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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

P -136 Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974 "DOSSIÊ SECRETO" (parte I)

 Mensagem de Luís Vaz (filho do último Chefe do Estado Maior do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz) com data de dom 08-01-2012 03:18

Caro Sousa de Castro, caro Luís Graça:

Conforme prometi envio-vos mais um artigo sobre a "Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974 ", que se baseia simplesmente em adaptar e transcrever certos excertos de um DOSSIÊ SECRETO, autenticado pelo Chefe da 2ª Repartição, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela. Leiam-no e vejam, dentro dos vosso critério se tem interesse para publicação no Blog! Acho que a classificação deste Dossiê, com o tempo deve ter "sido desclassificado" para "Publicar", não acham?

Abraço,
Luís Beleza Vaz

Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974
(Parte 1)


DOSSIÊ SECRETO (ou talvez não)

Adaptação/transcrição de Alguns Excertos do; "Relatório da 2ª Repartição do QG do CTIG”, autenticado pelo Chefe da 2ª Repartição, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela.

Comandantes do PAIGC, Nino Vieira e Amílcar Cabral
(fotografia retirada de http://historiaguine.com.sapo.pt/)

A partir de Janeiro de de 1974, o PAIGC passava verdadeiramente à ofensiva, a qual se  caracterizava pela definição de duas Áreas de incidência de esforço, diametralmente opostas, uma no extremo Nordeste do Teatro de Operações onde desenvolvia a Operação “Abel Djassi” (pseudónimo de Amílcar Cabral) e a outra a sul, no Cubucaré, para o que inclusivamente tinha constituído um novo órgão coordenador das operações de guerrilha nesta Zona, o Comando Sul. 

As ações foram desencadeadas, numa e noutra das Áreas referidas, com base em novas unidades, das FARP, e com largo emprego de Artilharia e Armas  Pesadas, nomeadamente Morteiro 120 mm e Foguetes de 122mm.

GUINÉ - PELUNDO/ 1973 VISITA - INSTRUÇÃO DAS MÍLICIAS
Delegado do Governo no Chão Manjaco, Tenente-coronel de Artª Sousa Teles.  Comandante Geral das Mílicias, Major Pinheiro. CEM/CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz, representando o 2º CMTE do CTIG.


Além destes meios os Mísseis SA-7 “Strella” eram frequentemente utilizados, o que limitava grandemente o apoio da Força Aérea às Guarnições terrestres e, a 31 de Março de 1974, apareciam as viaturas blindadas em Bedanda (Cubucaré), o que confirmava o grande aumento de potencial, assim como a crescente capacidade táctica e, sobretudo logística do PAIGC.
Nas restantes áreas do Teatro de operações aumentava igualmente de modo significativo a atividade de guerrilha dispersa em superfície, com relevo para o emprego de engenhos explosivos e ações de terrorismo urbano que alastravam até á própria capital (Bissau). 

Como exemplo citam-se as 17 flagelações com armas pesadas a outros tantos Aquartelamentos ou Povoações, num único dia (20 de Janeiro de 1974- Data do aniversário da morte de Amílcar Cabral), o rebentamento de engenhos explosivos num café de Bissau (26 de Fevereiro de 74) que provocou um morto e a sabotagem no próprio QG/CTIG (em 22 de Fevereiro de 74), onde parte do edifício principal foi destruído.



SA-7b Grail Strella
O SA-7b possuía um novo motor de propulsão e um novo sistema de identificação, o que lhe permitiu passar a aquisição de alvos de 3,6 km para 4,2 km, e aumentar a velocidade de 430 m/s para 500 m/s.
Fonte da foto: http://www.armyrecognition.com/

 
No sul a ofensiva aí realizada permitia ao PAIGC o controlo efectivo de uma área de razoável superfície em que se inseria o “corredor” de GUILEGE, percorrido frequentemente por viaturas das FARP, e que confinava com outra vasta área abandonada pelas Nossas Tropas desde 1969 – o BOÉ (Madina do Boé).


Guiné ( 1973)  "Guerrilheiros deslocando-se num carro blindado, Guiné-Bissau"
(Desconhecido autor)


Em Abril de 1974, dado o “Esgotamento das Reservas” do Comando-Chefe, previa-se que o relançamento da Ofensiva no saliente Nordeste, orientava para sul, tornaria IMINENTE o abandono de CANQUELIFÁ e o consequente isolamento de BURUNTUMA. 

