho e esforço pessoal, nunca olhando a
sacrifícios e sempre pronto a cumprir da melhor forma a missão de que está
incumbido.
NT sofreram em pouco tempo várias baixas, o 1.º Cabo Barbosa, sendo o único elemento do Serviço de Saúde presente no local, quando o contacto inimigo se fazia sentir com violência, começou imediatamente a tratar dos seus camaradas feridos. Fazendo alarde de uma coragem e serenidade fora do vulgar, não o impressionou, nem o fogo IN, nem o grande número de feridos a tratar, e numa entrega total e admirável à sua tarefa, alheou-se do perigo que o cercava, e dando provas de uma abnegação, coragem, calma e desprezo pelo perigo invulgares, acorria para junto dos mais necessitados, não se importando com a sua segurança pessoal, ao deslocar-se debaixo de fogo In, a descoberto, e com o único intuito de chegar o mais breve possível junto dos camaradas que dele necessitavam.
Quer
pelo seu procedimento anterior, com o qual granjeou as simpatias gerais, pelo
modo correcto e sempre pronto como desempenhou as suas funções, quer agora, por
esta sua acção de combate, na qual deu bastas provas de coragem, valentia e
desprezo pelo perigo, merece o 1.º Cabo Barbosa, ser apontado a todos os seus
camaradas como exemplo valoroso e dedicação ao serviço.” (CECA; 5.º Vol.; Tomo
IV, pp 234-235).
◙►
CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
habitualmente, a fonte Oficial (CECA), mas desta vez sem sucesso. De facto, nada foi encontrado. Mas, na busca de outras fontes, tivemos a “sorte” de ter acesso ao livro da Unidade do agraciado – CART 1525 - “HISTORIAL” – da qual retirámos os factos relacionados com o desenrolar da «Operação Bissilão», realizada em 05 de Dezembro de 1966, 2.ª feira, na Região de Biambe.
O
principal objectivo da «Operação Bissilão» era realizar um golpe de mão a uma
tabanca (base) IN, situada na região de Chumbume, a norte de Biambe, onde
existia um morteiro 82, uma arrecadação de material e respectiva farmácia.
Foram
escaladas para esta missão as seguintes forças: CART 1525; Gr Comandos “Os
Falcões”, 1 Pel Milícia 157 e 2 secções de Pol Adm., com apoio aéreo.
▬ DESENROLAR DA ACÇÃO:
●
Eram 23h00 do dia 04Dez66 quando as NT saíram de Bissorã, tendo seguido pela
estrada de Naga até à tabanca de Nhaé, onde deixaram a estrada e tomaram o
caminho do mato. Depois de cambar a bolanha de Chumbume, cerca das 02h00 de
05Dez66, iniciou-se a aproximação do objectivo com o máximo cuidado.
Às
05h00 foi resolvido pôr em prática o plano: os elementos da polícia iriam
flagelar a base com esp e granadas de mão, obrigando o IN a revelar-se da
tabanca com o Mort 82. As outras forças cercariam a tabanca e, logo que o mesmo
se revelasse, fariam o golpe-de-mão. Quando as forças assim divididas seguiam
ao seu objectivo, próximo da referida tabanca a sentinela deu várias rajadas de
PM e lançou uma granada de mão. Eram 05h30. Sendo então detectados, o êxito
ficou comprometido. Mesmo assim, aguardou-se o ataque à base. Na tabanca o IN
não se revelou. Nesta situação lançou-se o assalto à mesma, ao qual houve
inicialmente fraca resistência acabando por cessar. Quando se atingiram as
primeiras moranças, começou uma flagelação de Mort 82, proveniente de SE e
regulada sobre a mesma tabanca. Destruída a mesma ainda sob a flagelação, as NT
seguiram na direcção do Mort. Entretanto, de Sul começou outra flagelação de
PM, a curta distância. Foi então que uma das granadas veio a cair no meio das
NT, ocasionando inúmeros feridos e inutilizando o nosso apontador de LGFog e a
sua arma. Imediatamente a seguir e quando o pessoal ainda se encontrava
desorientado pelo rebentamento e consequências da mesma granada, foi disparado
de W e a uma distância aproximada de 100 metros um rocket que causou
imediatamente dois mortos e bastantes feridos, na maioria graves. A reacção não
se fez esperar e, embora com o LGFog inutilizado, conseguiram as NT pôr o IN em
debandada, criando condições de segurança no local onde se encontravam as
nossas baixas. Uma rápida análise da situação constatou-se a morte de dois
elementos, ferimentos graves num comandante de secção, que veio a falecer, e no
comandante da milícia, além de outro pessoal gravemente ferido e outros de
menor gravidade, entre os quais o comandante da Companhia (Cap Art Jorge Manuel
Piçarra Mourão).
