2) MSG do Sousa de Castro
3) Caro Luís Vaz,
Agradeço muito o documento que acaba de me enviar, é de extrema importância para, não só, esclarecer como foi feita a troca dos prisioneiros entre as Forças Armadas e o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), como também ajudar a completar o puzzle do teatro de operações na Guiné . Por outro lado convido-o a visitar estes blogues que têm muito a ver com a Estória sobre a Guerra colonial na Guiné. Fico a aguardar mais estórias para possível divulgação neste ou noutros blogues se achar conveniente.
Com deferência,
Sousa de Castro
4) Mensagem de Luís Vaz
Enviada: domingo, 4 de Dezembro de 2011 16:42
Para: sousadecastro@gmail.com
Assunto: Troca dos ultimos prisioneiros na Guine
Caro Sousa Castro:
Muito obrigado por me ter respondido de forma tão célere!
Em primeiro lugar quero informa-lo de que não sou ex-combatente, apesar de ter vivido em 1973/74 na Guiné Bissau, pois acompanhei o meu falecido pai, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz na sua última comissão em África, que foi o último Chefe do Estado-Maior do CTIG (do Q.G.) sobre o Comando do General Bettencourt Rodrigues. Depois do 25 de Abril, sobre o comando do então Brigadeiro Fabião, e em articulação com outros oficiais do Estado –Maior, implementaram os dispositivos de retracção para acantonarem e retirarem deste Teatro de Operações, os milhares de militares portugueses presentes nesta Província, tendo só abandonado a Guiné, no último voo com tropas Portuguesas, no dia 14 de Outubro de 1974 na companhia do Brigadeiro Fabião. Como tal, e ao realizar a Biografia do meu falecido pai, Coronel de Cavalaria e do Estado/Maior, li muitos documentos classificados, do seu arquivo pessoal, e poderei acrescentar algumas informações sobre a troca dos últimos prisioneiros de guerra, com o PAIGC.
Troca dos últimos prisioneiros na Guiné
Mantivemos 35 prisioneiros (guerrilheiros do PAIGC) na ilha das Galinhas até a véspera do reconhecimento da Independência da República da Guiné-Bissau por parte do Governo Português. Pelo lado do PAIGC, mantinham 7 prisioneiros (4 soldados e 3 1ºs Cabos, do nosso Exército), um dos quais era o soldado António Baptista, que tinha sido dado como morto em 17 de Abril de 1972, numa emboscada em Madina-Buco, onde as nossas tropas sofreram 1 desaparecido e 10 mortos, 6 dos quais queimados na explosão da viatura em que seguiam. A troca destes sete prisioneiros na posse do PAIGC (retidos no Boé) por 35 guerrilheiros do PAIGC (retidos pelas nossas tropas na ilha das Galinhas) , foi feita segundo o estipulado pelo Acordo de Argel, e foi marcada para o dia 9 de Setembro, em Aldeia-Formosa, no entanto o PAIGC não compareceu nessa data como estava combinado, só no dia 14 de Setembro a troca se realizou. Estiveram presentes nesse ato pelas nossas tropas, o Major de Infª Tito Capela (Chefe da 2ª Rep. Do QG), o Major de Artª Aragão, o Capitão-tenente Patrício, o capitão de Infª Manarte e o Furriel miliciano Elias (da 2ª Rep./QG/CTIG). Por parte do PAIGC, estiveram presentes os seguintes elementos; Manuel dos Santos (Sub. Secretário Informação/Turismo do G.B.), Carmen Pereira (Membro do Conselho de Estado/GB) e Iafai Camará (Comandante do Aquartelamento de Aldeia Formosa).
António da Silva Baptista Foto retirada do 'semanário de Matosinhos' |
Imediatamente após a troca, foi feita a identificação (soldados; António Teixeira, Jacinto Gomes, António da Silva Baptista, Manuel Pereira Vidal e os 1ºs cabos; Duarte Dias Fortunato, Virgílio da Silva Vilar e o 1º cabo Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho), tendo os prisioneiros e a comitiva regressado de avião a Bissau. Ficaram instalados no Hospital Militar de Bissau, e no dia seguinte, dia 15 de Setembro de 1974, seguiram por via área para Lisboa.
Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz /Chefe do Estado-Maior do CTIG 1973/74)
Com os meus melhores cumprimentos
Luís Beleza G. Vaz
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