Admitia-se ser intenção do PAIGC, unir a bolsa assim conquistada com a Região do Boé, por sua vez ligada à Zona onde se localizava o Corredor de GUILEGE, mais a sul, concretizando deste modo, uma ocupação territorial efectiva que carecia para reforçar a imagem do Estado da Guiné Bissau, parcialmente ocupado pelas Forças Armadas Portuguesas.

Jacto Fiat G-91 da FAP, abatido por míssil Strella, quando sobrevoava o “Corredor” de Guilége (25 de Março de 1973) – (Fotografia Retirada de Colonial-fotobiografia, Círculo de Leitores, 1990)

Nas áreas de incidência de esforços referidos, a situação era de tal modo grave para a maioria das Guarnições das Nossas Tropas, cujos sistemas de defesa não dispunham de “Obras de Fortificação”, que pudessem resistir com eficácia às novas armas pesadas do PAIGC, que o Comandante Chefe alertava do facto o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), a 20 de Abril de 1974 (vésperas do Golpe Militar de 25 de Abril) por uma Nota que concluía nos seguintes termos:


“O facto de ter sido confirmada parte das notícias atrás mencionadas pela utilização de viaturas blindadas no ataque a BEDANDA, confere certa verosimilhança às restantes notícias que referem a existência de Novas Armas Antiaéreas ou outras, pelo que aquela utilização e o conjunto de circunstâncias descritas na presente nota, nomeadamente a análise das fotografias juntas, são motivo de grande preocupação para este Comando-Chefe, cumprindo-lhe assinalar as consequências que podem resultar da possível evolução do potencial de combate do PAIGC ou do seu eventual reforço com novos meios das Forças Armadas da Guiné, quer quanto à capacidade de resistência das Guarnições Militares que porventura sejam atacadas, quer às limitações de intervenção com meios à disposição do Comandante-Chefe, em especial meios aéreos. “

Após os resultados obtidos pela guerrilha a partir do início do ano, com acções maciças desencadeadas a nordeste do território e no Cubucare, a Sul, que se traduziram no abandono de Copá pelas nossas tropas e no desequilíbrio das Guarnições de Bedanda e Jemberém, o PAIGC tinha planeado e preparava-se para lançar nova ofensiva, no final da época seca de 1974 (Maio e Junho), a fim de explorar aqueles resultados.
Guiné - Bedanda - CCAÇ 6 -1970
Resposta do Obus 14 a ataque de foguetes Katiusha, de 122 mm. 
(Foto gentilmente cedida pelo Cor Cav na reforma Ayalla Botto ao Hugo Moura Ferreira.)
 
Logo que tomou conhecimento do Movimento das Forças Armadas portuguesas, a 25 de Abril de 74, o Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) chegou a  expedir ordens, no seguimento do que estava planeado, para que fossem desencadeadas acções com todos os meios disponíveis, com o objectivo evidente de tirar partido da situação em curso e explorar, de imediato, qualquer possível perturbação que admitiu pudesse existir no seio das nossas tropas.


No entanto a ofensiva planeada não chegou a concretizar-se e, inclusive a partir do início de Maio registou-se um nítido abaixamento da actividade de guerrilha.


Ao longo de todo o mês de Maio de 74 foi, de facto, notado um ligeiro aumento de actividade  durante a segunda semana, seguido de novo decréscimo no final da mesma, o qual continuou posteriormente regular e constante.


A redução acentuada de actividade resultava de, em 21 de Maio, pouco antes do início da 1ª fase das conversações em Londres, o Secretariado do Governo do PAIGC ter difundido a seguinte ordem às FARP (documento com doze instruções) ………


11º) Devemos estar preparados para reagir violentamente contra todas as acções do Inimigo.

12º) Lembramos a todos os Militantes e combatentes que mais do que nunca é necessário estarmos vigilantes e que não podemos confraternizar com as Forças Inimigas enquanto não ficar claramente decidida a sua evacuação da Nossa Terra de acordo com os objectivos fundamentais da Luta que são: 

A Independência total e imediata do nosso Povo da GUINÉ e CABO VERDE. Estas decisões correspondem à situação Política e Militar do momento e devem ser estreitamente cumpridas. Saudações a todos os Camaradas.

