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sexta-feira, 8 de maio de 2015

P235 - A PASSAGEM DE ANO DE 1973’74 DA CART 3494 - Com animação musical em Mansambo - Por: Jorge Araújo ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER


Mais uma visita ao baú de memórias relacionadas com as vivências da nossa presença no CTIGuiné levou-me a compor a presente narrativa, recuperando alguns dos momentos mais sugestivos da passagem de ano 1973’74, em Mansambo.
Nesta altura, com dois anos de comissão no bornal, a incógnita continuava a pairar no seio do contingente da CART 3494, quanto ao número de meses que faltariam para a conclusão da comissão.
Estas memórias estão, agora, a uma distância de mais de quatro décadas.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
Maio/2015


GUINÉ
Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)
A PASSAGEM DE ANO DE 1973’74 DA CART 3494
(DOIS ANOS APÓS A CHEGADA À GUINÉ)
- Com animação musical em Mansambo -


IINTRODUÇÃO
Conforme consta na brochura da História da Unidade – BART 3873, no 20.º Fascículo referente ao mês de Dezembro de 1973 [págs. 131/134], as diferentes unidades do Batalhão festejaram, pela terceira vez, a quadra Natalícia, cada uma em seu aquartelamento… como não podia deixar de ser.
Em Bambadinca, sede do Comando, na consoada de 1973 reuniram-se Oficiais, Sargentos e Praças e no dia 25 [uma novidade!] houve um acto de variedades organizado por militares da CCS. Dias mais tarde, os mesmos elementos constituintes desse grupo, composto por milicianos da CCS e da CART 3494, percorreram, respectivamente, o Xitole [CART 3492] e Mansambo [pág. 134].
No que concerne ao espectáculo realizado em Mansambo [CART 3494], este ocorreu nos primeiros dias de 1974, aproveitando-se esse evento para comemorar, também, os vinte e quatro meses da chegada do contingente ao CTIG, coincidindo com a terceira passagem de ano na Guiné – a 1.ª em Bolama (1971’72), a 2.ª no Xime (1972’73) e esta, a 3.ª (1973’74).
Entretanto, nesta data ainda não existiam informações precisas sobre quantos meses faltariam para a rendição e posterior conclusão da Comissão. Esta, somente viria a acontecer três meses depois, em 3 de Abril de 1974.
Quanto ao programa de variedades, este foi concebido em Bambadinca, onde decorreram os ensaios, sendo constituído por várias artes do espectáculo – teatro, poesia e música. No âmbito musical, foi constituído o conjunto «Ou Vai ou Racha», sabendo-se hoje [P14540-LG] que os instrumentos utilizados por este grupo do BART 3873 tinham sido os mesmos que, quatro anos antes, estiveram na génese do conjunto musical «Os Bambadincas» [foto 1, ao lado, com a devida vénia], da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), e que se mantiveram à guarda das sucessivas unidades que passaram por aquele Aquartelamento.
A origem desses instrumentos é atribuída a Cecília Maria Castro Pereira Carvalho Supico Pinto (1921-2011), que os ofertou a essa Unidade por ocasião da sua visita aos militares metropolitanos sediados em Bambadinca, em Maio de 1969 (?) [foto 2], chefiando uma delegação do Movimento Nacional Feminino (MNF) [P14455-LG], de que foi a única presidente e a principal mentora, ajudando-o a fundar em 28ABR1961 [data do 72.º aniversário de Oliveira Salazar (1889-1970)]. De referir que este encontro de Cecília Supico Pinto [e de outros que realizou durante os treze anos em que durou a guerra, nas três
frentes ultramarinas], se inscrevia na filosofia da missão da sua organização, fundada por vinte e cinco mulheres provenientes da elite do regime do Estado Novo. O elemento fundante do MNF era/foi o apoio ao regime de então, promovendo a caridade e as condições subjectivas e emocionais dos militares em campanha.
É da sua responsabilidade a iniciativa de serem gravadas mensagens dos militares a desejarem um Natal cheio de “propriedades” às suas famílias, e transmitidas na RTP, bem como mensagens áudio gravadas em Portugal pelas famílias para serem emitidas nas rádios locais para aqueles. Foi através desta iniciativa que se popularizou a frase “Adeus, até ao meu regresso”.
É do MNF a iniciativa da criação dos “Aerogramas” bem como o lançamento da ideia das “Madrinhas de Guerra”, em que uma rapariga/mulher aceitava trocar correspondência com um miliciano durante a sua estadia no Ultramar. É, ainda, do MNF a iniciativa da digressão de artistas e espectáculos à Guiné, Angola e Moçambique para os militares.
Este Movimento viria a ser extinto na sequência do «25 de Abril de 1974» por decreto da Junta de Salvação Nacional, em 22JUN1974.
II – FOTOGALERIA DO ESPECTÁCULO EM MANSAMBO - CART 3494


Eis mais uma pequena peça do puzzle historiográfico da presença do contingente da CART 3494 no CTIGuiné.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
8MAI2015

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