Feito um esforço
tendente a melhorar a situação e a moralizar os mais abatidos, montou-se uma
segurança ao local e aguardou-se a chegada do PCV, ao qual foi imediatamente
pedido evacuações, remuniciamento e apoio dos bombardeiros. Os helicópteros
fizeram cinco viagens e, embora o IN tivesse o seu Mort 82 regulado para a
zona, não se manifestou. Presume-se que os mesmos estivessem instalados em Bula
8 H5/92 O movimento de regresso, com o apoio dos bombardeiros, processou-se
para E, atingindo a estrada de Biambe sem mais incidentes, Recolhidas em
viaturas, as NT chegaram ao aquartelamento cerca das 10h30 (Op cit.; pp 52-53).
A CART 1525 registou as seguintes três
baixas: (CECA; 8.º Vol.; p 220)
■ Furriel Mil Alim Armindo Vieira Veloso,
natural de Requião (Vila Nova de Famalicão)
■ 1.º Cabo Acácio Pestana Rafael, natural
de Aljustrel (Aljustrel)
■ 1.º Cabo José António Silva Craveiro,
natural de Freiria dos Chapéus (Torres Vedras)
3.14.1
- SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 1525
= MANSOA - BISSORÃ - PONTE MAQUÉ
Mobilizada
pelo Regimento de Artilharia de Costa [RAC], de Oeiras, para cumprir a sua
missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Artilharia 1525 [CART 1525], embarcou
no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª
feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Cap Art Jorge Manuel Piçarra
Mourão (1942-2004), tendo chegado a Bissau a 26 do mesmo mês.
3.14.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA
CART 1525
um curto período de adaptação operacional e substituir a CART 644 [10Mar64-09Fev66; do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (-2004) (1.º), Cap Art Nuno José Varela Rubim (2.º), na função de reserva e intervenção do sector do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos]. Em 21Fev66, por rotação com a CCAÇ 1420 [06Ago65-03Mai67; do Cap Inf Manuel dos Santos Caria], foi transferida para o subsector de Bissorã, em reforço da guarnição local até 31Out66, tendo ainda actuado em diversas operações realizadas nas regiões do Tiligi, Biambe, Morés e Queré e sendo também deslocada para operações na região de Jugudul, de 23Jul66 a 17Ago66; de 18Jun66 a 06Jul66, destacou, ainda, um pelotão para Ponte Maqué. Em 31Out66, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, após saída da CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre], tendo passado a integrar o dispositivo e manobra do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado (1920-2001)], após reformulação dos limites da zona de acção dos sectores daquela área em 01Nov66, e depois do BCAÇ 1876 [26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior]. Pelos vultuosos resultados obtidos em baixas causadas ao inimigo e armamento apreendido, destacam-se as operações: «Embuste» [01Out66] e «Bambúrrio» [03Abr67], nas regiões de Iarom e Faja. Em 10Out67, foi rendida no subsector de Bissorã pela CCAV 1650 [06Fev67-19Nov68; do Cap Cav José Cândido de Bonnefon de Paula Santos], recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, o qual ocorreu em 04 de Novembro de 1967, sábado, a bordo do N/M «UÍGE». (CECA; 7.º Vol.; p 446).
Continua…
►
Fontes consultadas:
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o
Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II;
Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o
Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II;
Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014)
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o
Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª
edição; Lisboa (2002).
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o
Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das
Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1;
1.ª edição, Lisboa (2001).
Ø Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção
dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de
muita saúde.
Jorge Araújo.
22SET2022
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