SG do PAIGC




Apesar das determinações do SG do PAIGC, anteriormente descritas, não deixaram dúvidas sobre o adiamento das Operações de Guerrilha até nova ordem. Alguns grupos combatentes continuaram a ignorá-las durante vários dias, nomeadamente a Norte, na Região onde o corredor de LAMEL intercepta o Itinerário FARIM-JUMBEMBEM, e no Sul, no Sector do CUBUCARE.

Por outro lado o comando das FARP continuou a expedir ordens para o planeamento e preparação, até ao fim de Maio (de 1974), de diversas operações, em especial na Zona Sul, as quais seriam desencadeadas se o andamento ou o resultado das conversações de Londres (de 25 a 31 e Maio) não fossem aceitáveis. (…)

Continua………………

Adaptado por:  Luís Gonçalves Vaz
                       (Tabanqueiro 530)

10 comentários:

António Rodrigues disse...

Diz-se neste Poste que, o PAIGC a 31 de Março de 1974 aparecia com viaturas blindadas no ataque a Bedanda (Cubucaré).
Eu e os meus camaradas, enfrentamos essas mesmas viaturas durante o forte ataque desencadeado pelo PAICG a Copá, na noite de 7 para 8 de Janeiro de 1974, tendo uma delas derrubado o arame farpado e penetrado dentro de Copá cerca de 10 metros.

António Rodrigues

1ª. CCAV / BCAV 8323 Copá 73/74

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

De referir que o Ten. Cor. Sousa Teles (João Manuel Pereira do Carmo Sousa Teles) foi 2º CMDT do meu Batalhão como Major de Art., BART 3873 em Bambadinca JAN72/ABR74 do qual fazia parte as CCS, CART 3492 no Xitole, CART 3493 em Mansambo, transitando posterioprmente para Cobumba/Cantanhês e CART 3494 (a minha) no XIME sendo substituída pela CCAÇ12 quando esta transitou para Mansambo.

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro António Rodrigues:

Antes de mais, obrigado pela sua intervenção ao comentar este artigo. Pois com ele enriqueceu este artigo e o Blog em geral. Relativamente ao que refere, não duvido, pois é uma testemunha e interveniente nesta recente guerra, que o afirma, mas o relatório de onde retiro e adapto para tentar caracterizar a Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974, refere como exemplo (penso eu!) o caso em Bedanda, talvez por ter sido o último contacto das NT com esse tipo de blindados na altura, mas eles circulariam por outras regiões do TO da Guiné, essa é uma verdade que este artigo pretende "Revelar"! Relativamente a Copa, como afirma que "Eu e os meus camaradas, enfrentamos essas mesmas viaturas durante o forte ataque desencadeado pelo PAICG a Copá, na noite de 7 para 8 de Janeiro de 1974", e eu li no Relatório supra citado (ver a Parte I), a saber; "..recrudescimento da guerrilha que se verificava desde Abril de 1973, a alguns êxitos espectaculares (por parte do PAIGC) da mesma (abandono de GUILEGE, no SUL, e COPÁ, no LESTE)...", por favor, o "abandono de Copa"! Desde já lhe agradeço esse futuro comentário, como actor neste TO da Guiné.

Abraço

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

António Rodrigues disse...

Caro Luís Gonçalves Vaz!

Ontem (à quase 24 horas) Escrevi aqui um extenso comentário sobre as viaturas blindadas do PAIGC e a nossa retirada de Copá, mas não sei o que se passou que esse comentário ainda aqui não apareceu e tenho pena porque, o texto era bastante grande e não fiquei com nenhum rascunho do mesmo.

António Rodrigues

1ª. CCAV do BCAV 8323

Pirada Bajocunda e Copá 1973 1974.

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Caro António Rodrigues, Como editor do blogue em causa, devo dizer que em ref, e-mail/comentário sobre as viaturas blindadas e da vossa retirada, também acho estranho ainda não ter aparecido, não sei , não faço ideia o que se terá passado, mas fica a certeza que não tenho culpa sobre esta situação. Por outro lado peço-te para que, na medida do possível voltares a escreve-lo, terei muito gosto e interesse que seja publicado para o engrandecimento da nossa história.

