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terça-feira, 23 de março de 2010

P-58 ACTIVIDADE DA CART 3494 DO BART 3873 NO TEATRO DE O. P. GUINÉ (4)


DEZEMBRO1971/ABRIL 1974
Este texto foi elaborado a partir do livro: - BART 3873
“HISTÓRIA DA UNIDADE”
CART 3492 – CART 3493 – CART 3494
NA GUERRA CONSTRUINDO A PAZ
(autor desconhecido)


4º FASCÍCULO


JULHO 1972


20. SITUAÇÃO GERAL
- O facto dominante foi o esforço acentuado despendido pelo P.A.I.G.C. sobre a população, através da violência tendente a intimidá-la para que a sua colaboração com PORTUGAL cesse.

21. TERRENO

- Executaram-se trabalhos de capinação nos locais mais vulneráveis o que obriga as NT a fazer protecção aos capinadores.

 Passeando descontraidamente pela Tabanca do XIME em 1972
TRMS: Ramos, Sousa de Castro, Vicente, Romão, Marinho e Pereira (condutor)


22. INIMIGO

a) Sub-Sector do XIME
- Em 19 de Julho pelas 20,30 horas o Destacamento do ENXALÉ foi intensamente atacado e flagelado durante 20 minutos com armas pesadas e ligeiras. A nossa reacção surgiu pronta e ajustada. Sofremos 01 morto (Milícia) e 02 feridos; o inimigo 04 mortos, 07 feridos e 01 prisioneiro.
Salienta-se o tiro acertado de ARTILHARIA do XIME em apoio às forças atacadas.
Em 24 de Julho pelas 11,30 horas 01 elemento da população, recém-apresentado, quando se dirigia a MADINA para trazer a família sob controlo IN, accionou 01 mina A/P reforçada, em (XIME3A2-83) que lhe provocou morte imediata.


b) Conclusões
- Conforme se ilidi da leitura da actividade dos guerrilheiros no período, a população foi o alvo seleccionado, no sentido de a intimidar e de, coactivamente, a fazer mudar de atitude relativamente às NT.

23. POPULAÇÃO

- O comportamento da população é-nos francamente favorável: MERO, catalogada como «duplo controle» a sua «diplomacia», podendo afirmar-se que o acto repressivo do rapto a fez pender para o nosso lado, pois serviu para cavar um fosso entre os seus habitantes e o P.A.I.G.C. e simultaneamente aproximá-los mais de nós. Perante um tratamento violento e um tratamento amigável os homens MERO escolheram naturalmente o segundo.
Sentido-se inseguros e ameaçados reclamaram a presença da tropa o que antes não viam com bons olhos. Depois de terminada a lavoura na bolanha, comprometeram-se a dar unidades para a organização dum PEL MIL.
No ENXALÉ apresentaram-se 04 pessoas fugidas de MADINA. Ligando o fluxo que não é só de agora com o do rebentamento da mina na alínea a), cremos que o partido presentemente não goza de grande aceitação, empregando portanto métodos extremos.
Acrescente-se que o juízo se adapta inteiramente à série de acções violentas desencadeadas no período.
Em primeiro plano: Alf. Milº. Serradas Pereira seguido de 1º cabo radiot. Castro


24. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações mais importantes
- Além da actividade mais restrita e de rotina tiveram lugar:
Operação «AGARRA CABRITOS» de 10 a 12 pelo GEMIL’S 309 e 310 mais uma Secção do COE, com percurso ENXALÉ-MADINA. Os resultados foram 01 morto e 03 feridos infligidos ao IN e capturada 01 arma «Kalashnicov».
Sem consequências para as Nossas Forças.
Acção «GARLOPA» no dia 19 pela CCAÇ 12 com 04 GRCOMB, 03 da CART 3494, e 02 da CCP 121, apoio aéreo da DO-27 e Heli-Canhão. O percurso foi: BAMBADINCA/XIME/PTA INGLÊS/PTA VARELA/XIME, constituindo numa batida, precedida de batimento da Artilharia do 20.º Pel Art.ª e Heli-canhão. As NT destruíram 08 tabancas, vários celeiros e recuperaram 10 elementos da população. As NT não sofreram consequências.





b) Conclusões
- Pensa-se que a acção contra o ENXALÉ foi uma retaliação à Acção «GARLOPA» e, por outro lado, que o adversário se furta a enfrentar directamente as NT, especialmente quando elas se compõem de tropa especializada (Pára-quedistas) e apoio da FAP.


5º FASCÍCULO


AGOSTO 1972


25. SITUAÇÃO GERAL

- Ao invés do período anterior a actividade IN não incidiu sobre as populações, mediante assaltos ou raptos o que, em boa medida, se explica pelas precauções tomadas pelas NT em vista da sua defesa.
No domínio climatérico a escassez das chuvas justifica parcialmente o não abrandamento das acções inimigas, como é comum acontecer na época que se atravessa.

26. TERRENO

-As derivadas da capinagem exclusivamente.


