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sexta-feira, 30 de abril de 2021

P414 - IN MEMORIAM Cláudio Manuel Marques Ferreira, ex. Fur. Mil Artª da CART 3494/BART 3873 Xime e Mansambo (1950 - 18/01/2021) Por: Jorge Araújo

 

GUINÉ

Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494

(Xime-Mansambo, 1972/1974)

IN MEMORIAM

HOMENAGEM AO CAMARADA

CLÁUDIO MANUEL MARQUES FERREIRA [1950-2021]

- Ex-Fur Mil Art da CART 3494 (Xime-Mansambo, 1971-1974) –


Camaradas,

Serve o presente para dar-vos conta de mais uma notícia que nunca estamos preparados ou desejamos fazê-lo. Trata-se de mais uma baixa no contingente da minha CART 3494, desta feita a do meu/nosso camarada Cláudio Manuel Marques Ferreira (1950-2021), ex-furriel do meu Grupo de Combate (o 1.º), com quem partilhei, durante os já longínquos anos de 1972-1974, para além do mesmo espaço de pernoita, muitos momentos de verdadeira amizade e solidariedade e, também, muitas emoções, nomeadamente ao calcorrear os mesmos caminhos que nos “couberam em sorte”, todos eles situados a sul do Xime.

Com efeito, este triste e sentido desfecho já estávamos a prever há algum tempo, precisamente quando o telemóvel do Cláudio Ferreira deixou de comunicar. É que no final do mês de Março, o camarada António Bonito contactou-me perguntando se sabia algo sobre o camarada Cláudio Ferreira, uma vez que lhe ligou mas o seu telefone estava desligado. Este era o indício do que já tinha acontecido… e que hoje foi, lamentavelmente, confirmado.

Descansa em paz, camarada Cláudio Ferreira.

Em sua homenagem, recordo aqui alguns momentos que fazem parte da memória colectiva da CART 3494, que no próxmo mês de Outubro comemora meio século de existência, quando a Unidade se constituiu no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, preparando a sua missão Ultramarina.


◙ - MEMÓRIAS DO DIA 9 DE AGOSTO DE 1972 (VÉSPERA DO NAUFRÁGIO NO GEBA)

(…) O dia 09 de Agosto de 1972, 4.ª feira, foi passado no cumprimento das diferentes tarefas logísticas internas como sejam: limpeza, recolha e abastecimento de água pelos diferentes abrigos e outros serviços de manutenção ao aquartelamento, sob a orientação operacional dos três furriéis do grupo: Cláudio Ferreira, João Godinho e Jorge Araújo.

Concluídas as diferentes missões, o restante tempo que faltava para encerrar o dia foi utilizado no jantar, na messe, e depois recolhemos ao nosso “TZero”, procurando recuperar energias para o dia seguinte, já que a missão atribuída na escala era de «intervenção», desconhecendo-se, naquele momento, o que estava previsto ou pensado para esse efeito.

Já na posição de deitado, recebendo o ar fresco da ventoinha suspensa na estrutura da cabeceira da cama, pois estávamos na “época das chuvas”, eis que entra no quarto o camarada Cláudio Ferreira, com ar de poucos amigos, contando que tinha sido chamado ao Gabinete do CMDT da Companhia, ex-Cap. António José Pereira da Costa, líder da CART 3494 desde 22Jun1972, recebendo instruções para preparar a sua Secção (Bazuca) reforçada com mais alguns elementos do Gr Comb (o 1.º), com o objectivo de no dia seguinte, de manhã, participar num patrulhamento a efectuar na margem direita do Rio Geba, estando prevista a inclusão, na acção, do Major de Operações do BART 3873, ex-Major de Artª. Henrique Jales Moreira.

Perante os sinais de ansiedade transmitidos em cada frase emitida e o nervosismo sentido em cada movimento corporal, logo o questionámos – eu (Jorge Araújo) e o João Godinho – o que se passa contigo?

A resposta não foi imediata. Mas, depois de alguma insistência, afirmou sentir-se um pouco em baixa de forma. Perguntei-lhe se queria que eu fosse no seu lugar. A sua resposta foi afirmativa, deixando cair, então, um grande fardo que tinha sobre os seus ombros. (…)

Seria que estava a adivinhar ou a persentir algo negativo? – (ver P10246)



◙ - VISITA AO CLÁUDIO FERREIRA NO CENTRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO DE ALCOITÃO EM 28 DE JULHO DE 2015

Ao termos conhecimento de que o camarada Cláudio Ferreira se encontrava hospitalizado no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, três dos seus camaradas: o Acácio Correia, o Luciano de Jesus e o Jorge Araújo, tomaram a iniciativa de o visitar, em 28 de Julho de 2015, 3.ª feira, para lhe levarmos a amizade e solidariedade de todo o colectivo, transmitindo-lhe o ânimo de que precisava para superar as dificuldades físicas e psicológicas porque estava a passar naquela ocasião.

Foi com muita emoção que nos recebeu e durante cerca de duas horas, contou-nos alguns dos detalhes que o tornaram dependente de uma “cadeira de rodas”. Não deixou, também, de viajar pelas memórias de longa data, relativas ao tempo vivido na Guiné.

Quanto ao seu estado físico, ele tem a sua génese num acidente de viação, ocorrido em 2009 no IC9, entre Tomar e o Entroncamento, que lhe provocou várias fracturas expostas em ambos os membros. Ao fim de um ano em recuperação a sua mobilidade permitia-lhe já fazer uma vida normal.

Em 2014, seis anos depois, começou a sentir sinais de falta de equilíbrio até que um dia [em Novembro], ao descer os degraus da escada da sua habitação, em Santarém, caiu desamparado, voltando a fracturar a perna esquerda em vários sítios, entre eles o fémur.

Levado para o Hospital local, aí foi sujeito a uma intervenção cirúrgica. No recobro, durante a recuperação da anestesia, nos primeiros períodos em que esteve acordado tomou consciência do seu corpo. Tudo parecia funcionar. Porém, decorrido algum tempo nesse estado de repouso, entre vigílias e sonos, constatou que não executava a motricidade voluntária dos membros inferiores, pelo que chamou a equipa médica, disso lhe dando conta.

Feitos os exames de diagnóstico do protocolo, voltou ao Bloco para nova cirurgia. Foi-lhe dito, sumariamente, pela equipa médica desta segunda operação, que tinha sido removido um coágulo sanguíneo, o qual contribuiu para esta última situação.

Daí estar no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, entregue à supervisão técnica dos especialistas nesta área científica, na expectativa de recuperar o que deixou de funcionar de um momento para outro – a mobilidade dos membros inferiores.

Eis algumas imagens dessa nossa visita.




Hoje, que soubemos da sua morte, resta-nos enviar à sua família, e amigos, os nossos mais sentidos pêsames, dizendo-lhes que o nosso camarada Cláudio Ferreira continuará a estar presente… SEMPRE!

Saudações,

Jorge Araújo.

28.ABR.2021

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