Um abraço,
Sousa de Castro

António Rodrigues disse...

Caro Sousa de Castro, não estou a culpá-lo de nada, admito que fui eu que fiz alguma asneira, porque isto para mim ainda é uma ferramenta que não sei manejar completamente.
Fiquei com pena, porque precisei de algum tempo para escrever esse comentário e acabei por perde-lo.
Vou tentar nos próximos dias arranjar tempo para o reescrever, mas receio que ele perca qualidade em relação ao primeiro.

Um Abraço
António Rodrigues

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro António Rodrigues:

Li agora o seu comentário! também me acontecia...... Agoro escrevo no WorD, copio no fim e colo aqui, é o melhor! Foi pena, vai ter de repetir esse artigo, com calma que nós esperamos!

Abraço

Luís Vaz

António Rodrigues disse...

Estou completamente de acordo com tudo o que está escrito neste Poste.
A partir do início de Janeiro de Janeiro de 1974, a guerra na zona leste da Guiné, recrudesceu de forma violentíssima, nomeadamente em Copá e Canquelifã, que são os casos que conheço melhor.

As viaturas blindadas do PAIGC (segundo julgo saber pois não tenho a certeza)aparecem pela 1ª. vez em Copá.
Sofremos a 1ª. flagelação de armas pesadas, à distância de alguns Kms no dia 03-01-74 às 23.30 horas que se prolongou até às 02.00 horas do dia seguinte.
No dia 7, depois de uma forte emboscada pelas 09.30 horas da manhã a uma coluna de reabastecimento que se dirigia de Bajocunda para Copá, em que o 3º. Grupo de Combate reforçado da minha Companhia a 1ª. CCAV/BCAV8323 sofreu 2 mortos e vários feridos, pelas 17.55 horas do mesmo dia o PAIGC desencadeou sobre Copá um violento bombardeamento com morteiros de 120 mm que só terminou às 22.15 horas com a chegada e sobrevoo daquela área de um avião DAKOTA da FAP carregado de bombas.
Menos de 2 horas depois, após o DAKOTA se ter retirado, pelas 00.10 horas o PAIGC com um numeroso grupo de guerrilheiros, dá início junto ao nosso arame farpado, a uma fortíssima tentativa de assalto ao aquartelamento e para nossa grande surpresa, vinham acompanhados de pelo menos duas viaturas blindadas, tendo uma delas derrubado o arame farpado e penetrado 10 metros para dentro, disparando fortemente sobre nós.
Àquela hora a guarnição de Copá estava reduzida a 29 Homens, uma vez que, o Pelotão de Africanos que se encontrava lá connosco, tinha desertado durante a flagelação do fim da tarde, com excepção do Alferes e do Furriel europeus que os comandavam.
Estivemos prestes a ser todos capturados, mas lá fomos resistindo, até que lhes fizemos mortos e feridos e eles retiraram pelas 01.15 horas arrastando para cima de um blindado as suas baixas.
Copá ficou nessa noite bastante queimado e semidestruído.
Nós tinha-mos acabado de viver uma tarde e noite infernais.

Ainda sobre as viaturas blindadas do PAIGC, no livro escrito pelo jornalista José Pedro Castanheira, cujo título é, "Quem Mandou Matar Amílcar Cabral" nas páginas 151 e seguintes pode ler-se o seguinte: (No dia 01-12-72 saiu de Bissau enviado pela PIDE um seu informador Africano com destino a Conakri, onde chegou a 11 do mesmo mês, que se apresentou a Amílcar Cabral como Ex-prisioneiro das autoridades Portuguesas, Cabral recebe-o, arranja-lhe alojamento e comida e entretanto mostra-lhe o último e mais moderno armamento acabado de chegar, entre o qual se destacam duas viaturas blindadas, uma com lagartas outra com rodas de borracha.
Na sequência do assassínio de Amílcar Cabral, cerca de um mês depois, esse informador é preso em Conakri e volta a ser libertado em meados de Fevereiro seguinte, parte de Conakri a 16 desse mês com destino a Bissau, onde chega de novo a 3 de Março de 73.)
Pelo acima exposto, se verifica que, pelo menos as autoridades em Bissau, deviam ter conhecimento da existência das referidas viaturas.