27. INIMIGO

a)Sub-Sector do XIME
- Uma flagelação durante 20 minutos em 03 de Agosto pelas 05,18 horas com armas ligeiras e RPG-7, sem consequências.

b) Conclusões
- Revendo o exposto oportunamente, dir-se-á que o XIME não passa um mês que não seja atingido pala guerrilha.


28. POPULAÇÃO

-Na sequência da ideia de que o P.A.I.G.C. coage a população sobre o seu controle, a qual sempre que pode furtar-se à sua vigilância vem apresentar-se às autoridades, no ENXALÉ, ponto de íntimo contacto com o pessoal da mato, apresentaram-se 36 elementos (não guerrilheiros).

É crível, inclusivamente, que haja informadores do Partido instalados na tabanca.
A população sob nosso controle mantêm-se fiel e colaboradora, especialmente a etnia FULA.


29. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações Mais Importantes
- Foram as seguintes: - De 02 Agosto das 06,00 às 11,00 horas realizou-se a acção «GARO 5» por 03 GRCOMB da CART 3494 com patrulhamento na área XIME/MADINA COLHIDO/GUDAGUÉ BEAFADA/PTA VARELA. Foi detectada e levantada 01 mina A/P.
De 22 das 03,30 às 15,30 horas do mesmo dia, desencadeou-se a acção «GARLOPA 2» por 03 GRCOMB da CART 3494, 04 da CCAÇ 12, 01 da CART 3493, 20.º Pel Artª, 01 Heli-Canhão e 01 DO-27 armado, com patrulhamento, emboscada e prévio batimento da zona, na área de XIME/MADINA COLHIDO/PTA DO INGLÊS/POIDON. Destruiriam-se 01 Tabanca de 17 moranças e captraram-se peças de fardamento usado.
IN flagelou com RPG-2 a CART 3494, causando-lhe 01 ferido ligeiro.

b) Conclusões
- As missões de reabastecimento continuam a não ser perturbadas e dum modo genérico a actuação das NT não deparou com grande resistência.
Além disso cumpre assinalar o de-nodo e destemor com que os Militares empenhados encaram os momentos de perigo, tal como sucedeu na flagelação havida no desenrolar da acção «GARLOPA 2», aspecto este que se pode e deve reputar uma constante.

c) Alteração do Dispositivo
- 02 ESQ do Pel Mort 2268 estacionado no XIME foi substituído por 02 ESQ do Pel Mort 4575/72, por o primeiros terem findado a comissão. Os novos Esquadrões ocuparam o seu lugar no esquema do dispositivo contido nos períodos transactos.

NOTA DO EDITOR:

- No ponto 29. Da alínea a) Acções e Operações mais importantes 

Não foi considerada uma acção ao MATO-CÃO que levou a que a CART 3494, tivesse sofrido um acidente no Rio Geba em que perdemos 03 homens, considerados: Baixas, por outras causas.

Desenrolar da acção, segundo apontamentos escritos na época:

- CART 3494 - 10-08-1972. A companhia neste dia recebeu instruções para uma operação no MATO-CÃO. Consistia em atravessar rio Geba em lanchas e depois entrar no mato e seguir então para MATO-CÃO. O Major de Operações, para além de ter sido avisado por quem conhecia as marés e a hora em que passaria o «MACARÉU», achou que haveria tempo para fazer a travessia do rio e levar a cabo a operação.

(«Macaréu» Sm. Sublevação brusca das águas, que produz em certos estuários no momento da cheia e que progride rapidamente para as nascentes sob forma violenta, capaz de fazer estragos em pequenas embarcações).

Os pelotões envolvidos nesse patrulhamento não tiveram outra alternativa senão obedecer. Os soldados pela experiência já adquirida, ao longo de 08 meses de comissão, sabiam que uma desgraça iria acontecer e, então acontece o que já se esperava. São apanhados pelo Macaréu.
As embarcações viraram e então todos tentam desenrascar-se como podem, do perigo de morrerem afogados, muitos não sabiam nadar, depois, com todo peso de armamento que transportavam, para além da farda que envergavam, viram-se e desejaram para se safarem, mas nem todos o conseguiram.
Três camaradas foram levados pela corrente das águas agitadas.
 Sepultura em Bambadinca - Guiné do Soldado, José Maria da Silva e Sousa. Agosto 1972

Só apareceu um, no dia seguinte. Foi o Soldado, José Maria da Silva Sousa, residia em Santo Tirso, ficou sepultado na Guiné, em Bambadinca, Manuel Salgado Antunes, casado residia em Famalicão e o terceiro Abraão Moreira Rosa, este da Póvoa de Varzim, não mais apareceram. O pessoal da companhia muito perturbada com este acontecimento, desdobraram-se em esforços tentando encontrar os que desapareceram, mas em vão.
Sousa de Castro

1 comentário:

C.Casanova disse...

Sempre a mesma emoção ao precorrer este blog, sentimo-nos levar por uma grande emoção, tentar nos meter no lugar destes homens que apenas tinham saìdo da adolecência, coisa impossivel!