Caríssimos amigos,
No Facebook vi esta msg com data de 20JUL2013 do nosso amigo Luís Carvalhido da
Ponte, que regressou de mais uma visita à Guiné mais precisamente da região do
CACHEU.Convém lembrar que o Carvalhido da Ponte foi Furriel Enfermeiro na CART 3494 e também professor das crianças no Xime em 1972/74, é presidente da organização que deu origem à geminação de Viana do Castelo com a Vila de Cacheu, tendo aqui, ao longo de vários anos desenvolvido acção humanitária, nomeadamente a criação da maternidade existente para apoio à mulher Guineense.
Assim, para quem puder participar na ajuda à Mary, pode faze-lo da seguinte forma:
1º Transferir o que muito bem entenderdes para a conta da ACGB Nib: 0036 0056 9910 0155 9387 9
2º Logo-logo enviais para o endereço eletrónico acgb.geral@gmail.com uma mensagem identificando a transferência1º Transferir o que muito bem entenderdes para a conta da ACGB Nib: 0036 0056 9910 0155 9387 9
Cheguei ontem de Cacheu. Estava abafado o tempo.
Eu vim também de semblante pesado.
Em 2000 conheci a Mary. Tinha 33 anos e 7 filhos. Publiquei alguns poemas sobre esta jovem da etnia Felupe, no meu penúltimo livro (Ora di djunta mon tchiga). Cinco anos depois, tinha 38 anos e 11 filhos. E continuava bonita ainda que um pouco desfolhada por tanta florescência. Dançava como eu nunca vira ninguém dançar. A batida ritmada dos pés descalços sobra a terra poeirenta, as contorções do corpo em rituais de sedução e a alegria dos movimentos eram tais que até as árvores pareciam ternurar-se para além das nuvens, nos ares de Fernão Capelo Gaivota, onde os sonhos se constroem.
Mais tarde, uma associação de mulheres nomeou-a sua Presidente e o seu país enviou-a até Espanha para aprender coisas necessárias ao seu mister. Via-a, em março deste ano, alegre e já um pouco europeizada. Entristeci-me um pouquito pois preferia que estivesse um pouco mais culta mas sempre africana. E talvez estivesse. Eu é que não contava com uma Mary diferente. Agora estava doente há uns dias. Doía-lhe o corpo. Doía-lhe a barriga. Levei-a a Canchungo, ao meu amigo médico Dr Koumba Iala Bispo. Que a atendeu de imediato. Que a assustou. Tem cancro do ovário e necessita de intervenção urgente. Os 9 filhos vivos e os netos também. Zé Luis! Como? Não tenho 200.000Francos CFa (cerca de 300€) para a operação, o internamento e os medicamentos. E mudou a conversa e perguntou-me pela Lai. E partiu e uma lágrima caiu, solitária, no chão contrito do alpendre do Centro de Recursos. E prometi-me contar a história. Quem sabe? Cinco euros daqui, 10 dali... Quem sabe?!
Um abraço.
Em 2000 conheci a Mary. Tinha 33 anos e 7 filhos. Publiquei alguns poemas sobre esta jovem da etnia Felupe, no meu penúltimo livro (Ora di djunta mon tchiga). Cinco anos depois, tinha 38 anos e 11 filhos. E continuava bonita ainda que um pouco desfolhada por tanta florescência. Dançava como eu nunca vira ninguém dançar. A batida ritmada dos pés descalços sobra a terra poeirenta, as contorções do corpo em rituais de sedução e a alegria dos movimentos eram tais que até as árvores pareciam ternurar-se para além das nuvens, nos ares de Fernão Capelo Gaivota, onde os sonhos se constroem.
Mais tarde, uma associação de mulheres nomeou-a sua Presidente e o seu país enviou-a até Espanha para aprender coisas necessárias ao seu mister. Via-a, em março deste ano, alegre e já um pouco europeizada. Entristeci-me um pouquito pois preferia que estivesse um pouco mais culta mas sempre africana. E talvez estivesse. Eu é que não contava com uma Mary diferente. Agora estava doente há uns dias. Doía-lhe o corpo. Doía-lhe a barriga. Levei-a a Canchungo, ao meu amigo médico Dr Koumba Iala Bispo. Que a atendeu de imediato. Que a assustou. Tem cancro do ovário e necessita de intervenção urgente. Os 9 filhos vivos e os netos também. Zé Luis! Como? Não tenho 200.000Francos CFa (cerca de 300€) para a operação, o internamento e os medicamentos. E mudou a conversa e perguntou-me pela Lai. E partiu e uma lágrima caiu, solitária, no chão contrito do alpendre do Centro de Recursos. E prometi-me contar a história. Quem sabe? Cinco euros daqui, 10 dali... Quem sabe?!
Um abraço.
Cavalhido da Ponte com a Mary |
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