Sem querer armar-me aqui em herói, ou criticar seja quem for, a nossa retirada de Copá aconteceu em moldes e circunstâncias muito diferentes do que julgo saber aconteceu com a retirada de Guiledge.

Em Copá principalmente a partir de 31 de Janeiro de 74, dia em que foi abatido sobre Copá com um míssil Strela um avião FIAT G-91, as flagelações com artilharia do PAIGC, passaram a ser quase diárias e simultâneamente também sobre Canquelifã ali a 12 Kms de distância,cada vez com mais intensidade e violência, até que, ao romper do dia 12 de Fevereiro, sem que nós em Copá o esperássemos, apareceu lá uma forte coluna para nos evacuar para Bajocunda.
Respiramos de alívio, Graças a Deus estava-mos ainda todos vivos e sem ferimentos, embora da restante saúde não pudesse-mos dizer o mesmo, foi uma manhã libertadora, ia-mos sair de um verdadeiro inferno.


Um Forte Abraço
António Rodrigues

1ª. CCAV/BCAV 8323 - 1973 - 1974

Luís Gonçalves Vaz disse...

Camarigo António Rodrigues:

Parabéns pelo seu depoimento! só quem esteve em combate, pode ter uma ideia do que passaram nas linhas da frente na Guiné!Eu só poderei tentar imaginar! O que acaba de fazer é dar mais um contributo importante, para uma reconstituição histórica, de uma das últimas campanhas militares na colónias Portuguesas em África, de que o meu camarigo foi um dos atores/intervenientes, que nos honra muito, como tal presto-lhe aqui a minha admiração e respeito. Eu que não fui combatente nessa GUERRA, pois apesar de lá nessa altura, tinha apenas 13 anos de idade, mas quando me desloquei à Ponta do Biombo num passeio em família (eu levava uma pistola-metralhadora FBP, pois já tinha instrução de fogo para eventuais contactos com o IN), ouvi muito bem o Troar de algumas flagelações ao longe,quando fui a Bubaque de avião, o piloto capitão Pombo teve de voar sempre muito baixo, devido às instruções superiores... e quando visitava o Hospital Militar de Bissau (dia sim, dia não com o meu falecido pai), vi com os meus próprios olhos os "Helis" a levantar e a pousar, para transportar feridos graves com uma frequência assustadora ... e vi muitas urnas também (2070 mortos em 13 anos...)! enfim a Guiné foi sem dúvida o nosso Vietname... Resumindo,ainda bem que em sua opinião os dados deste Relatório "SECRETO", a que tenho dado visibilidade nas minhas transcrições/adaptações, estarão devidamente correctos e fieis aos últimos acontecimentos neste Teatro de Operações, a antiga colónia Portuguesa da Guiné. Sendo assim irei continuar a dar "visibilidade" a este Relatório que poderá levantar alguma polémica para alguns, mas que para outros confirmará o que se terá passado, no entanto eu próprio admito que algumas "incorrecções" poderão aparecer em qualquer um, e este eventualmente poderá conter alguma, ou não..... Aguardo mais relatos de guerra, seus ou de camaradas seus.

Forte Abraço

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

António Rodrigues disse...

Caro Luís Gonçalves Vaz!

Eu tenho toda esta minha vivência da guerra escrita, embora eu não seja nem de perto nem de longe um escritor, nunca tive essa pretensão.

Nesta altura estou a fazer uma revisão a estes meus escritos, porque tive agora acesso ao histórico do meu Batalhão e achei que poderia enriquecer um pouco mais estas minhas histórias da guerra.
Não sei quando terminarei esta revisão, tudo vai depender do tempo que eu poder dispensar para isso, porque tenho outros afazeres, mas vou tentar terminar isto nos próximos meses.

Entretanto se estiver interessado em consultar a Página da "GUERRA COLONIAL PORTUGUESA 1961 - 1974", poderá lá ver no seu mural, várias fotos minhas relacionadas com Copá e outros locais por onde passei.

Forte Abraço

António Rodrigues
Ex-Sold. Codutor Auto da 1ª. CCAV/BCAV 8323

Pirada, Bajocunda, Boruntuma, Copá, Paúnca e Sissaucunda.